quarta-feira, 25 de novembro de 2020

Os meus (velhinhos) corações de papel natalícios!

 



Uma iniciativa com Alma!

 


terça-feira, 24 de novembro de 2020

Não nos podemos esquecer


 

Eu sei que se deve falar, mas...

 

Uma boa parte dos telejornais é preenchida com notícias covid-19. Não podemos ignorar o problema, é preciso falar dele, mostrar evidências de que pode trazer muitos perigos para as diferentes gerações e que temos mesmo de tomar precauções para evitar e não transmitir a doença.

Porém, ouvir falar do mesmo assunto vezes sem conta e em todos os canais simultaneamente também pode trazer cansaço, medo e desejo de fuga perante a gravidade da pandemia.

Não será por acaso que as esplanadas se enchem ao sábado e domingo de manhã, enquanto se pode estar fora de casa. A região norte de Portugal é das zonas europeias mais atingidas pela covid-19 e, aparentemente, as regras sanitárias são seguidas pela maior parte das pessoas. Serão mesmo? Então, o que se passa?

Em março, quando a doença começava a alastrar, eu também fiquei infetada. Tentei seguir as regras da DGS, como desinfeção de superfícies (até estraguei o teclado do computador), distanciamento social, lavagem das mãos com muita frequência, etc. e a cura foi em casa. Apesar de não ter sido muito grave, sentia muito cansaço se falasse durante uns minutos, a tosse demorou a passar e o olfato ficou muito reduzido. Naquela altura, só se tinha alta ao fim de dois testes negativos, como, felizmente, veio a acontecer após o primeiro teste positivo.

Ora, quem está ou não infetado e vive em casas pequenas, sem espaços exteriores onde possa respirar mais à vontade, ao ver tantos números, imagens de hospitais superlotados, pessoas a sofrer... escolhe alternativas para se desligar dessa realidade, o que também não é bom.

De facto, muito errado seria não se falar do assunto para fazer de conta que não existe (como fazia Trump). Não sou profissional de saúde nem comentadora, mas as imagens da comunicação social deviam ser repensadas, na minha opinião, de forma a serem mais pedagógicas e menos repetitivas e assustadoras. 

Felizmente que a vacina agora também é assunto recorrente. Ainda bem que a Ciência, também no âmbito desta descoberta, avançou ao longo destes meses para que a Humanidade também avance.


segunda-feira, 23 de novembro de 2020

Às vezes, esquecemos ou nem nos lembramos!

 

 

A tolerância

não é uma posição contemplativa

é uma atitude dinâmica

que consiste em prever, em compreender e 

em promover quem quer ser.

A diversidade das culturas humanas

precede-nos, está à nossa volta

assim como diante de nós!

 

Claude Lévi-Strauss

domingo, 22 de novembro de 2020

Conversa junto da laranjeira


 

 - Mãe, tantas laranjas e tão bonitas.

- Filha, ainda devem estar azedas.

- A cor delas diz que não.

- Já reparaste que a laranjeira só deu fruto do lado do sol?

- Curioso. Não há laranjas do lado sombrio.

- Todos os seres procuram o sol.

- Vou apanhar uma laranja.

- Pode ser que já esteja boa.

- Bonitas por fora estão elas.

- O que não quer dizer, filha, que por dentro também sejam. 

- Como as pessoas, queres tu dizer.

- Claro.

- Que boa e que sumarenta!

- Como esta tarde em que podemos estar junto da laranjeira.



Flores ao sol de outono

Obrigada, A.P., pelas fotos




 

sábado, 21 de novembro de 2020

Estrelas

 

Já pus uma estrela vermelha na porta

outra estrela dourada no corrimão.

Pela janela vejo camélias abertas

como se fossem também estrelas.

 

Está sol

mas é quase inverno

quase Natal

Natal quase deserto

deserto quase dos reis magos.

 

Farei as rabanadas do costume

mas não sei  se haverá aletria

porque  não a faço bem.

Este ano seremos menos

e menos mãos a ajudar.

Não haverá crianças de olhos  ansiosos

à espera dos presentes

junto da árvore

encimada por outra estrela.

 

Ando há muitos anos para ir à missa do galo.

Este ano teria disponibilidade

mas o melhor é não ir

por causa das restrições.

Na Igreja

costuma haver um presépio humano

com um menino que é o Menino

e que às vezes chora

- como choram todos os meninos -

nos braços da mãe que é a Mãe.

- Coitadinho! - pensam todos.

Mas este ano menos gente terá pena do menino

porque haverá menos gente na missa do galo

e se calhar nem haverá menino Menino Jesus.

 

Também não poderei contar

uma história à minha neta

 

- Era uma vez um Natal

diferente de muitos outros

um Natal deserto

sem carros a chegar às aldeias

sem famílias grandes

à volta de uma mesa grande...

 

E que dela pudesse ouvir:

- Mas um deserto com muitas estrelas, avó!





Também importante em dias de confinamento

Postal enviado pelo Clube das Histórias
 

sexta-feira, 20 de novembro de 2020

Outras rotinas e ligar a televisão à tarde

 

Há uns três dias que não abro o computador. E já me estava a fazer falta. Este ritual de vir até aqui, partilhar coisas do dia a dia, ver alguns comentários, visitar outros blogues já me fazia falta. Habituamo-nos à nossa rotina e, confesso, que gosto da minha rotina diária, onde cabe também algum tempo para ler um pouco, para escrever um pouco, etc. 

Só que, como tudo na vida, há dias, horas ou apenas minutos que introduzem alterações à nossa rotina e impõem outras rotinas, mais ou menos longas.

Como tive de alterar alguns dos meus hábitos nos últimos dias, ontem liguei a televisão à tarde, fiz zapping e parei na exuberante Cristina Ferreira, no exuberante Dia de Cristina. Pois bem, no programa, todo o cenário era natalício. E exuberante, naturalmente.

Parecia Natal quando estamos a mais de um mês do dia 25 de dezembro.

Interroguei-me porquê. Será uma ajuda ao comércio que anda tão debilitado?

Será a necessidade de ir comemorando uma data que, este ano, irá ser celebrada de forma bem diferente dos outros anos?

Será a vontade que todos têm de sair desta rotina pandémica e de encher os olhos com imagens festivas e sorridentes, onde não entre a bola do vírus?

Se calhar, é um pouco de cada coisa e de outras que desconheço. Para não falar da guerra de audiências que, essas, desconheço ainda mais.

Neste momento, vou desfrutar de ter voltado a abrir o computador e poder fazer outras coisas diferentes de ver a televisão à tarde.

 


terça-feira, 17 de novembro de 2020

Conversa parada numa rua onde passavam pessoas

 

- Já não te via há muito tempo, mas soube o que se passou. Os meus sentimentos.

- Se eu tivesse chamado a ambulância mais cedo, ela ainda estaria viva.

- Não sabes. Se calhar, não.

- Eu fui a culpada.

- Quando as pessoas morrem, os que estão mais próximos têm sempre esse sentimento de culpa.

- Não tenho ninguém agora.

- Tens um filho e netos.

- Não precisam de mim e damo-nos mal.

- Eles gostam de ti, de certeza, e de certeza que precisam de ti.

- Ninguém precisa de mim.

- Não penses assim e não te metas em casa. Sai que encontras pessoas com quem falar.

- Como está a tua mãe? Tem passado bem?

 

segunda-feira, 16 de novembro de 2020

domingo, 15 de novembro de 2020

Poetry/poesia

 

Postal enviado pelo Clube das Histórias

 

A minha tradução (desculpem se houver lapsos):

 

Poesia

significa brincar com as palavras,

como se brinca

com bolas, papagaios  e piões.

 

Mas

bolas, papagaios e piões

gastam-se

com muito uso.

 

Ao contrário das palavras.

Mesmo que brinquemos muito

com elas, nunca se gastam.

 

Tal como as águas dos rios

que se renovam sempre.

 

Tal como cada dia

que é sempre um novo dia.

 

Brinquemos com a poesia.

 

José Paulo Paes

 

sábado, 14 de novembro de 2020

Mariza - "Cavaleiro Monge"

"Do vale à montanha (...) por casas, por prados..."

Boa sugestão do poema de Fernando Pessoa, que agora partilho.

Obrigada, Vítor.

Mariza, com a sua voz e expressividade, dá força aos passos íngremes da viagem.

Em tardes de confinamento, cabem também viagens imaginárias.

 

Do vale à montanha,

Da montanha ao monte,

Cavalo de sombra,

Cavaleiro monge,

Por casas, por prados,

Por quinta e por fonte,

Caminhais aliados.

Do vale à montanha,

Da montanha ao monte,

Cavalo de sombra,

Cavaleiro monge,

Por penhascos pretos,

Atrás e defronte,

Caminhais secretos.

Do vale à montanha,

Da montanha ao monte,

Cavalo de sombra,

Cavaleiro monge,

Por plainos desertos

Sem ter horizontes,

Caminhais libertos.

Do vale à montanha,

Da montanha ao monte,

Cavalo de sombra,

Cavaleiro monge,

Por ínvios caminhos,

Por rios sem ponte,

Caminhais sozinhos.

Do vale à montanha,

Da montanha ao monte

Cavalo de sombra,

Cavaleiro monge,

Por quanto é sem fim,

Sem ninguém que o conte,

Caminhais em mim. 


Fernando Pessoa

Casa - palavra dita, cantada, repetida...

 

A palavra 'casa', em dias de pandemia e de alguns confinamentos, é ouvida, dita, repetida...

para que o vírus não continue a propagar-se como tem acontecido nos últimos tempos.

Dizem os técnicos de saúde que temos mesmo de passar todo o tempo possível em casa.

Os apelos e as dúvidas fazem eco por toda a parte:

Fique em casa!

Não saia de casa!

Se transgredir as regras de confinamento, será conduzido a casa.

Quando se poderá sair de casa à vontade?

Estou farto de estar em casa!

Não me importo de ficar em casa, porque tenho sempre que fazer!

Com os miúdos em casa, não tenho sossego!

...

 

Procurei alguns poemas em que a palavra 'casa' surgisse escrita ou cantada. Partilho alguns exemplos de que gostei. 

Estou em casa e são raros os carros que passam na rua, bem mais silenciosa nesta tarde. Alguns irão, por certo, em direção a casa. 

Não sei é se vão a cantarolar: 'Ai que saudades eu tinha da minha alegre casinha...'


'Uma ocasião...'


Uma ocasião,
meu pai pintou a casa toda
de alaranjado brilhante.
Por muito tempo moramos numa casa,
como ele mesmo dizia,
constantemente amanhecendo.

Adélia Prado