O que se
passou no último debate na Assembleia da República foi assustador.
Tendo sido
votado o possível referendo sobre a coadoção por casais do mesmo sexo, muitos
deputados dos partidos do governo votaram, declararam eles, contra a sua
consciência, mas unicamente porque lhes tinha sido imposta a disciplina de voto.
Então, meus
senhores, são representantes do povo ou apenas da vontade, mais ou menos
plástica, de um líder? E apresentam-se tantas vezes, perante os cidadãos comuns,
como arautos da verdade!
Alguns deputados
são tão novos que apetece dizer com ironia: “olha, como aprendeu a lição tão depressa!”
Para além da
desresponsabilização dos governantes, agiganta-se a figura da voz única e da
ideia de que “quem não está por mim está contra mim”.
Sobre estas
questões já muitos se pronunciaram com mais ou menos profundidade. E muitos
mais comentadores haverá a julgar, a defender, a desculpar, a criticar, a gesticular...
Do que ainda não ouvi falar foi do tom,
despoticamente autoritário, usado pelo presidente da assembleia da República,
após a votação do referendo, e perante a reação das pessoas que se manifestaram
nas galerias.
Se os
manifestantes transgrediram regras, a voz ameaçadora do deputado, nas funções
de presidente, também foi reprovável. Só faltava dizer: “tragam-me o chicote”.
Tivesse eu
metade da idade que tenho e emigrava. Podia não ser bem sucedida, mas não veria as máscaras despudoradas de tantos políticos.