Uma amiga contou-me, com alguma
emoção, o que tinha visto esta tarde: um automóvel a circular com umas palavras escritas
num dos vidros: "Sou pai. Força, profs"!
Ficámos a falar sobre o assunto
durante algum tempo. Um feliz acaso ou um motivo de ânimo e um apelo à não
desistência face às convicções? Acho que é tudo isso em dias difíceis, como muitos vividos durante o ano
(como em todas as profissões, é claro!).
Raros são os governantes que
elogiam os professores, a não ser que logo a seguir venha uma crítica. As
palavras muitas vezes usadas são duras e nada dignificantes, como foi o caso do
ministro que disse que, com a atual greve dos professores, os alunos estavam a ser “reféns”.
Reféns não poderão ser muitos
professores em muitas salas de aula? E quem é o ministro ou governante que fala
do assunto?
Embora não tenha sido nos últimos
dias referido (porque mais uma vez só é dito o que interessa), a tendência vai
ser aumentar o número de alunos por turma. E já lá vai o tempo das turmas
“certinhas” como antigamente se dizia. Felizmente agora os alunos têm voz,
questionam, querem ser esclarecidos se não perceberem bem e a tal têm direito.
E há também os que pouco fazem,
que pouco intervêm, que, mesmo em casos de indisciplina, têm sempre um escudo que os defenda, que se espreguiçam nas aulas, que bocejam, que falam para os lados, que se
irritam quando são chamados à atenção, que apenas conhecem direitos…
E ao professor exige-se que
saiba dialogar com todos, interagir, tirar dúvidas, expor claramente as matérias, ser
simpático, ser compreensivo, usar novas tecnologias, ter boa disposição, ter
boa figura, conhecer ídolos do momento, apresentar gráficos com aumento do sucesso na sua disciplina…
E tudo bem, assim deverá/deveria ser, mas não encham as salas de aula com trinta alunos ao mesmo tempo!
Querem poupar dinheiro, pondo mais alunos em cada sala? Querem despedir profissionais, usando palavras como "mobilidade" ou "requalificação"?
Não tivessem ficado reféns da Troika e dos Bancos!