domingo, 20 de novembro de 2011

Início de um Conto de Natal


A Magia do Natal

À Catarina

“Era uma vez uma menina que se chamava Catarina. Era uma moreninha de quatro anos, muito bonita e muito inteligente. Era também muito sensível e estava sempre atenta ao que as pessoas grandes – também conhecidas por adultos – faziam e diziam.

A Catarina morava na Covilhã, que é uma cidade muito... muito quente no verão e muito... muito fria no inverno. tão fria que às vezes nevava.

Todos os anos, a Catarina passava o Natal em casa da avó..."

Maria Clara Miguel (pseudónimo de Isaura Afonseca), Histórias para lermos juntos, Edit. Lugar da Palavra

Em tempo (já) de azevinho...

Conheci, agora, um blogue de bonequinhas da pano: http://ocantinhodaisaura.blogspot.com/
Pode dar ideias para se reutilizarem materiais, dar alegria a quem são oferecidos os presentes, e por que não, a quem os faz!

Como gosto de palavras, juntava-lhes um postal, um marcador de livros, uma pequena estória... com ilustrações.
Bom trabalho!

PS - Vê-se que o nome Isaura é revelador de muitos talentos. Que o digam os amigos e leitores de Isaura Afonseca - que escreveu (para além de todos os poemas e contos que vai partilhando) o livro Histórias para lermos juntos, com o pseudónimo Maria Clara Miguel.



Caminhamos no outono

sábado, 19 de novembro de 2011

Éramos vinte e seis...


Não estávamos todos. Talvez metade da família do tronco materno. Diferentes gerações reuniam-se para um almoço. Alguns conheciam-se mal, apesar de serem primos, tios, sobrinhos... O objetivo do encontro era que todos se conhecessem melhor.
À volta da mesa, estendia-se a curiosidade: aquele é filho de... aquela é filha de...
Uma das tias mais velhas, numa cadeira de rodas, pediu para a mudarem de lugar. Queria ver todas os rostos de frente. Então, o momento não era especial? Olhou para os filhos como ramos, que, por sua vez, outros ramos puxaram, e sentiu que a vida estava ali e parecia mais forte.
Na despedida, a árvore da família tinha fortalecido. Na próxima vez, os ramos seriam mais de vinte e seis.

Amanhecer com sol?


sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Bom fim de semana

Ilha Teresa
Neste livro de Richard Zimler, encontramos uma família que deixa Portugal para ir viver nos arredores de Nova York. A protagonista - uma adolescente de 15 anos - vê-se confrontada com diferentes situações nada apaziguadoras.

Estou a ler este livro que é uma espécie de diário em oito capítulos.
Gostei dos três capítulos que li e, quando acabar, conto dizer mais algumas coisas.

Ah, é verdade, tem uma capa vistosa e bonita. Também gostei muito do marcador a condizer. Quem disse que estes pormenores não são importantes? Eu acho que contribuem para o prazer da leitura.
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Mas se ainda não viajou através de um livro, ou se tem muitas coisas para fazer no fim de semana, aqui vai um poema de Fernando Pessoa. Veja lá se estava a ser sincero ou irónico. Não se esqueça que este poeta escreveu: O poeta é um fingidor...

Liberdade

Ai que prazer
não cumprir um dever.
Ter um livro para ler
e não o fazer!
Ler é maçada,
estudar é nada.
O sol doira sem literatura.
O rio corre bem ou mal,
sem edição original.
E a brisa, essa, de tão naturalmente matinal
como tem tempo, não tem pressa...

Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma.

Quanto melhor é quando há bruma.
Esperar por D. Sebastião,
Quer venha ou não!

Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar, e o sol que peca
Só quando, em vez de criar, seca.

E mais do que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças,
Nem consta que tivesse biblioteca...

Fernando Pessoa

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Viço

Lei natural

Frio aconchego

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Obrigação


Uma encarregada de educação foi à escola da filha para falar com o diretor de turma. Um pai havia chegado mais cedo, estava a ser atendido e a reunião demorou algum tempo.

Enquanto aguardava a sua vez, a encarregada de educação ia observando o que se passava perto de si. Viu, então, que os alunos se abeiravam da funcionária em busca de informações. Nenhum dizia boa tarde à chegada nem obrigado após esclarecimento.

No diálogo com o diretor de turma da filha, a encarregada de educação falou do assunto. E disse: não compreendo estas atitudes; isto é uma escola. Ele lembrou-lhe que estas coisas são aprendidas em casa. Ela olhou-o durante alguns segundos e rebateu: a gente em casa não liga a isso, mas pensava que na escola eram obrigados!

Não me Peçam Razões...


Não me peçam razões, que não as tenho,
Ou darei quantas queiram: bem sabemos
Que razões são palavras, todas nascem
Da mansa hipocrisia que aprendemos.

Não me peçam razões por que se entenda
A força de maré que me enche o peito,
Este estar mal no mundo e nesta lei:
Não fiz a lei e o mundo não aceito.

Não me peçam razões, ou que as desculpe,
Deste modo de amar e destruir:
Quando a noite é de mais é que amanhece
A cor de primavera que há-de vir.

José Saramago, in Os Poemas Possíveis

Hoje, 16 de novembro, José Saramago faria anos.

A estória


A menina fazia sete anos. A tia escreveu-lhe uma estória. Pequenina e terna. Chamou-lhe A boneca feliz. Feliz podia ser a boneca ou podia ser a menina. Pô-la em folha A4, frente e verso, em forma de livrinho. Ilustrou-a com desenhos e colagens. Ficou apelativa.

Mesmo assim, a tia não sabia se a sobrinha ia gostar. No momento de dar o presente, estava atenta à reação da pequena aniversariante. Queria dizer-lhe que reparasse na estória. Devia lê-la só depois da festa para compreender melhor.

Estava a gostar de ver a sobrinha com gosto e curiosidade. Ao lado, outra menina, dando a mão à autora da estória, disse risonha: olha, eu também vou fazer anos. É dia 30!

Também a tia ficou feliz.

Emoções

S/cem palavras

Atelier de escrita criativa. O dinamizador pede que os participantes mencionem situações que ficaram na memória.

Surgem as mais diversas: doenças graves de parentes próximos; desencontros amorosos, conflitos familiares...

Repetido foi o tema da escola: um rapazinho gordo que se vê ridicularizado pela turma ao ser chamado como tal; uma menina, humilhada, ao ver o seu primeiro desenho apresentado como exemplo do que não deve ser feito, por causa da cor do céu; outra menina, desajeitada, que leva a pasta para o recreio, no primeiro dia de aulas, porque desconhecia o funcionamento da escola…

Emoções antigas: contam no presente.

PS - Encontro uma ex-aluna no bar de Serralves. Fico contente com a reação e com as palavras. É bom quando a escola continua a contar.