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Graça Morais
Quem planta uma floresta
Planta uma festa. Planta a música e os ninhos, Faz saltar os coelhinhos. Planta o verde vertical, Verte o verde, Vário verde vegetal. Planta o perfume Das seivas e flores, Solta borboletas de todas as cores. Planta abelhas, planta pinhões E os piqueniques das excursões. Planta a cama mais a mesa. Planta o calor da lareira acesa. Planta a folha de papel, A girafa do carrocel. Planta barcos para navegar, E a floresta flutua no mar. Planta carroças para rodar, Muito a floresta vai transportar. Planta bancos de avenida, Descansa a floresta de tanta corrida. Planta um pião Na mão de uma criança: A floresta ri, rodopia e avança. Luísa Ducla Soares A gata Tareca e Outros Poemas Levados da Breca Lisboa, Teorema, 1990 |
sábado, 7 de fevereiro de 2015
Plantar uma floresta
sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015
Uso de ferramenta "proibida" ao serviço da diferenciação pedagógica
Hoje,
a minha aula de Português do 11º ano foi diferente e ainda bem.
Assim
é mais fixe - disseram alguns alunos.
Pois, recorri a uma ferramenta cujo uso é
"proibido" na sala de aula - telemóveis.
Explico, então, o como e o porquê.
Estando a frequentar uma ação de formação - Diferenciação
pedagógca na sociedade de informção, online e offline, criei um blogue
para uso esccolar. Dei-lhe um título: Letras não são tretas.
Claro que tive de ter ajuda das formadoras e de colegas,
porque o wordpress não era, de modo nenhum, "a minha praia".
Criado o blogue - como é bom ver um produto "nosso"
- tinha de o utilizar nas aulas. Foi ontem, então, que passei à prática.
Na sala, só havia um computador e convidei os alunos a
utilizarem os seus telemóveis ou tablets. Ora, num universo de 27 alunos (um
estava a faltar), havia um tablet e uns 25 telemóveis com ligação à internet.
Partilhámos, visionando-os, os posts que eu já havia
colocado no blogue e passámos para a partilha de um trabalho sobre Os Maias
realizado muito recentemente.
Falei-lhes de algumas regras, da desilusão que seria se
fizessem um mau uso de todas as ferramentas disponíveis e que são
extraordinárias na nossa vida.
E houve a escrita de alguns textos e envio de mensagens.
Terei de corrigir muita coisa, mas, embora ainda esteja tudo
muito fresco, acho que houve mais "letras do que tretas", o que me
deu muita satisfação.
E quem passasse junto à sala veria o uso de um instrumento
proibido no Regulamento Interno,. mas, pelo sorriso empenhado dos alunos, logo
se veria que era por uma boa causa.
Assim o espero.
terça-feira, 3 de fevereiro de 2015
O guarda-chuva e a boa ação do dia
14.15, mais minuto menos minuto. Regressava, com uma colega, à escola depois de um almoço a olhar para o prato e para o relógio. Antes das duas e meia, retomaríamos as atividades. O tempo estava cinzento, carregado, ameaçador
Ainda a umas centenas de metros da escola, começa a chover - pingos grossos, constantes. Cada vez mais grossos e constantes.
Olha! Com isto é que não contávamos. E está quase na hora. E o guarda-chuva no carro!
Chegámos, ufa!, ao portão. Junto à guarita, uma pequena cobertura. Muitos alunos a aproveitar o desejado abrigo.
Parámos também. A chuvada não era nada meiga. Da cobertura até à porta de entrada, ainda se estendem uns bons metros. Mesmo a correr, a molha seria grande pela certa.
Foi quando um miúdo, talvez do oitavo ano, que estava também sob a cobertura e tinha guarda-chuva, nos disse:
-Ó setoras, venham cá que eu abrigo-as até à porta. E lá fomos os três. Que alívio. Agradecemos e, debaixo do guarda-chuva e com um sorriso, ainda dissemos:
- Foi a tua boa ação do dia.
Entretando um pequeno grupo mandava umas bocas do género: olha o puto, que simpático!
E porquê esta estranheza de um aluno tomar a iniciativa de abrigar, por alguns metros, duas professoras?
É que guarda-chuvas há muitos, a boa ação do dia é que anda cada vez mais distante. Como o arco-íris que vi pela manhã. Mas não se diga que não existe.
segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015
domingo, 1 de fevereiro de 2015
quarta-feira, 28 de janeiro de 2015
Quando...
Quando ficares velha, grisalha e sonolenta
E te aqueceres à lareira, toma este livro
Lê-o devagar e sonha com a doçura
E as sombras profundas outrora nos teus olhos;
Quantos amaram os momentos de teu alegre encanto
E a tua beleza com falso ou sincero amor,
Mas apenas um homem amou em ti a alma peregrina
E as tristezas que alteravam o teu rosto;
E curvando-te mais sobre a lareira ao rubro
Murmura, um pouco triste, como o Amor se foi
E em largos passos galgou as montanhas
Escondendo o rosto numa imensidão de estrelas.
E te aqueceres à lareira, toma este livro
Lê-o devagar e sonha com a doçura
E as sombras profundas outrora nos teus olhos;
Quantos amaram os momentos de teu alegre encanto
E a tua beleza com falso ou sincero amor,
Mas apenas um homem amou em ti a alma peregrina
E as tristezas que alteravam o teu rosto;
E curvando-te mais sobre a lareira ao rubro
Murmura, um pouco triste, como o Amor se foi
E em largos passos galgou as montanhas
Escondendo o rosto numa imensidão de estrelas.
William Buttler Yeats, poeta irlandês,
nasceu a 13/6/1865 e morreu a 28/1/1939, há 76 anos.
(Informação da livraria Poetria) terça-feira, 27 de janeiro de 2015
"Não peço desculpa a ninguém"
Há muitos anos, ouvi alguém a dizer:
"Não peço desculpa a ninguém". Não lhe atribuí qualquer forma de
altivez ou mania da superioridade. O contexto era de despedida e vinham, entre
abraços, à baila aquelas palavrinhas muito portuguesas (acho eu, mas, se calhar,
não é bem assim): Desculpa qualquer coisinha.
Confesso que esta expressão
não é nada do meu agrado - pela palavra "coisinha" e se, de facto, houve
qualquer coisa a despropósito, porquê deixá-la só para a hora da despedida?
Se não houve, porquê dizê-lo? Também poderá introduzir a ideia de que a pessoa pode fazer o que lhe apetece
e, depois, numas curtas palavrinhas, lava um bocadinho a fotografia.
Se calhar, por isso, a frase ouvida
soou-me, naquele momento, como um sinal até positivo. Claro que afirmar que se não
pede desculpa a ninguém é negar uma das características humanas que é errar e
ter vontade de corrigir o erro.
Há dias, ouvi a mesma expressão num
contexto escolar. Um jovem disse e repetiu: "Não peço desculpa a ninguém".
O eco, que chegou aos ouvidos dos presentes, fechava qualquer hipótese de mudança
de comportamentos. Não surgia como reação a frase esgotada por tão repetida,
mas como um muro que se erguia, apesar de ser ainda muito novo o construtor.
Da facto, as mesmas palavras podem assumir muitos sentidos, pelo contexto, pelo
modo como são ditas, pelo motivo que levou a dizê-las...
As vivências de uma jovem há trinta anos não
se comparam a um adolescente dos dias de hoje.
Não consigo é saber em que época as circunstâncias eram mais difíceis. E por isso peço desculpa.
domingo, 25 de janeiro de 2015
Por que não sou "nativa tecnológica"?
Apetece dizer: "Só sei que nada sei".
Um dos trabalhos práticos da ação de formação "Diferenciação pedagógica na sociedade de informação", que estou a frequentar na ESG, é a construção, no meu caso, de um espaço online para partilha, com diferentes turmas, de conteúdos literários e gramaticais.
Optei pelo blogue, pensando eu que, com a experiência que já tenho - embora simples - teria a vida facilitada para a criação desse espaço de recolha e partilha de informação.
Pois, mas as coisas não são bem assim, quando não se tem destreza para as novas tecnologias - tal como demonstra qualquer criança ou jovem, ou adulto que há muito trabalha estas áreas.
Com efeito, este blogue, que, com muito prazer, vou alimentando, é blogger; o outro que estou a criar á wordpress e, já aí, existe uma diferença. O que seria muito simples para muitos, para mim, é difícil. Porém, quando consigo chegar ao fim de uma etapa, vem a alegria de a ter concluído.
Não quero pensar que não sou capaz. Também porque "Não vale a pena chorar sobre leite derramado", estando eu a anos-luz de poder ter sido "nativa tecnológica".
Neste caso, como noutros, dava um imenso jeito!
sexta-feira, 23 de janeiro de 2015
Gosto da palavra Delicadeza
Há
uns anos, achava esta palavra lamecha, frouxa e morninha. Agora, que já passei
por muitas e variadas situações com e sem delicadeza (da minha parte também, é
claro), aprendi a apreciar mais este valor, quando é, naturalmente, genuíno.
Aprendi
a ver que é posto em prática em qualquer idade, desde criança até à velhice. E
os jovens também estão incluídos, apesar de, muitas vezes, se generalizar que
são egoístas e duros na expressão.
Tenho
alunas e alunos adolescentes que, aparentemente, sem qualquer esforço, são
delicados, sem deixar de questionar, de fazer perguntas quando as respostas não
os satisfazem, de exprimir acordo e desacordo; usando palavras adequadas sem o
cinzento triste da acusação.
Às
vezes, a expressão é séria; outras vezes, vem com um sorriso que a interação e
comunicação prolongam.
Apetece
dizer, então: que bom ser-se professor. Apesar de a sociedade não nos ligar
nenhuma, apesar de para o Ministério sermos apenas um número que dá jeito na
multiplicação de responsabilidades, na soma de deveres, na subtração de regalias...
Mas
muitos jovens (e não jovens) não são nada delicados e saltam-lhes aos olhos e
às palavras a aspereza da vida que interiorizaram pelas mais variadas razões.
E
damos connosco a pensar que não somos com eles tão delicados como com os
que gravaram nos gestos e vocabulário a delicadeza que lhes foi amorosamente
transmitida, essencialmente pela prática.
Hoje
lembrei-me desta palavra a propósito de um filme vídeo que me emprestaram:
"E agora, onde vamos"? de Nadine Labakl.
Leio
um comentário: "De uma rara delicadeza...soberbo".
Promete,
então. Logo que possa, vou vê-lo.
Preciso
de momentos em que a delicadeza fale por si. Para com eles também aprender.
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