sábado, 18 de janeiro de 2025

Tenho uma filha emigrante


Quando a minha filha mais nova rumou, sozinha, a Londres para prosseguir estudos, ainda não sabia que ficaria a viver lá e que encontraria, por si, condições profissionais que aqui não tinha. Apesar de ela não ser muito dada a queixas e lamentos, pelo menos o inicio da sua vida naquela grande cidade não deve ter sido fácil. Teve de ser muito organizada, trabalhadora e muito corajosa. Acho que, se eu estivesse no lugar dela, não teria nem metade dessas capacidades.

Por isso, toca-me diretamente o tema, e, sendo Portugal um país de forte emigração, considero desumana a forma como muitos imigrantes e muitos dos seus filhos, mesmo já  nascidos no nosso país, são tratados. Chocam-me expressões como: ‘vão para a terra deles’, ‘encostem-nos à parede’..., expressões gritadas e repetidas até na Assembleia da República. Haverá exceções, mas, quando as pessoas decidem migrar, fazem sacrifícios na busca de uma vida melhor a que têm direito.

Há crimes? Há excessos? Há vícios? Existem, com certeza, como há em todas as comunidades. Porém, recorrentemente, ter-se a pele mais escura, ser-se pobre e ser-se estrangeiro acentuam desconfianças e medos, mesmo que não haja evidências de comportamentos desviantes.

Um dos argumentos por cá apresentados é que os imigrantes roubam o trabalho a muitos cidadãos, o que retira riqueza ao país.

Londres ou outra grande cidade, incluindo as portuguesas, não empobrecem com os imigrantes que acolhem. Pelo contrário, eles contribuem até para a riqueza do país pelo seu trabalho nas obras, na restauração,  em serviços públicos, etc.

Porque são então tantos imigrantes vilipendiados e associados, aleatoriamente, à criminalidade? A este propósito, o diretor da polícia judiciária Portuguesa afirma que são perceções e desinformação que levam à ligação  imigração-criminalidade e não o que acontece de facto.

Por isso, quem não quer esclarecer mas apenas espalhar a confusão usa e abusa de microfones que lhes estendem, alterando o poder da realidade e buscando a realidade do seu próprio poder.

Em Londres, passar-se-á o mesmo, porque o fenómeno é geral. Lá, a minha filha e tantas outras pessoas, vindas de diferentes países, trabalham e interagem, pacificamente, procurando fazer o melhor possível. Na escola da minha neta, há meninos e meninas de diferentes proveniências e cores de pele,  o que para eles é normal. Muitos adultos poderiam aprender com estes exemplos, contudo, a ambição desmedida provoca grande surdez e cegueira.

Oxalá que muito trabalho feito por tanta gente, nos mais diferentes setores, no seu país ou noutros de acolhimento, se vá dando a conhecer mais e melhor, para bem da humanidade. Ainda que os microfones estejam deles demasiado  afastados.


2 comentários:

  1. Também tive os filhos emigrados e nunca sofreram de indiferença. Confesso que também não gosto de saber que mal tratam as pessoas de outras Nacionalidades. Porém, há muitos emigrante espalhado em Portugal que não querem trabalhar, exigem casa e ainda têm direito a um subsidio para os filhos. Claro, no que toca a acrianças a sensibilidade é outra. Também convém referir que muitos se tornam muito desordeiros. Depois é o que é. Como todos sabemos.
    .
    Gélido Momento...
    Beijos. Votos de uma excelente semana!

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  2. Bom dia, amiga Cidália!
    Como tentei dizer no meu post, em todas as comunidades há pessoas que cumprem as regras sociais e há aquelas que não querem saber delas. E, como sabemos pelas notícias, os abusos não são só de imigrantes, não acha?
    Um beijinho e uma boa semana.

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