Quando eu era pequena, ía com a minha mãe às cerimónias de Sexta-feira Santa, que começavam às três da tarde. A igreja estava sempre cheia e engalanada com panos roxos que a escureciam e aqueciam. O padre subia, às vezes com dificuldade pelas vestes e pelo peso da idade, os degraus de pedra estreitos até ao púlpito e de lá fazia o seu sermão. Os fiéis ouviam-no em silêncio que era interrompido por tosses, por algum bocejo logo contido, por ais ou pelo movimento junto de alguém que se sentia mal e tinha de vir cá para fora apanhar ar.
Eu nada entendia do sermão e agora penso que não era só eu. Mesmo as pessoas mais velhas nem sempre o compreendiam, mas era um ritual a que não queriam faltar. Era a sua via sacra, uma forma de levar a sua cruz ao calvário.
Amanhã, se puder, passarei pela igreja. De certeza que está mais arejada. Ainda bem.
Boa tarde
ResponderEliminarCada vez mais vão acabando esses costumes e infelizmente pelos piores motivos ou seja a falta de fé.
JR
Os tempos vão mudando e vai havendo uma adaptação aos novos hábitos de vida.
EliminarBom fim de tarde
Existem, padres que demoram tanto tempo a dizer coisas fora do essencial que a muitas pessoas acaba por lhes dar o sono..
ResponderEliminar.
Deixando votos de uma Páscoa muito Feliz, extensivos à sua família, e mais pessoas, que estejam em seu coração.
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Pensamentos e Devaneios Poéticos
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Julgo que no passado era pior. Agora, felizmente, há mais vontade que a comunicação se estabeleça. E oxalá continue a melhorar.
EliminarUma Páscoa Feliz
Quando garota, minha mãe fechava a máquina da costura e punha uma toalha branca sobre ela. Depois, colocava o crucifixo de plástico e uma vela que acendia à beira das três horas. E ajoelhávamos as duas; minha mãe julgo que rezava, eu baixava a cabeça como ela e espiava-a pelo canto do olho a ver quando voltávamos ao normal e nos levantávamos. Sabia que Jesus tinha morrido a essa hora, mas como todos me diziam que estava no céu com o pai e a mãe, não percebia a tristeza de minha mãe que chegava a chorar como se a paixão fosse dela mesma. E mal passava aquele bocadinho, enchia-a de perguntas. Nesse tempo, desconhecia as cerimónias da semana santa (não as havia onde vivíamos); sabia apenas da missa de domingo onde minha mãe cantava como um querubim e eu a impar de orgulho.
ResponderEliminarBoa Páscoa, Maria.
Imagino-a, Bea, a espreitar para ver quando podia levantar a cabeça. Nas cerimónias de Sexta-feira Santa, eu também desejava imenso que terminassem, porque ficava cheia de calor. É bonita a história da máquina de costura e do sentimento da sua mãe. Espero que lhe respondesse às perguntas.
EliminarAh, então o gosto pelo cantar vem da sua mãe. Devia ser mesmo um orgulho ouvi-la e saber que os outros também a ouviam e gostavam da sua voz.
Boa Páscoa, Bea, obrigada.
Belas recordações...💞
ResponderEliminarUma Santa Páscoa 🙏
Uma Santa Páscoa também, Gracinha. Obrigada.
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