segunda-feira, 1 de janeiro de 2018

Fogo de artifício

Sentou-se no sofá. Sempre veria bocadinhos de espetáculos em muitas cidades e o fogo de artifício nos países que iam entrando no Ano Novo. 
E a vontade alegre de celebrar 2018.
E a alegria louca de alguns. E a alegria contida de outros tantos. 
E os palcos cheios de frenéticas luzes dançantes e coloridas.
E crianças a dizerem que estava a ser fixe, deixando adivinhar que estavam a pensar em jogos mais fixes.
E a segurança mais apertada porque o momento era de diversão, mas de um momento para o outro poderia rebentar a confusão.
E fãs dos Xutos que diziam, olhando o firmamento calmo da noite, que o Zé Pedro devia estar aos saltinhos e tinham vindo porque os Xutos são sempre os Xutos.
E as imagens todas juntas e os sons quase em simultâneo a mostrar o mundo. Não fossem as legendas e os países e as ilhas e as cidades pareciam uma praça grande a celebrar o Ano Novo. E com os mesmos sorrisos. E com os mesmos desejos. E com os mesmos votos. E com os mesmos gestos. E com os mesmos sonhos. E com a vontade crente de que o ano que aí vem vai ser melhor do que o que já ficou para trás no calendário.
Continuou no sofá.
Estava a apreciar o vigor esbelto de muitos apresentadores e apresentadoras. E das roupas que não se engelhavam nem saiam do sítio certo. E dos penteados que se mantinham intactos. E dos sorrisos que nunca esmoreciam. E dos movimentos sempre vibrantes.
E de tanta exterioridade.
Acabou por adormecer.
Acordou ao som do estrondoso fogo de artifício que parecia surgir de toda a parte.
Olhou o telemóvel. Marcava OO.OO.
2018 tinha chegado. Uau! É verdade, as passas. Estavam em cima da mesa numa caixinha. Oh!  Custava a abrir. Quase as engoliu e quase se esqueceu dos desejos. Queria atender também o telefone que tocava. E ligar também para desejar Bom Ano. Não podia falhar. Não queria falhar.
Conseguiu. 
O fogo de artifício de proximidade ia abrandando.
Voltou a adormecer, sem desligar a televisão com imagens que via de forma intermitente.
De manhã, quando acordou, leu uma mensagem não lida: 
"Tenho um feeling que este ano vai ser bom. Feliz Ano Novo."
Ao lado, uma bela imagem abria um incessante fogo de artifício.



2 comentários:

  1. E, Dolores, que este ano seja verdadeiramente NOVO! Limpo como as manhãs de Sophia... E azul, como todos os nossos poetas cantam...
    Beijinho grande!

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  2. Obrigada, Zá,e que NOVO seja também o teu Ano Novo, embora muita coisa fique do ano findo "para que nada (de bom) se perca.
    Abraço
    M.

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