sábado, 10 de janeiro de 2015

Que je t'aime, Paris!

Há mais de uma dezena de anos, tive a oportunidade de ir a Paris, no mínimo, uma vez por ano.. Várias vezes fui também com a minha irmã, que também nutria um grande amor por aquela cidade. Houve fins da manhã passados em cafés que víamos em livros e jornais e onde se sentaram artistas e escritores. E fins de tarde em teatrinhos pequenos e em cujo palco se representavam peças de Ionesco, de Saint Exupéry...
E em pequenas livrarias sentia-se o ranger do soalho e os livros saltavam-nos para as mãos. Era como se disséssemos aos autores como era bom senti-los em Paris!
E o vinho. E o pão. E o queijo. E as tartes. E os pequenos hotéis que construíam saudades logo no presente. E os solitários das ruas. E os adormecidos clochards. E os bairros zangados das periferias.
E os cheiros  dos restaurantes do Quartier-Latin. E a longa rue du Rivoli com todas as lojas de repetidos souvenirs.
E o Louvre visitado aos bocadinhos; e a Avenida dos Campos Elísios cuja vastidão o olhar não consegue abraçar, e o rio Sena com os apaixonados no sossego beijado das margens. E os bouquinistes que mostram imagens de todos os tempos. Também lá estarão velhos e novos números de jornais como Charlie Hebdo.
Que triste é ver as cidades a morrer pelas  mãos febris  e armadas de alguns. 
Tal como milhões, tenho nos sentidos os rebentamentos de ontem, as gritadas sirenes, os grupos concentrados de polícias, os rostos de frio e de medo...
Paris, és cidade personificada. Neste momento, tens rosto recente de jornal com voz firme  que não quer deixar de desenhar as necessárias  linhas da LIBERDADE.



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