quarta-feira, 29 de outubro de 2025

Bom dia! O que li hoje no EXPRESSO curto, com texto de Isabel Leiria

 

«Os primeiros cartazes do Chega a apoiar a campanha de André Ventura para as presidenciais foram colocados em concelhos da margem Sul com mensagens que os procuradores do Ministério Público (MP) deverão avaliar se configuram algum tipo de crime ou um mero exercício de liberdade de expressão, como advoga o próprio candidato a Presidente da República.


“Isto não é o Bangladesh”, lê-se num deles, “Os ciganos têm de cumprir a lei”, escreveram noutro e os “Imigrantes não podem viver de subsídios”, num terceiro. Se a ideia do primeiro é insinuar que Portugal foi ‘invadido’ por hordas de imigrantes oriundos daquele país, nada como apresentar os números para mostrar como se afastam da realidade vivida no país. Dos 1.543.697 cidadãos estrangeiros que residiam em Portugal a 31 de dezembro de 2024, pouco mais de 55 mil são originários do Bangladesh. É a sétima nacionalidade mais representada, muito longe dos 485 mil cidadãos brasileiros, que estão no topo da lista. A mensagem, a fazer lembrar slogans racistas e xenófobos do passado (e, lamentavelmente, do presente) mereceu já o repúdio de várias dirigentes. “Este racismo não existia em Portugal. Os portugueses não são assim”, declarava há dias o porta-voz da comunidade do Bangladesh em Portugal, Rana Taslim Uddin.

Sobre os ciganos terem de cumprir a lei, não se percebe outro alcance da mensagem que não a estigmatização gratuita de um grupo. Pessoas de outras origens étnicas, raciais ou culturais, tal como os militantes do Chega a braços com a Justiça, não têm de cumprir a lei? Um grupo de associações ciganas já disse que ia apresentar queixa junto do MP.»

sexta-feira, 24 de outubro de 2025

As histórias que faziam mal ao cérebro


Quando a Clarinha era mais pequena, gostava muito de histórias de princesas, de brinquedos de princesas, jogos de princesas, adereços de princesas, de vídeos de princesas...

Lá por casa, não faltavam princesas em papel, em cartão, em livros, em adereços de princesa como tiaras, etc,

Quando havia qualquer data festiva, lá vinha a pergunta:

-  Clarinha, o que queres para presente?

E a resposta não se fazia esperar:

- Um vestido de princesa! Ou um livro de histórias de princesas. Ou um livro de princesas para colorir...

Um dia, perante tanta princesa por todo o lado, o pai disse a Clarinha:

- Tantas histórias de princesas fazem mal ao cérebro!

A Clarinha ficou a olhar para ele muito séria, mas que ninguém lhe tirasse o mundo mágico das suas princesas.

Ou por aquilo que lhe disse o pai ou porque o tempo também vai dizendo muita coisa, ao amor pelo mundo das princesas seguiu-se o amor pelo Panda e depois o grande amor pelo Harry Potter. Que ainda continua.

Daqui a algum tempo, não sei o que virá. Mas todas estas diferenças de gosto só podem fazer... bem ao cérebro.


quinta-feira, 23 de outubro de 2025

'O lado oculto'


Tem passado na RTP, canal 2, pelas 20.40 da noite, uns documentários muito interessantes, na minha opinião. O nome da série é 'O lado oculto'. Karina Marceau, canadiana do Québec e principal dinamizadora do programa, fala de práticas culturais, sociais e económicas não muito conhecidas em diferentes países. 

Num dos últimos programas, mostrou como a gastronomia do Peru é uma grande riqueza crescente, sem deixar de referir a violência que existe nalgumas cidades. Muitos chefes de cozinha utilizam elementos cada vez mais naturais para dar sabor e beleza aos seus pratos.

Hoje, julgo que o país apresentado é a Etiópia e estou com curiosidade sobre os aspetos que vão ser revelados, porque, habitualmente, esse país africano é mencionado pela sua pobreza. Ora, de certeza que outros lados serão mostrados. Não para fazer esquecer realidades mais duras, mas evidenciando aspetos também relevantes e que são muitas vezes esquecidos.

Quem ainda não viu o programa, se puder, veja. Vale a pena. E também o dinamismo da apresentadora e os diálogos empáticos que estabelece com as diferentes pessoas dos mais diversos lugares.


segunda-feira, 20 de outubro de 2025

'Fui namorar (para) o Porto!'


Tenho uma amiga que é muito criativa e leva a sério coisas boas da vida, vivendo-as sempre que pode. Ora, este fim de semana, mandou-me esta mensagem, que puxei para título, e que achei deliciosa. Tinha ido com o marido a lugares bonitos do Porto, cidade onde, há muitos anos, tinham começado e continuado a namorar.

E revi, em pensamento, o nosso Porto, tão belo e importante, mas atualmente com muitas ruas e lojas que se vão descaracterizando para que o turista coma o pastel de nata e o bolinho de bacalhau com recheio de queijo da serra e compre o souvenir que é igual em muitas lojas também iguais.

Há tempos, procurei uma retrosaria porque precisava de fitas de cores variadas. Depois de muito procurar e perguntar, lá as encontrei quase escondidas numa loja de tecidos. Várias pequenas lojas, com donos ou empregados já muito antigos, onde se consertava tudo e mais alguma coisa, vão fechando, para darem lugar ao negócio de alojar os turistas, que é bem mais próspero.

Porém, quando critico muitos pedaços do Porto que crescem para turista ver, para turista comer, para turista comprar, não deixo de me lembrar que nós, portugueses, também visitamos cidades de outros países e os comportamentos não são muito diferentes, nem o que se pretende no imediato difere muito.

Mesmo assim, apesar de os novos tempos trazerem naturais diferenças, oxalá que a identidade, por exemplo, de alguns cafés seja preservada. Para se poder continuar a dizer com um brilhozinho nos olhos: 'Fui namorar (para) o Porto'. 


domingo, 19 de outubro de 2025

'Bom sol em Spinum'


Ontem fui à 'minha' cidade com mar ao fundo. Disse a uma amiga que ia lá passar o dia. Ela, com graça, desejou-me bom sol em Spinum e pensei para mim: o raio da spinumviva salta logo à ideia quando se fala de Espinho, o que não tem graça nenhuma. Também há anos o Valentim Loureiro vinha logo à baila quando se falava de Gondomar, como se toda a gente recebesse eletrodomésticos do ruidoso major.

Pois bem, soube-me bem o dia calmo e despreocupado de ontem, sem ter nada marcado nem nada de especial para fazer.  Tomei um café devagar, vi o mar, embora de longe (sou preguiçosa tantas vezes!) e, depois de almoço, passei no jardim junto à biblioteca. Num banco, havia uma mulher ao sol; mais à frente, um jovem casal chamava pela filha pequenina que corria atrás dos pombos que entravam na brincadeira e corriam ainda mais. Ou então fugiam do perigo. Entrei na Biblioteca. Um homem lia o jornal e uma mulher usava um computador. Li os anúncios, os titulos dos jornais, a biografia da autora do mês e saí. 

O casal e a criança já não estavam no jardim, a mulher continuava sentada ao sol. Na rua também já não se ouviam as vozes das peixeiras a apregoar o peixe miúdo. Algumas lojas tinham fechado por ser fim de semana e as espalanadas iam-se enchendo, com muita gente a desfrutar do sol e das horas livres. 

Para hoje prevê-se chuva aqui no Norte. Por mim, será bem-vinda, tal como foi ontem o sol em Spinum. As confusões da Spinumviva é que nunca o serão. Livra!


O outono não são só folhas caídas!

 





domingo, 5 de outubro de 2025

Por cá, também os livros entram na Festa!


Por estes dias, Gondomar está em Festa. É a Senhora do Rosário. Também conhecida pela Festa das Nozes, Festa do Rosário, ou, simplesmente, Rosário.

Pois bem, o tempo está de um outono quente e de céu azul e lá estão as agitadas e bem sonoras diversões e as barraquinhas de brinquedos, onde me vejo ainda criança a receber tachinhos e panelinhas das mãos da minha mãe. E, sendo já eu a mãe, a comprar um brinquedo para as minhas filhas e, agora como avó, para os meus netos.

E como me recordo dos Robertos, no largo do Souto, bonecos que se moviam num palcozinho pequeno e nos faziam rir às gargalhadas. Há muito que partiram, mas não as barracas das nozes, das castanhas, dos bolinhos de amor, dos figos secos... E dos nabos e do vinho doce e de tantas coisas boas que também o outono traz. Ah, e também não costumam faltar os vendedores ambulantes, com microfone preso ao peito, a apregoar o pague um, mas não leva só um nem dois, nem três... e ainda leva isto e mais aquilo...

Mas entremos agora nas tasquinhas, onde a esta hora, já haverá pessoas a saborear o caldo de nabos, as papas, as inúmeras iguarias tradicionais, cozinhadas e apresentadas por coletividades de Gondomar. É uma Festa para os sentidos. 

Mas a Festa com palavras é ainda mais Festa! Por isso, junto às saborosas tasquinhas, há também uma bonita e bem disposta barraquinha com venda de livros, de temas muitos variados, e cujos autores estão ligados a Gondomar. Tal acontece graças à colaboração e entusiasmo de muitos desses autores que estão presentes, dando vida a esta e outras iniciativas de divulgação de obras que se vão produzindo.

Em breve, haverá uma bela e bem cuidada coletânea de textos escritos por autores de Gondomar e que nasceu de uma conversa feliz de um pequeno grupo, que não só teve a ideia, mas passou à sua concretização, através de um trabalho que se foi alargando e que é de louvar e de reconhecer. A seu tempo, darei conta dessa publicação coletiva. De facto, a Festa é mais Festa com união e com livros. 

Boas leituras e bom domingo! E que haja sempre uma festa a celebrar!


quinta-feira, 2 de outubro de 2025

A ameixoeira que não gostava de estar só


Era uma vez uma ameixoeira que morava num quintal muito acolhedor. A vizinhança era muito variada: duas macieiras, três pés de abóbora, um limoeiro, margaridas, camélias, azáleas, arruda, erva-cidreira, manjericão, lúcia-lima, hipericão…

A ameixoeira dava frutos escurinhos e aveludados. A família gostava de os colher e saborear junto à árvore-mãe.

Um dia, as folhas da ameixoeira começaram a secar. De princípio, era uma aqui, outra ali, mas, em pouco tempo, ficaram todas murchas e sem vida. Bastava uma pequena brisa para as fazer cair ao chão. Qualquer aragem as desprendia e atirava-as para terra.

No ano seguinte, o mais certo era não haver compota de ameixa.

Ora, junto da ameixoeira, vivia uma buganvília de cor bem vermelha.

Enquanto a ameixoeira secava, a buganvília crescia viçosa em várias direções, às vezes um bocadinho intrometida porque espreitava e saltava o muro.  

 

E, vá-se lá saber como ou porquê, um ramo da buganvília foi ao encontro da ameixoeira fraquinha e o outro encostou-se ao tronco, amparando-o.

Apesar de parecerem abraços, os ramos da buganvília nunca taparam a ameixoeira, para que ela pudesse respirar à vontade e ter o seu espaço.

Porém, o tempo foi correndo e quem passava por lá só tinha olhos para a buganvília, porque a ameixoeira mal se via. Ainda.

 

Um dia, a dona da casa foi ao quintal apanhar couves para a sopa. Se estivesse com pressa ou a pensar em mil coisas ao mesmo tempo, nem teria reparado no que lhe saltou logo aos olhos. A ameixoeira, que parecia estar a desaparecer, tinha novas folhinhas verdes.

Olhou várias vezes com atenção, afastou uns raminhos da buganvília e viu que as folhinhas renascidas eram mesmo da ameixoeira. Até o tronco estava mais forte.

 

Foi então que ela logo chamou o neto para ver a ameixoeira renascida.

O menino olhou para a avó e disse:

- Ó avó, se calhar a buganvília não gostava de estar só!

A avó sorriu-lhe e imaginou a compota de ameixas que faria no ano seguinte. E, na mesa, não faltaria um raminho de buganvília ao lado da compota.

 

segunda-feira, 29 de setembro de 2025

Vem aí o Natal

 

Já chegou o convite para participação na nova coletânea de Natal, da Editora Lugar da Palavra. É uma oportunidade de partilharmos o que escrevemos e ir deixando uma marca - por pequena que seja - no mundo em que vivemos. Já escrevi o meu conto. Apesar de o ter lido, relido, corrigido muitas vezes, ainda está a marinar. Há tempo para o envio: final de outubro.

Boa participação e boas escritas!



LUGARES E PALAVRAS DE NATAL – VOLUME XIV

Coletânea de poemas e contos 2025

Este Natal chegamos ao Volume 14! E continuamos a contar consigo! Participe!

REGULAMENTO

1. O prazo de inscrição para participação na coletânea LUGARES E PALAVRAS DE NATAL e envio de textos decorre até 30 de outubro de 2025.

2. Os textos devem ser enviados em suporte informático (tipo word) e remetidos para editora@lugardapalavra.pt

3. Serão admitidos textos do género lírico (poemas) e narrativo (contos).

4. Cada autor poderá participar com um ou vários textos, que pode(m) ocupar até um máximo de quatro páginas, sendo que cada página corresponde a um conjunto de 1700 caracteres (incluindo espaços) ou 1400 caracteres (sem espaços), para os contos, ou 30 linhas de verso (incluindo espaços de transição de estrofe e eventuais versos demasiadamente longos).

5. A ordem de publicação obedecerá a um critério a definir, posteriormente, pela organização.

6. Os autores podem utilizar pseudónimo, embora sejam obrigados a identificar-se e o seu nome ser incluído na breve biografia a constar do livro.

7. Os autores devem enviar uma curta nota biográfica, que será publicada, com um máximo de 600 caracteres, incluindo espaços.

8. O tema de todos os textos é o Natal e/ou os valores à data associados.

9. No caso de a organização entender que o número de participantes não é suficiente para a edição do livro, os textos serão publicados on.line no site da editora Lugar da Palavra, em www.lugardapalavra.pt e enviado um exemplar em formato pdf a todos os participantes. A organização é soberana na seleção dos textos a incluir na obra.

10. O preço de venda ao público (PVP) será definido em função do número de páginas, sendo certo que os autores beneficiarão de vantagens na sua aquisição diretamente à Lugar da Palavra Editora.

11. Todos os textos serão alvo de revisão, com vista a apresentar um trabalho da maior qualidade possível, comprometendo-se, obviamente, a organização a nunca desvirtuar o original do autor.

12. Os participantes disponibilizam os seus textos exclusivamente para a presente publicação, sendo-lhes, obviamente reconhecido o seu direito de autor (pelo qual assumem essa responsabilidade), mas não serão pagos quaisquer direitos patrimoniais. Ou seja: o participante envia textos da sua autoria (se já publicados, com a respetiva autorização competente) e cede-os exclusivamente para o fim em questão, não resultando da sua publicação a obrigação da editora de pagamentos de direitos patrimoniais ao autor.

13. Será constituído um Conselho Editorial.

14. A participação implica a aceitação de todos os termos do presente regulamento.

15. Os casos omissos serão resolvidos pela organização




sábado, 27 de setembro de 2025

Roupa, pra que te quero?

 

Nunca fui de comprar muita roupa, mas já comprei bem mais do que compro agora. Só vou às lojas quando preciso mesmo, porque, para além de não ter muita paciência, penso melhor, e vejo que, afinal, tenho peças de roupa suficientes para qualquer estação. Se bem que as diferenças de temperatura vão sendo cada vez mais pequenas. 

Por vezes, compro algumas coisas on-line. Em segunda mão, recordo-me de comprar uma blusa branca em Bordéus, já lá vão muitos anos, mas acho que nunca a vesti. Lavei-a várias vezes, mas o tamanho era pequeno para mim e interrogava-me sobre quem a teria usado. Contudo não me desfiz dela durante muito tempo porque achava-a bonita. Há dias, seguiu, com outras coisas, para a loja social que está aberta perto de mim. 

Também entre nós são cada vez mais as lojas de roupa em segunda mão, o que será um modo sustentável de reutilizar a roupa e evitar o seu excesso. Já para não falar do espetáculo degradante de ver roupa abandonada e espalhada pelo chão, junto de qualquer contentor.

As lojas de arranjos também são ótimas para tornar diferente uma peça de roupa, evitando, assim, nova compra, novos gastos e novos desperdícios. Às vezes, nem parece a mesma peça, graças apenas a um ou outro adereço e pequenas modificações.

A propósito, é tempo de arrumar o guarda-fatos para o outono. Eu, que não sou nada exemplo de celeridade, já comecei. Que remédio, o frio já nos vai vestindo e o fim desta tarde prevê-se com sinais da tempestade Gabrielle, que esteve nos Açores e que também vai passar por cá.

Mesmo assim, gostava um dia de voltar ao arquipélago. Ainda me lembro do vestido que levei da primeira vez que fomos aos Açores, porque saímos do avião e senti um ar quente e húmido que me colou o tal vestido ao corpo. Talvez fosse um sinal de que não precisamos de muita roupa para viver. Para mais, o aquecimento global vai-nos tirando muita roupa de cima.

sexta-feira, 26 de setembro de 2025

Arrumações


Não sei o que se passa comigo

Só me apetece arrumar

Armários e gavetas

Que não quero entulhar


Separo roupas antigas

E também limpo a poeira

Que se vai acumulando

Durante uma vida inteira


E lá vou pondo em sacos

Coisas pra dar ou contentor

Ou para a loja social

Onde se vendem restos de amor


E durante a arrumação

Não deixo de me lembrar

Do mundo desarrumado

Que o Poder quer conservar


O mundo não é sempre igual

Mas ver afastar a verdade

Ao mundo faz muito mal

E vai arrumando com a Liberdade!


quarta-feira, 24 de setembro de 2025

A caixinha dos artistas

 

Todos os dias o Jornal de Notícias nos chegava a casa. Depois do almoço, o meu pai lia o jornal, prestando mais atenção às páginas de desporto. Quando era hora de ele retomar o trabalho, a minha irmã e eu pegávamos no jornal e a nossa maior atenção ia para as páginas que mostravam artistas de cinema e da canção.

Ora, a nossa vontade era logo recortar as fotos dos ídolos da época e guardá-las numa caixa de papelão, a que chamávamos caixinha dos artistas. Estavam lá Brigitte Bardot, Marisol, Adamo, Rita Pavone, Alain Delon e muitos mais, em folha fininha de jornal e a preto e branco. 

De alguns artistas, havia várias fotos, ou porque viessem a Portugal ou porque deles se falava muito no momento. Uma dessas figuras era a belíssima e talentosa Claudia Cardinali, sempre com o seu risco preto nos olhos e sorriso sedutor. Nasceu na Tunísia em 1938 e morreu ontem em França. 

A caixinha dos artistas, que íamos preenchendo na infância e folheando com fascínio, há muito desapareceu. Porém, alguns filmes que a atriz protagonizou, como O Leopardo, esses ficarão para sempre.


terça-feira, 23 de setembro de 2025

Bruce Springsteen - Streets of Philadelphia

Tantas ruas há na América!




segunda-feira, 22 de setembro de 2025

Olá, outono!





O outono chegou hoje e logo se fez sentir. Está mais frio, apesar do sol acolhedor, que empalideceu e amarelou um pouco. 

Colhi marmelos e olhei os dióspiros ainda verdes.

Observei as inúmeras belas-donas que, adormecidas até agora na terra, renascem coloridas e viçosas em canteiros, cantos e recantos, tornando-os vivos e festivos.

Vi que as hidrângias estão em despedida. Irromperam na sua plenitude azul que, ao longo do verão, se foi acastanhando e secando. Não sei, contudo, qual é a sua fase mais bela.

Tirei algumas fotografias, que nunca ficam perfeitas. A imperfeição também tem a sua beleza.

Pus umas tigelas de marmelada a secar ao sol da janela e lembrei-me de gestos que repetimos em muitas estações.

Procurei músicas para partilhar aqui e gostei destas. Oxalá gostem também.

Feliz outono!




sábado, 6 de setembro de 2025

Praia de (quase) outono!

  

Gosto muito do mar, ainda que raramente entre nele, porque não sei nadar (quando vejo as minhas filhas e os meus netos, felizes, a nadar, fico ainda mais feliz).

Também gosto de praia, mas não fico na areia durante muito tempo. No entanto, gosto de sentir o verão com todas as suas delícias e cores dadas pela presença das pessoas, pelas barracas, pelos guarda-sóis; por poder partilhar prazeres naturais e descontraídos que a praia oferece...

Porém, para mim, quando se aproxima o outono, a praia ganha dimensões que me agradam particularmente: abre-se, alarga-se e acalma. Olhar a praia deste (quase) outono é ouvir mais silêncio, é rever muita coisa (boa ou menos boa) que irrompe da memória. Parece que o tempo também se estende um pouco mais.

Que não se pressinta um adeus nostálgico a muitos dias de agosto: aos netos e sobrinhos-netos, todos juntos em bricadeiras divertidas e ruidosas ou em zangadas e infantis teimosias, esquecidas dentro de momentos; ao prego na esplanada do Fernando, à esplanada do Raminhos donde se avista mais areia e mais mar e se respira mais maresia, ao reencontro com pessoas amigas que a praia também chamou, à celebração dos aniversários em família em que sinto prazer de ver o prazer que dá a sopa de peixe que acabei de fazer...

Pronto, foi bom mas acabou-se, ou melhor, interrompeu-se. Para o ano há mais, como sempre se espera.

Logo que possa, quero ir a Mindelo, para olhar, calmamente e devagar, a praia bem mais sossegada, tal como a maioria das praias do país. 

O outono está aí e a chuva parece que está também a chegar. Venha ela, é bem-vinda, mas sem fazer estragos. Que venha serena, como se espera que seja o outono, apesar do tumulto dos últimos dias.



quinta-feira, 4 de setembro de 2025

O verão está de partida?

Derniers baisers’:




terça-feira, 2 de setembro de 2025

domingo, 31 de agosto de 2025

Ter… terapias


É cada vez mais frequente ouvir-se falar de terapia (quando se pode pagar, é claro): eu faço terapia, a terapia ajuda-me muito, consegui resolver isto porque tenho terapia…

Pois bem, julgo que não é parvo dizer que ninguém escapa a problemas, sejam eles de que natureza forem e tenham eles a dimensão que tiverem; venham eles do passado, de factos inquietantes do presente, de ansiedades sobre o futuro…

Tantas coisas que escurecem a vida que, legitimamente, queremos clarear.

Vem isto a propósito de uma conversa que ouvi de alguém que dizia: com a ajuda da minha psicóloga, consigo falar sem chorar de coisas do passado que me traumatizaram.

Ouvi a frase e logo a memória se abriu a coisas menos boas que me ficaram incrustadas nos muros das lembranças desagradáveis que não se apagam e que, de uma maneira ou de outra, acontecem a todos. Às vezes, são pequenas situações, mas que se afiguram grandes quando somos nós a senti-las e a vivê-las.

E é sorte encontrar a pessoa certa para ouvir e ajudar com parecer ou propostas de soluções. Sei de um caso em que a terapeuta dá até tarefas à paciente, assim como conheço outro em que apenas ouvia no período de tempo que estava estipulado, findo o qual recebia o dinheiro da sessão e esta terminava.

A escrita, a leitura, a dança, o treino físico, ter uma horta… também podem ser boas terapias e, por vezes, bem mais baratas, ainda que sem retorno aparente no momento, embora acalmem e deem alguma felicidade. Também a família e os amigos mais próximos são uma ajuda essencial. 

E, perante o estado atual do país e do mundo, cada um terá mesmo de encontrar a sua terapia. Nem que seja caminhar um pouco para ir emagrecendo alguns problemas.

Para mim, comunicar através deste simples blogue é muito bom. Obrigada, bom domingo e um abraço!


sábado, 23 de agosto de 2025

Amores (antigos?) de verão!

 



sexta-feira, 22 de agosto de 2025

Não há andorinhas só na primavera!


Hoje vi  andorinhas logo pela manhã. Em bando apressado. Ou em divertimento? Ou em fuga a fumos que só o mar impede de sobrevoarem?


 

quarta-feira, 20 de agosto de 2025

Praia ainda a gosto!

 


domingo, 17 de agosto de 2025

Oficinar e festejar!








Se há festa, venha ela!

 

Um dia, ouvi alguém dizer: estou na praia, mas prefiro ficar em casa a ler durante a tarde. Naquela altura, eu tinha as filhas pequenas e, mesmo que quisesse, nunca me poderia dar a esse luxo.

Agora, tendo por perto netos e sobrinhos-netos também não é fácil, porque as brincadeiras ruidosas, engraçadas e muitas, são entremeadas de algum choro porque os que têm idades próximas querem os mesmos brinquedos…

Mas é bom pensar que todos eles estão a crescer e as memórias felizes também.

 Há dias, fomos (não todos porque somos muitos e há programas de férias diferentes) às Festas da Agonia, em Viana do Castelo. Vi e apreciei o cortejo da mordomia e gostei particularmente da ‘romaria para crianças’, com muitas atividades ligadas às tradições. Ver as crianças a correr em jogos tradicionais, a desenhar, a recortar, a pintar, a produzir peças como corações… é melhor do que ler um livro no sossego da casa, mesmo respirando maresia!

A minha filha que vive em Londres ficou encantada com as múltiplas e bem organizadas atividades para crianças e mais ainda por serem gratuitas.

Temos muita coisa desagradável à nossa volta  (os incêndios e aparente indiferença de quem governa; leis nada católicas, influenciadas por quem se diz muito católico, etc), mas vivemos num país com gente maravilhosa que cria, que faz, que se entusiasma, que rema contra muitas marés difíceis, que não cessa de abrir o belo sorriso…

Numa das exposições fotográficas na Festa da Senhora da Agonia, via-se o ar bem mais triste e pesado das mordomas nos anos sessenta, ao contrário dos sorrisos atuais, bem mais abertos, desempoeirados e libertos. Felizmente.

Nesse tempo, vivia-se numa praia sem se desfrutar da praia,  tão grande e generalizada era a agonia.

Que agora é nome de Festa e, se há festa, e da boa, venha ela!

quarta-feira, 13 de agosto de 2025

Junto dos cardos, também se abrem flores!


 

sábado, 9 de agosto de 2025

O que fará um gato nas dunas?

 





Sentirá o prazer da areia limpa que ninguém pisa?

Pensará que as dunas protegidas são portas transparentes que se abrem ao oceano?

Andará à procura de raizes ou surpresas entre a vegetação? 

Olhará o mar que deseja liberto de neblina?

Esperará alguma gaivota que o ensine a ficar?

Buscará apenas uma saída sem se picar nos cardos que a maresia ajudou a plantar?


quinta-feira, 31 de julho de 2025

'Pouco prato e muito sapato'


Tenho uma amiga que tem uma horta que fornece quase tudo o que precisa: batatas, cebolas, abóboras, feijão, couves, tomates, fruta, etc. É inspirador ver o que produz e ouvi-la nomear o que produz e a forma como o faz. Fala do sabor das rodelas de cebola na salada como se se tratasse de cozinha gourmet. E tem razão. É melhor que gourmet comer coisas da horta tratadas sem produtos químicos que fazem crescer de forma rápida para, rapidamente, serem vendidas.

Que o diga um agricultor que, não muito longe de mim, tem um campo que, pouco tempo depois da sementeira ou da plantação, fica todo verde porque os supermercados têm pressa e que o aspeto dos legumes e hortaliças seja viçoso e sem qualquer inseto. Por isso, a minha amiga cultivadora diz que em casa só se consomem produtos da sua horta.

Ora, hoje encontrámo-nos e vieram à baila coisas que comemos e também a nossa idade. E, qual não foi o meu espanto, quando vi que era uns anos mais velha do que eu. E faz coisas que não faço com medo de cair: subir a escada ou escadote para colher fruta, para afastar o silvado invasor de terreno vizinho porque o tempo é de incêndios...

Com um sorriso, contou que lhe perguntam o segredo de tanta vitalidade. E que, como resposta, repete o slogan: 'Pouco prato e muito sapato'!

- E comer as coisas da minha horta, acrescentou abrindo ainda mais o alegre sorriso.


quarta-feira, 30 de julho de 2025

O inferno


Quando eu era miúda, a palavra inferno dava para muita coisa. Bastava fazer uma asneirita que se ouvia logo: olha que vais para o inferno! O inferno era muito mostrado como lugar para onde iam os maus (e tantas vezes as asneiritas eram tão pequeninas!). Assim, os bons iam para o céu e os que tinham pecadilhos não muito grandes iam para o purgatório, à espera de entrada no reino celestial. 

Com o tempo, felizmente, essa distinção e sobretudo o lugar de fogo e de eterno castigo foram desaparecendo da catequese, homilias, etc. porque a educação e interação pelo medo nunca trouxeram bem a ninguém. Mas, se desapareceu a ideia desse lugar tenebroso e sem redenção, vivemos na terra muitos infernos nos dias que correm. E de que maneira! Por estes dias, os incêndios são um inferno avassalador que destrói tudo por onde passa e a que bombeiros e populações dão luta, embora o fogo seja o elo mais forte, ajudado pelo vento e calor. As pessoas e as terras atingidas são muitas vezes as mais desprotegidas e esquecidas porque são poucos os votos que garantem. 

Outro inferno atual que muitas imagens, nomeadamente de fotojornalistas, mostram ao mundo são de pessoas que morrem à fome em Gaza. Vemos, através delas, vidas humanas reduzidas a quase esqueletos. O olhar de sofrimento comove e revolta. As imagens terríveis da fome extrema em Gaza - cruel genocídio - têm proliferado em muitos jornais e revistas, alertando, juntamente com muitas instituições, para o que lá se passa, perante muita e longa indiferença de governantes de muitos países. Que não conhecem nem querem conhecer de perto o inferno de tantas vidas indefesas, porque têm sempre os mais variados paraísos à sua disposição. Que os servem e dos quais não querem deixar de se servir.


sábado, 26 de julho de 2025

Sou católica, mas não gosto de ver aquilo

 

Embora entre mais em igrejas quando passo a qualquer hora e vejo com agrado as portas abertas do que em horas marcadas para cerimónias litúrgicas, considero-me católica. E, de vez em quando, gosto de ir à Fátima, julgo que mais para agradecer do que para pedir, embora também não escape ao 'se isto acontecer, faço isto ou aquilo!', como acontece em tantas promessas. Mas, como se costuma dizer, cada caso é um caso e cada um faz como melhor entende e como dita a dureza do momento.

Chegando lá, gosto de olhar a vastidão do recinto, a cruz estilizada que se eleva e onde vejo arte e elegância, a capelinha onde, a quase todas as horas, existem rituais, missas, cânticos, orações, música... irradiando, independentemente do grau da crença de cada um, calma e espiritualidade.

Ora, ontem, fui com um grupo de amigas ao santuário de Fátima, viagem que já se vai tornando um ritual em cada verão. Quando chegámos, a missa estava prestes a começar e seria acompanhada pela voz límpida de uma jovem cantora. Como já não tínhamos lugares sentadas, ficámos de pé, sentindo uma brisa refrescante no corpo e na alma. Pouco depois, tivemos de dar uns passos em frente porque, sem repararmos, estávamos a pisar o corredor onde as pessoas passam  de joelhos cumprindo as suas promessas.

Respeitando todos os sentimentos e os motivos que levam a tão difícil percurso feito de joelhos, custa(-me) ver aquele deslizar penoso ainda que protegido por joelheiras.

Alguém perguntou: Nossa Senhora ficará contente com este sofrimento?! Concordei com a pergunta que, por coincidência, também me estava a ocorrer.

Impossível ficar indiferente


Os jornais dos últimos dias têm publicado fotografias chocantes de crianças que estão a morrer à fome em Gaza. Impressiona o olhar desses meninos e meninas sem culpa de nada, que as mães abraçam em supremo sofrimento, e que os governantes esquecem porque nas suas cabeças apenas cabem o ódio, a ambição, a vingança, a manutenção de privilégios … tudo o que o ser humano tem de pior para se manter no poder e mandar em tudo quanto pode.

O mundo, felizmente, vai reagindo, alertando, mas quem mata, quem impede que os camiões com os alimentos avancem na faixa de Gaza continuam a fazê-lo… e os mais fracos não cessam de sofrer, desnutridos e indefesos, e a morrer num dos piores massacres a que o mundo tem assistido. Nós, os anónimos, sentimo-nos perplexos e impotentes, os governantes querem estar de bem com Deus e com o Diabo para não perderem o lugar e conquistar cada vez mais, se possivel… e assim o horror continua sem dar tréguas. 

Enquanto isso, muitas pessoas vão sendo mortas, também enquanto esperam por alimentos ou desesperam por água.

Depois de as armas terem sido acionadas e muita gente morta, os assassinos sentam-se à mesa farta sem terem qualquer indigestão.

Que os media não se calem - cresce esse receio! - nem deixem de mostrar estes horrores para que também não se normalizem, como está a acontecer a tantos outros.

Às vezes, a sociedade civil, mesmo sem armas, trava alguns avanços de monstros que destroem o mundo para salvarem a própria pele, por onde o sangue devia escorrer mais à vista por tanto mal que ja fizeram e continuam a fazer à Humanidade. E parece que nada lhes acontece. Raisparta!


terça-feira, 22 de julho de 2025

Chapéus… afinal, há poucos!

 

Há umas semanas, procurei um chapéu para levar a um casamento, fazendo a vontade à noiva. Depois de lhe dizer que não era o meu estilo, que não estava habituada, acabei por aceder e até achei piada à ideia.

Tinha era de me despachar. Já faltava pouco tempo para a cerimónia. Comecei por procurar na net. Sem sucesso imediato. Dava jeito comprar no Porto, aonde já não ia há bastante tempo, apesar da proximidade. Na net, encontrei duas lojas onde, à partida, poderia encontrar chapéus como eu queria: uma na rua Sá da Bandeira, outra na rua Nova de S. Crispim. Na primeira, muito perto da estação de S. Bento, nem entrei quando lá cheguei. De fora, vi logo que eram para homem. E que gostasse de chapéu à cowboy. Voltei a subir a rua, notando a proliferação de lojas para turista: muito souvenir, muita esplanada, muito pastel de nata de múltiplos sabores. O calor apertava e os turistas enchiam os passeios da rua. Mesmo assim, ainda entrei noutras lojas onde ouvia o mesmo: não temos chapéus e nem sei onde os possa encontrar!

Nessa tarde, já nem tive vontade de ir à tal outra chapelaria. Ficaria para o dia seguinte.

Cheguei a casa e telefonei para a loja. Atendeu-me uma senhora de voz antiga e meiga. Sim, havia um chapéu como eu pretendia. Posso reservar, se quiser. E o tamanho? Era melhor medir. Tem fita métrica de costureira em casa? Sim, tenho.  Como indicado, medi a cabeça, mas medi mal. Precisaria de um tamanho maior, mas só vi isso quando lá fui no dia seguinte.

Para experimentar o chapéu, era dado um lenço de papel ao cliente para limpar a testa e depois uma touca de plástico.

Tantos cuidados e tão poucos chapéus para mulher, pensei eu. Para homem, abundavam, de muitas formas e muitas cores! E bonitos, muito bonitos. Para todos os estilos. Do mais vaidoso, ao mais sóbrio.

E saí desconsolada, pondo-me uma questão que me fez esquecer o que eu procurava e não tinha: Será que volto às Galerias Lafayette em Paris? 

E lá veio a resposta-promessa: Se for, não saio de lá sem um chapéu!


segunda-feira, 21 de julho de 2025

Na manhã deste domingo


Na manhã deste domingo, fiz parte de um grupo  de pessoas de Gondomar que gostam de ler, escrever e que publicam, seja em poesia ou prosa. 

Presentes estavam impulsionadores da iniciativa e autores de poesia e prosa que foram, nos últimos tempos, aderindo ao grupo por convite, por amizade, por vontade própria…

Partilharam-se livros já publicados, leram-se textos, conversou-se, reencontraram-se pessoas, conheceram-se outras, sentindo-se feliz comunhão pelo gosto de escrever. 

Foi boa a manhã de ontem em espaço público e aberto (Jovim). A chuva era anunciada, mas o sol abriu-se. O encontro trouxe alegria, amizade, boa comunicação, empatia…

Venham mais manhãs assim. Ou tardes ou noites. No mundo atual, as boas palavras são cada vez mais necessárias. Ditas ou escritas.