quarta-feira, 26 de fevereiro de 2025
segunda-feira, 24 de fevereiro de 2025
Carta a um presidente
Cair como um Putin(ho)!
A minha longa experiência de vida tem-me mostrado que pessoas narcísicas e com uma sede imensa de poder e de serem adoradas caem facilmente em jogos de sedução. E nem reparam nisso, enleadas que estão no seu amor próprio.
Atualmente, o mundo sabe cada vez menos como será o dia de amanhã por causa da ambição desmedida de meia dúzia de governantes que se sentem donos do mundo e agem como tal.
Há três anos que a guerra na Europa - sangrenta, como todas as guerras - começou. O sr Putin quis aumentar o império que considera seu e invadiu a Ucrânia, um país soberano.
Agora, o seu errante e igualmente ambicioso amigo, sr Trump, afirma que quem começou as hostilidades foi Zelensky. E acrescenta sempre outras mentiras que considera verdades que todos devem aceitar e que o sr Putin também agradece.
Assim sendo, o sr russo deve esfregar as mãos de contente; o sr americano deve fazer esgares de orgulho por ser aceite por outro aluno poderoso da turma. Juntos, podem invadir toda a escola.
Enquanto isto, o sr americano vai delapidando a educação e o mundo. No frenesim de ser o mais esperto e poderoso da turma, nem repara que está a cair que nem um Putinho em braços ardilosos e bem mais adultos.
Por um lado, é bem feita, por outro lado - o maior e muito pior - é que ambos e outras imitações estão a dar cabo disto tudo.
P.S. Vi agora um excerto de um vídeo, que corre nas redes sociais, sobre a guerra na Ucrânia. Comovente. Preocupante.
sábado, 22 de fevereiro de 2025
Moção de censura a mim própria
Hoje, sábado, tem sido, para mim, e por bons motivos familiares, um dia sem saber notícias. Porém, nas televisões, nas rádios e nos jornais, não faltará o rescaldo do debate de ontem na Assembleia da República, que teve como pano de fundo a moção de censura ao Governo, apresentada pelo partido de A.V.
O principal alvo era o primeiro-ministro, por alegadas e não explicadas irregularidades na manutenção da empresa familiar que possui e chefia.
Ora, o que me faz sobretudo impressão é como é possível ter tempo para gerir uma empresa tão rentável e, simultaneamente, gerir um país. Não me entra na cabeça.
O nosso país é pequeno, mas, mesmo assim, deve dar muito trabalho porque existem áreas que estão em agonia, e que toda a gente conhece.
Por outro lado, a empresa do sr primeiro-ministro também lhe deve dar muito trabalho, a avaliar pelos ganhos com os clientes, mas estes a gente não conhece.
Por estas e por outras, sinto-me frágil porque verifico que fiz muito pouco até agora. E o tempo que me falta para viver será muito mais curto do que o do sr primeiro ministro, que é muito mais novo do que eu. Ele gere um país, gere uma empresa em casa e não lhe falta tempo. Eu apenas giro a minha casa e acho que não tenho tempo, o que é, de facto, censurável.
Pelo que sei, as moções de censura servem para analisar condutas e comportamentos. Por isso, saia para esta mesa uma moção de censura. Sim, é para mim, anónima cidadã que não soube lucrar nem dar lucro pelas fatias de tempo e de solo que lhe couberam.
Atendendo a tanta fragilidade, não está aberta a discussão!
quinta-feira, 20 de fevereiro de 2025
domingo, 16 de fevereiro de 2025
sábado, 15 de fevereiro de 2025
sexta-feira, 14 de fevereiro de 2025
sábado, 8 de fevereiro de 2025
Uma faixa à beira-mar castigada
Neste momento, estão a ser libertados reféns-prisioneiros de Israel e da Palestina. Ao longo do dia, as imagens vão passar inúmeras vezes, podendo ver-se a alegria do reencontro e a tristeza de quem já não vê as pessoas que queria abraçar.
Em pano de fundo, estão dois países vizinhos em guerra, isto é, dois em um, no entender de alguns poderosos governantes.
E o sr Trump, na sua desmedida e desatinada ambição imobiliária, cobiça agora a faixa de Gaza, que a guerra tem destruído e matado inúmeras pessoas inocentes, incluindo crianças.
O sr Trump quer fazer dessa faixa, agora em ruínas mas com gente dentro, uma festiva Riviera, alargando as suas ideias estapafúrdias e loucas. Onde ele vê terra vê imóveis ricos para os seus seguidores, ignorando as pessoas que têm o direito de lá viver.
Neste momento, estão a ser libertados prisioneiros e ainda bem. Porém, se o mundo for governado pela lei apenas de alguns, vai ficando cada vez mais prisioneiro e ainda mal.
sexta-feira, 7 de fevereiro de 2025
terça-feira, 4 de fevereiro de 2025
Zezinho, anda dar um beijinho!
Domingo, estava eu na ‘minha’ cidade com mar ao fundo, fui a um café com larga esplanada iluminada de sol. Alguns vasos altos, com abundantes suculentas, delimitavam zonas de passagem. Entretanto, duas famílias encontram-se. E logo se ouve a mãe de um menino:
- Zezinho, anda dar um beijinho.
E o pai repete alto e bom som:
- Zezinho, anda dar um beijinho.
E as chamadas do pai e da mãe do Zezinho foram-se ouvindo. Perante a insistência, o menino foi-se escondendo atrás de um vaso. Vendo os pais distraídos a conversar com os amigos, foi-se adelgaçando entre o vaso e o vidro separador e, daí a nada, estava a correr no jardim junto à esplanada.
Assistindo à cena, veio-me à memória o poema ‘Liberdade’ de Fernando Pessoa, a quem roubei o primeiro verso (assinalando-o, como é devido, porque o seu a seu dono). O resto foi para desenhar mais um pouco a engraçada situação:
‘Ai que prazer não cumprir um dever’
De dar beijinhos
Quando se é mandado
Porque a dar beijinhos
Ninguém deve ser obrigado.
domingo, 2 de fevereiro de 2025
sábado, 1 de fevereiro de 2025
quarta-feira, 29 de janeiro de 2025
Consciência (in)tranquila
Não me lembro de nenhuma figura política, ao demitir-se de um cargo ou sendo demitida, que não diga que está de consciência tranquila. Um secretário de estado do atual governo, cuja demissão foi conhecida ontem, repetiu, igualmente, que estava de consciência tranquila.
Esta expressão, com tanto uso e abuso, vai-se tornando vazia do significado que, nestes casos, querem dar, com ar sério e circunspecto. Como se quem a ouve a aceitasse sem pensar ou não tivesse consciência.
E, depois das demissões, chovem até elogios, mas nenhuma referência aos motivos que levaram à cadeira ter ficado vazia. Sobre isso, os governantes nada dizem porque, perante factos, esgotam-se os argumentos que seriam desejáveis.
Esses governantes, tão palavrosos tantas vezes, remetem-se ao silêncio quando as coisas correm mal e ficam-se por uma nota escrita, curta e breve, para a comunicação social sobre o caso e a vida continua.
Esquecem-se, porém, de que a consciência do comum dos mortais vai ficando intranquila. E triste. Como fria tempestade.
domingo, 26 de janeiro de 2025
sábado, 25 de janeiro de 2025
quinta-feira, 23 de janeiro de 2025
Um ingrediente que entrou por engano
quarta-feira, 22 de janeiro de 2025
Na caixa 29
Ontem à tarde, estava sol e ela resolveu sair. Assim, sempre mexia um pouco mais as pernas e não ficava tanto tempo no sofá a dormitar e a ver a Tânia ou a Júlia ou o Goucha. Iria ao Centro Comercial, que ficava perto de casa. Podia até encontrar alguém conhecido e conversar. Ou mulher ou homem também com sinais de solidão que olhassem para ela e lhe dirigissem, amigavelmente, a palavra e até a convidassem a sentar um pouco ou até a tomar um café. Que mal tinha? Mal era ficar sempre em casa a ver e ouvir histórias tristes que lhe aumentavam a solidão e a tristeza.
Pois bem, limpou a pele, pôs creme, pó de arroz e desenhou o traço negro nos olhos o mais direitinho possível. Tinha de realçar o melhor de si. Daí a pouco tempo, estava no Centro Comercial. Olhou à sua volta. Bastantes pessoas sozinhas. Mulheres sobretudo. Teriam saído com os mesmos propósitos que ela: ter um pouco de companhia que as alegrasse. Apetecia-lhe esboçar um sorriso a ver se alguém lhe sorria também, mas algumas pessoas estavam era fixadas no telemóvel ou nos seus pensamentos.
Através dos vidros largos, via-se o estádio do Dragão, e entrava uma luz imensa e boa. Foi percorrendo o átrio. Apeteceu-lhe um café pingado. Aproximou-se do bar. Duas jovens funcionárias falavam de uma colega, reproduzindo o que ela tinha dito e o que lhe tinham respondido.
Ficou algum tempo a ouvir com agrado, para mais uma das raparigas era brasileira e sempre gostara da doçura daquele sotaque. Finalmente, deram conta que tinham uma cliente à espera. Pediu o pingo bem quentinho. Coisas de velhos, pensou ela sobre o que elas teriam pensado. Apetecia-lhe meter conversa, mas as jovens tinham recomeçado a história de há pouco. Sentou- se a uma mesa, aquecendo as mãos na chávena, e olhava quem passava, quase sempre com ar sério, embora em passo vagaroso. Deixou-se ficar algum tempo.
Mesmo com o risco bem acentuado dos olhos, parecia invisível a quem passava e com quem se cruzava no largo e luminoso átrio do centro comercial. O melhor era ir comprar pão e regressar a casa. Daí a pouco, começaria a escurecer e a ficar frio. Assim fez.
No Continente, a fila para pagamento era grande. Atrás de si, estava outra mulher. Teria a sua idade. Ambas tinham poucas compras. Cabiam-lhes nas mãos. Entretanto, foi chamada para a caixa 29 e logo a vizinha de fila também, o que foi motivo de conversa:
- Continuo atrás da senhora.
- É verdade. Hoje a fila está demorada.
- Há poucas caixas a funcionar. Nem é costume.
- Devia haver uma caixa para quem compra poucas coisas.
- E está-me a custar estar aqui. Dói-me tanto uma perna.
- Oh, isso é que é pior!
E já fora da caixa de pagamento:
- Então adeus e as melhoras.
E saiu a pensar que, da próxima vez que viesse ao Centro Comercial, poderia encontrar a vizinha de fila, ir ter com ela e perguntar-lhe se estava melhor. E haveria motivo de conversa.