sábado, 28 de setembro de 2024

Os rapazes continuam desavindos


Ontem, quando muita gente previa que o longo drama do orçamento de estado ia ter um final feliz, eis que, afinal, o palco continua aberto para novas cenas e atos.

E a culpa, que continua solteira, não tem mãos a medir. Ora é chamada por um dos principais protagonistas, ora é chamada por outro num jogo de acusações, fazendo esquecer os cumprimentos e sorrisos à chegada e à partida do encontro tão aguardado, leia-se desencontro, em S. Bento.

Cada um o mais teimoso, cada um a chamar radical e inflexível ao outro.

Entendam-se, caramba. O IRS jovem é injusto, muito caro e satisfaz apenas uma pequena minoria? 

Ponham-no de lado. Mas não ponham de lado os milhões de portugueses que não querem andar sempre em eleições. 

sexta-feira, 27 de setembro de 2024

Parar e olhar ou a planta quase esquecida

 

Como já devem ter percebido, com certeza, gosto de flores e de plantas, porque sempre vivi com elas por perto. Mesmo durante os anos que morei num apartamento, tinha vasos na pequena varanda.

Ora, isto vem a propósito da planta da foto.

Precisava de uma planta para um recanto da minha casa. Disse à minha filha e logo procurámos plantas num site. Algum tempo depois, lembrei-me desta planta que vivia num anexo da minha casa, onde já tive, há muito muito tempo, coelhos e galinhas.

Que bonita, pensei eu. Vai ficar bem dentro de casa. E - o que não é menos importante - poupo tempo e dinheiro. 

Não sei é se a planta vai gostar da mudança e do sitio, como dizia a minha mãe.

Às vezes, nem reparamos com atenção no que temos de bom e de bonito bem perto de nós, digo eu. E não falo apenas de plantas.


quinta-feira, 26 de setembro de 2024

Músicas que moram na (minha) cabeça!

 



quarta-feira, 25 de setembro de 2024

Tudo boa rapaziada!

 

Tal como muitos portugueses que estão mais por casa, tenho acompanhado a guerra, ou melhor, guerrilha, por causa do orçamento de estado. Ele é uma chuva de comunicados, de encontros que para uns são secretos e para outros apenas discretos; de palavras trocadas e escondidas pela mão para ninguém perceber; de sorrisos cínicos seguidos de palavras que se dizem transparentes; subidas e descidas de escadas como numa sorridente  passerelle com o modelo mais atraente; afirmações que se fazem como se fossem definitivas e que duram apenas enquanto duram…

E não podia faltar o famoso ‘irrevogável’ que Paulo Portas inaugurou um dia, palavra que, a partir daí, passou a significar também ‘isto não é para levar a sério’!

E muita da rapaziada da cena política vai dizendo, com ar sério e patriarca, que tudo faz e que tudo fará para o bem das portuguesas e dos portugueses - como agora se diz para que a pose na fotografia fique numa moldura melhor.

Se assim é, porque existem tantos jogos, tantas mentiras, tantas meias verdades, tanto amor próprio e não pelo próximo, tanta sede pela fonte do poder?!

Entendam-se, rapazes, e não nos arrastem para eleições que ficam muito caras e nos cansam cada vez mais, de tão frequentes que têm sido.

Se a guerrilha continua, muita gente se interrogará:

Será que é/está boa esta rapaziada?


sábado, 21 de setembro de 2024

‘A paz sem vencedor e sem vencidos’


Dai-nos Senhor a paz que vos pedimos 

A paz sem vencedor e sem vencidos 
Que o tempo que nos deste seja um novo 
Recomeço de esperança e de justiça. 
Dai-nos Senhor a paz que vos pedimos 

A paz sem vencedor e sem vencidos 

Erguei o nosso ser à transparência 
Para podermos ler melhor a vida 
Para entendermos vosso mandamento 
Para que venha a nós o vosso reino 
Dai-nos Senhor a paz que vos pedimos 

A paz sem vencedor e sem vencidos 

Fazei Senhor que a paz seja de todos 
Dai-nos a paz que nasce da verdade 
Dai-nos a paz que nasce da justiça 
Dai-nos a paz chamada liberdade 
Dai-nos Senhor a paz que vos pedimos 

A paz sem vencedor e sem vencidos 

.

in "Dual" de Sophia de Mello Breyner Andresen

 

Leonard Cohen faria hoje 90 anos

 


sexta-feira, 20 de setembro de 2024

Chove


Vem, chuva, és um bem tão necessário 

Depois de dias e noites de calvário

Vem sossegar os nossos fogos

Que chamam e angustiam 

Os visíveis e os invisíveis

Dentro e fora de  nós

Para que possamos sentir

Que afinal não estamos sós.


És tão necessária, chuva,

E não estou a pensar só no meu quintal

O espaço em que se vive 

É bem maior e alargado

Embora seja justo que cada um 

Queira proteger o seu quintal

Mas não  culpando sempre os outros

Do que acontece de mal.


Vem, chuva, mas não percas a brandura

Para que a afogueada secura 

Não atropele mais o chão 

Precisamos de mais calma

Verdadeira e sincera 

Que não escape à nossa mão!

 

quinta-feira, 19 de setembro de 2024

Quem pergunta ofende?

 

- Muitos dos atuais incêndios rurais acontecem ou aconteceram em zonas onde vivem pessoas  (às vezes poucas) pobres e velhas. Se assim não fosse, teria havido meios mais céleres e eficazes para apagar esses fogos?

- Que resposta teria sido dada pelas autoridades aos autarcas que se queixaram de não terem ajuda, perante o avançar das chamas atingindo populações?

- O governo quer que as contas dos prejuízos com as áreas queimadas sejam rápidas.  Vão também substituir o provérbio ‘Depressa e bem há pouco quem?’


Bom dia a todos e que esta vaga de incêndios termine o mais depressa possível.


quarta-feira, 18 de setembro de 2024

Em pleno inferno, também se elogia!


O famoso jornal londrino não foi indiferente ao inferno que muitas regiões do nosso país estão a viver, incluindo Gondomar. 

O fogo também rondou o meu quintal e terrenos vizinhos, sob grande ventania e escuridão, apesar de ocorrer em pleno dia, em cenário assustador. Voavam partículas a arder que aonde chegavam pegavam fogo. Valeu a ajuda preciosa de todos os moradores. Como em inúmeros lugares por esses terríveis incêndios  fora. 

Os fogos atormentam agora outras zonas a que chamamos ‘alto do concelho’, sendo muita gente obrigada a abandonar as suas casas.

Quem vive os incêndios quer sempre a presença dos bombeiros, mas estes avançam, o que se compreende, para males maiores como casas em risco. Possam os bombeiros em breve descansar de tanta exaustão, porque são mesmo soldados da paz, apesar da escassez de recursos.

E, neste momento, estou a ouvir (talvez) os canadairs tão necessários e bem-vindos. Ainda bem.

Mas, voltando à notícia do jornal The Guardian, a foto mostra Covelo, em Gondomar. Nesse lugar, mora uma senhora que trabalhou uns quarenta anos em minha casa. Ficámos amigas e todos nós reconhecemos as qualidades dela. Neste momento tão difícil para tantas populações, realço uma das suas práticas:  manter uma faixa sempre limpa do terreno junto à casa.

Muitas pessoas e autarquias deviam seguir-lhe o exemplo. Não evitaria este horror provocado por fenómenos naturais e, com certeza, por mão criminosa, mas reduziria tanto sofrimento.

Obrigada, Rosa, por, anonimamente, seguir o lema: ‘olha para o que eu faço’ e não o lema de muitos políticos: ‘olha para o que eu digo’.


segunda-feira, 16 de setembro de 2024

E não custa nada!

 

Conheço casas com jardins ou quintais - ainda que pequenos - onde há uma mesa, uns bancos, mas onde ninguém descansa um pouco ou desfruta das plantas que estão à volta, do céu que nunca se esconde, mesmo com nuvens, não aproveitando nunca esses bens simples e bons.

Esses bancos, onde as pessoas se podiam sentar tranquilamente de vez em quando para manterem ou recuperarem energias, servem muitas vezes para pousar coisas utilitárias que podiam viver noutro lugar e deixar aquele espaço mais livre e mais convidativo. E mais bonito.

Muitas vezes, as pessoas têm as coisas, mas não lhes cumprem a função. Parece que é pecado parar e não fazer nada de vez em quando, se o corpo e a alma pedem um pouco de repouso, ou simplesmente apetece e a paragem a ninguém prejudica.

Parar quando se pode também é preciso, sem culpas nem receios de lembrar a preguiça. E a preguiça, cujo peso pecaminoso se foi esbatendo com o tempo, também pode ser necessária para o equilíbrio humano.

E se se tem um banco no jardim ou no quintal, por que não dar-lhe uso? São dois em um e quem o faz fica a ganhar. E também quem está à sua volta, incluindo as plantas se as houver. Parando um pouco, ouvindo sons da natureza,  cresce a atenção aos pormenores e àquilo que escapa quando a pressa e a azáfama não deixam ver as diferentes cores e muito menos as tonalidades.

Ter as coisas e não as usar também é desperdício e, cada vez mais, temos de as ulilizar o melhor possível. Sobretudo quando não custa nada.


sábado, 14 de setembro de 2024

Olivença, de quem és tu?

Imagem da net


Gostava de ir a Olivença

Terra que não conheço

Muito pertinho de Beja

Para uns é portuguesa

Para outros espanhola

E todos terão razão

Uns dizem ser espanhóis

Outros dizem que Portugal

Lhes está no coração!


E ontem o ministro da defesa

Em cerimónia militar

Vestiu fato de líder político

E mesmo sem ser o momento

Abriu o seu pensamento

E lembrou que Olivença 

Pertence a Portugal

Servindo o assunto do dia

Mesmo sem pôr avental!


E logo criou incómodo

Em pelouros do poder

Que resolveram calar

Porque não era lugar

Pra tal assunto trazer!


E o vento foi despenteando 

O farto cabelo branco

Do ministro que é cioso

Da terra de Olivença

Que entende ser pertença

Do nosso Portugal

Que é dono do ‘bocadinho’

Que está do lado de lá

Mas que por justo direito

Pertence ao lado de cá.


Ainda vai ouvir raspanete

Do seu chefe e primeiro ministro

Que gosta de brilharete

E de apregoado recato

E não do que gera polémica

E que se possa dizer

‘Este ministro é um prato’!


sexta-feira, 13 de setembro de 2024

E estas também são flores…


 … embora não as olhemos do mesmo modo que aquelas que plantamos, regamos,  colhemos ou compramos.
Até preferíamos que ervas e flores daninhas nem aparecessem.

Porém, as abelhas querem-lhes bem porque sem flores - incluindo as bravias e espontâneas - não têm alimentos e não sobrevivem. 

E a humanidade, sem abelhas, também não.


quinta-feira, 12 de setembro de 2024

Ai flores, aí flores, do meu quintal!

 







E impossível não me lembrar desta cantiga de amigo, da autoria de D. Dinis.


segunda-feira, 9 de setembro de 2024

Gosto do silêncio, mas não podia ser monja!



A região do Douro tem paisagens inigualáveis. Vendo-as, à cabeça - consolados que ficam os olhos - vêm-me palavras como beleza, perfeição… 

E há lugares onde mora o profundo silêncio. Nada se ouve, talvez para se ver tudo melhor.

E eu, que gosto do silêncio,  penso para mim ao fim de algum tempo: também me faz falta ver pessoas. Não, não podia ser monja!!!

Isto ocorre-me talvez por aquelas belíssimas paisagens terem a marca da mão humana, reveladora de um trabalho quase divino.


sábado, 7 de setembro de 2024

Tanta coisa aconteceu neste verão!

 

Gosto de chuva mansa, sobretudo quando o quintal e o jardim precisam de água. E não só, é claro, porque a seca vai rasgando o manto da terra.

Fiquei contente quando vi os pingos de chuva a escorrer na janela. Era pouca, mais ou menos como quando o meu neto pega no restinho de água dos copos e deita nas plantas porque também têm sede como nós.

A terra com esta chuva não ficará saciada, mas, pelo menos, refrescada.

Talvez seja o outono a aproximar-se ou pingos de cansaço do verão cada vez mais quente.

Tanta coisa aconteceu neste verão. Felizmente, ainda há calma e paciência para se olharem os pingos de chuva, ainda que escassos.


Bom fim de semana!

sexta-feira, 6 de setembro de 2024

Queria ter coragem de desligar!


Sempre gostei de ver debates sobre os mais variados temas, nos quais também cabe a política.

Mas às vezes fico irritada com o que vejo e oiço (não só com o discurso deste governo!) e, se não mudo de canal, ainda mais irritada fico, sobretudo comigo própria.

Irrita-me, por exemplo, ouvir perguntas a políticos e estes desviarem-se habilmente do que é perguntado, respondendo com coisas vagas, atribuindo culpas aos antecessores, apregoando projetos  para o futuro, ou fazendo crer que tudo é ‘cristalino e transparente’, não se importando, porém, de tornar as coisas ainda mais opacas.

Também me irritam frases feitas que mais não são do que modos de chutar para canto problemas impopulares que não dão votos.

Por exemplo, o caso da privatização da TAP dava para uma tese. São tantos os argumentos, os contra-argumentos, as defesas, as acusações, as verdades de uns que são mentiras para outros tantos…

Outra afirmação que irrita é ouvir políticos acusados e, alegadamente, com provas, afirmar, angelicamente, que têm a consciência tranquila!!!!

E penso para mim própria: era bem melhor continuar a leitura do livro, ao menos, aprendia alguma coisa!

E penso também: ao longo da vida, vamos aprendendo tanto e uma coisa simples como desligar a televisão às vezes ainda custa!


quinta-feira, 5 de setembro de 2024

‘Avó, qual é o mais pior?’

 

Nestas férias, a minha neta - a Clarinha que vive em Londres - esteve cá bastante mais tempo do que é costume, por razões que estão no post anterior.

Eu cheguei a dizer que ‘há males que vêm por bem’, porque assim a Clarinha consolou-se de brincar com os primos e ficou a falar melhor em português. Ah, e aprendeu a andar melhor de bicicleta. Oh, happy days!

E foi captando muito do que ouvia. 

Um dia, perguntou- me: Ó avó, qual é o mais pior,  é dizer Poça!, ou dizer Fogo!?

Embora não goste muito de estar sempre a corrigi-la (até porque acho piada a certas expressões e não quero que se sinta constrangida), aproveitei para fazer a pergunta mais corretamente e ela repetiu ‘qual é o pior’…

Pois bem, pensei uns segundos e respondi:

- Eu acho que é Fogo!, querida.

De repente, ouviu os primos e foi a correr brincar com eles. 

E assim não me perguntou porquê!!!



quarta-feira, 4 de setembro de 2024

Também gosto muito, disse eu!


 
Uma amiga partilhou esta canção comigo. 
Também gosto muito, disse-lhe eu.
Obrigada.


terça-feira, 3 de setembro de 2024

‘Ainda tenho tanta coisa que gostava de fazer!’


Com o início destas férias de verão veio um crescente cansaço e com ele os costumeiros comentários e conselhos:

- É do calor. Tens de descansar mais. Também não paras!

O melhor era mesmo fazer as análises já prescritas há bastante tempo. 

Por email, chegaram os resultados. No meio de letras e números pequeninos, apareciam os valores de uma anemia. Das grandes. 

Em poucos dias, sucederam-se exames. O primeiro -  colonscopia - deu logo o alerta.

Como é possível? Não doía nada! Tudo parecia normal.

Em casa, entravam palavras até então pouco usuais: ferro, consulta, hospital, internamento…

- E agora? E as vossas férias já marcadas?

E eu que não gosto nada de estragar a festa!

- Mãe, há prioridades. O que é preciso é resolver isto quanto antes.

E, num sábado de agosto, veio a cirurgia.

- Como se sente? Correu tudo bem!

Que bom, então.

E ontem a consulta sobre o que já se sabia  sobre o intruso no intestino, que, felizmente, deixou limpas as proximidades da área, onde se tinha instalado e donde foi retirado.

Que alívio!

Mas logo veio a comunicação (já esperada) de quimioterapia e, com ela, as necessárias explicações sobre esse tratamento preventivo.

- Concorda?

- Claro que sim, senhora doutora, se tem de ser…

É que gostava ainda de fazer tantas coisas!


Nota 1 - Façam(os) os exames que os médicos ou  o SNS aconselham. Embora nem sempre apeteça, pode ser que não tenhamos tantos percalços, e sejamos mais felizes, bem como aqueles que nós amamos e que nos amam também.


Nota 2 - Muita saúde para todos e festejemos  a beleza da luz de cada dia. 


domingo, 1 de setembro de 2024

Por falar em Escola…


 Apesar de terem passado muitos anos, tenho  bem presente o meu tempo de conselho diretivo numa escola secundária. As minhas filhas eram muito pequenas e eram quase sempre as últimas a sair da escola (privada que frequentaram até ao quarto ano, passando, depois, para o ensino público até final dos cursos), porque o trabalho na escola parecia multiplicar- se.

Apesar de muito trabalho, tanto na escola como em casa, foram quatro anos que me trouxeram muita felicidade, apesar de muitos constrangimentos. Nesse tempo, as equipas  que geriam as escolas eram eleitas por todos os docentes, ao contrário de agora em que a eleição é feita por um conselho de representantes da comunidade escolar e educativa.

 Nesse tempo, para gerir a escola, não era necessário ter cursos específicos de gestão escolar. Valia-nos o gosto pela boa gestão e harmonia daquela comunidade para a qual havia muito trabalho comum. Ah, e um grande amor ‘pela camisola’. No entanto, sou a favor de cursos de maior especialização.

Os serviços não estavam informatizados como agora. Com tentativas e erros, trabalhávamos no sentido da melhoria dos diferentes setores. Por exemplo, ver os equipamentos da cantina mais modernos foi uma alegria, porque, assim, alunos, professores e funcionários passariam a ter melhores condições de trabalho e de utilização.

Uma área que muito fascinava era ver sucessos dos alunos, fossem eles na avaliação, na participação em atividades, etc., áreas em que muitos professores se empenhavam de alma e coração e em que funcionários também colaboravam.

Foi um tempo de grande entusiasmo e aprendizagem, embora momentos menos bons também existissem, como é natural, e que tentávamos superar.

Em todos os tempos, a gestão escolar - quando desenvolvida de porta aberta - não é fácil e a exigência sempre foi crescente.

Conheço muitos casos de grande dedicação e competência, tanto do passado como no presente. Possa assim continuar porque a vida da escola é um mundo.

 E todos esperam e desejam um Mundo em progresso e sempre melhor.