Aqui no Norte, as temperaturas até costumam ser bastante temperadas. Basta ver o mapa do boletim meteorológico para se concluir que o Sul é, habitualmente, bem mais quente.
Pois bem, nos últimos dias, o calor chegou a todo o país. E de que maneira. Ou melhor, a quase todo o país. Aqui, as temperaturas têm andado pelos trinta e tal graus - eu sei que, por exemplo, no Alentejo, mais de quarenta graus se acendem muitas vezes.
Contudo, quem vai de carro basta andar um par de quilómetros em direção à costa para ver como a temperatura desce. Há dois ou três dias, quando o sol esquentava em terras mais afastadas do mar, em praias de Gaia o vento era frio.
E eu, que não aprecio o excesso de calor, gosto destes contrastes.da natureza. E até no nevoeiro matinal eu encontro beleza. E faz-me recordar verões do início da adolescência. Às vezes, íamos, a minha irmã e eu, com as minhas tias passar o dia numa das praias da Foz. Saíamos de casa muito cedo e, quando chegávamos, se a areia ainda estava fria e as ondas do mar mal se distinguiam por causa do nevoeiro, comprávamos bananas e pão bem fresco - neste caso, ainda quentinho - e comíamos sentadas no muro. Sempre ouvindo reparos austeros das minhas tias para sermos discretas.
E não é que o perfume das bananas - só o encontro nas bananas da Madeira - ainda me traz a recordação desses dias!?
Depois, quando o sol afastava o nevoeiro, descíamos à praia, guardávamos o resto do pão e das bananas e as outras coisas na barraca às riscas - quase sempre azuis - que tínhamos alugado. As minhas tias sentavam - se nas cadeirinhas, que sempre havia nas barracas, e começavam a bordar, elogiando o iodo que fazia muito bem à saúde.
Ao fim da tarde, regressávamos a casa, mas, na viagem, não falávamos das impressões do dia, porque as minhas tias diziam que o mar puxa e estavam cansadas.
Entretanto, já no elétrico, víamos que o nevoeiro tinha voltado. Porém, já sem o perfume e sabor de pão fresco com bananas.