segunda-feira, 14 de setembro de 2020

"Ó sino da minha aldeia"

 

Sábado passado, fui à Igreja que fica perto do lugar onde moro. 

Vi e ouvi tocar o sino.

                                      E logo me veio à memória o poema de Fernando Pessoa: "Ó sino da minha aldeia".

                         Vale a pena lê-lo ou relê-lo, porque há sempre diferentes imagens e sons que nos 

 trazem memórias  - às vezes boas, outras nem tanto, mas que fazem parte da vida.

 

Ó sino da minha aldeia,

Ó sino da minha aldeia,

Dolente na tarde calma,

Cada tua badalada

Soa dentro da minha alma.

 

E é tão lento o teu soar,

Tão como triste da vida,

Que já a primeira pancada

Tem o som de repetida.

 

Por mais que me tanjas perto

Quando passo, sempre errante,

És para mim como um sonho.

Soas-me na alma distante.

 

A cada pancada tua

Vibrante no céu aberto,

Sinto mais longe o passado,

Sinto a saudade mais perto.

 

Fernando Pessoa



domingo, 13 de setembro de 2020

L' école et l'avenir

      Postal enviado pelo Clube das Histórias

s

A escola e o futuro

 

A minha tradução do postal:


Ainda que adorássemos a escola, não tínhamos compreendido

como a instrução era importante, até ao momento em que tentaram impedi-la.

 

Ir às aulas, ler, fazer os deveres não era só um modo de passar o tempo, era 

o nosso futuro.

 

Malala Yousafzai

sábado, 12 de setembro de 2020

Bom almoço!


 Feijão com costelinhas - é fácil de fazer e a família gosta!

 

Partilhando o sol da manhã

 





quinta-feira, 10 de setembro de 2020

Clã - "A Paz Não Te Cai Bem"

 Hoje ouvi que Trump foi ou vai ser proposto para Prémio Nobel da Paz. 

Pensei até que tinha ouvido mal ou que havia um outro qualquer dia de enganos 

e não só o 1 de Abril.

 Paz???? Não lhe cai mesmo nada bem!!!!

Conversa ao fim do dia

 

 - Então, filha, como correu o primeiro dia da primeira classe?

- Adorei, mãe, brinquei muito no recreio. Foi mesmo fixe.

- E da professora, gostaste?

- Muito, mãe, é muito simpática.

- E da sala de aula?

- Também gostei, mas menos.

- Como assim?

- Não tem brinquedos, como as dos anos anteriores!

 

terça-feira, 8 de setembro de 2020

No Auchan, mas podia ser Pingo Doce, Continente...

 

Levantou-se pela hora do costume. Sempre antes das nove. Mesmo vivendo sozinho, parecia ouvir a voz antiga da mãe: daqui a bocado é noite.

Como quase todos os dias, o que tinha para fazer não era muito demorado. Hoje, tinha de ir ao supermercado. A fruta tinha acabado, o pão e o queijo também.

Podia almoçar lá. Uma vez, tinha travado conhecimento com uma mulher bem bonita e sorridente que também estava sozinha a almoçar. Pediu-lhe o número de telefone, ela esquivou-se, mas o prazer do momento já ninguém lho tira.

Podia ser que hoje acontecesse uma situação semelhante e até tomar café juntos. Juntos, isto é, na mesma mesa, porque manteriam as distâncias e também as sociais.

Vestiu uma camisa preta e umas calças da mesma cor. Viu-se ao espelho. Como estava moreno, gostou da imagem que viu. Molhou o pente e penteou o cabelo para trás. Estava um pouco comprido, mas devia ficar-lhe bem, porque já lho haviam dito por duas vezes. Devia ser verdade porque acabaram sempre a frase por: 'A sério!'

Chegou ao supermercado e aproximou-se do balcão. Sentou-se no banco de pernas altas. Olhou à sua volta. As mulheres que via sozinhas pareciam apressadas ou estavam muito interessadas em escolher ou ver os preços dos produtos.

Acabou por almoçar no balcão solitário e triste. Talvez no exterior encontrasse alguém a tomar café e gostasse de conversar um bocado. 

Saiu e dirigiu-se para um dos pontos onde serviam café.

As quatro mesas estavam cheias de gente animada.

Acabou por tomar o café ao balcão solitário. Agora menos triste, mas a alegria estava distante, apesar de a sentir bem perto.

Entrou de novo no supermercado, comprou a fruta, o pão e o queijo e voltou para casa para ver um filme.

No dia seguinte, iria a outro supermercado. Talvez uma roupa mais clara desse mais sorte.


segunda-feira, 7 de setembro de 2020

Flores de Londres

 



domingo, 6 de setembro de 2020

Tal como a formiguinha...


 

sábado, 5 de setembro de 2020

Fui hoje à Feira do Livro do Porto

 

 
Miguel Guedes e Fátima Vieira dialogavam sobre Utopias.
O moderador era o extraordinário jornalista da TSF - Fernando Alves

 
O jardim do Palácio de Cristal tem bocadinhos de paraíso.



Dois livros para a Clarinha. Vou lê-los antes de os enviar.

 

 

Com a mosca!

 

Que raio de título - pensarão.

E eu digo:  que raio de moscas! 

Chego à cozinha, vejo moscas. Vou à sala, moscas vejo. Abro o computador, pousa-me uma mosca nos dedos nos nos braços. Irritante.

Nos últimos dias, andei com umas pequenas obras em casa. As janelas tinham de estar abertas por causa do pó. E assim ficaram abertas às moscas, porque há campos e árvores muito próximos. 

Não gosto muito de usar inseticidas, mas lá terá de ser.

Para não ficar como o meu pai dizia muitas vezes: com a mosca!

 

sexta-feira, 4 de setembro de 2020

Com postais também se matam saudades!

 


Flores da época



 

quinta-feira, 3 de setembro de 2020

No Lugar do Desenho

 


As fotos

Talvez não me aconteça só a mim. Quando arrumo ou organizo fotografias, sinto sempre alguma nostalgia.

Impossível conter palavras ou pensamentos quando se olham fotos já com uma série de anos, do tempo em que eram em papel e o fotógrafo colocava os negativos numa separação do envelope, para serem reproduzidos quando se quisesse.

Olha, como eras tão pequenina. O sorriso já era como agora. 

Como os meus pais eram novos e bonitos.

Tanta gente no casamento e todos tão juntos na foto de grupo.Sem os medos de agora.

Como tocavam bem viola. Gostava tanto de ouvir.

Que saudades das paisagens de inverno em Trás-os-Montes.

Tantos que já partiram.

Aqui gosto mais de me ver. 

Pareciam tão apaixonados e agora nem se podem ver nem pintados.

Quem diria que a farta cabeleira daria lugar a careca tão completa. 

Parece que ainda estou a ouvir o que dissemos naquele dia.

Que caracóis tão vincados.

Perdi-os completamente de vista. O que lhes terá acontecido?

Os passeios que dávamos eram tão divertidos.

Tudo parecia eterno.

E as blusas aos folhos! Um tempão para passar a ferro.

Não quero morrer sem voltar aos Açores.

Como era magrinha.

...

O tempo é mesmo um grande escultor, como escreveu Marguerite Yourcenar.

Espalhadas, muitas fotos estão à espera de novas caixas para serem guardadas, porque as antigas estavam cheias de bolor. 

No fundo, procura-se guardar pedaços de tempo. Tarefa inglória a que não escapa a nostalgia.

Mas também se foram bons os momentos vividos, o tempo já não os tira. Como os menos bons, é claro.


quarta-feira, 2 de setembro de 2020

Ai os acentos!

Hoje no Expresso Curto:

 

       O verbo "Estar", no pretérito perfeito, não tem acento. Ai, ai, senhores do Expresso!!!

 

Pagar ou apagar a multa, eis a questão!!!!

 

                      Notícia da TVI há bocadinho (a gralha, engraçada, foi corrigida de seguida)!


Sérgio Godinho - "O Novo Normal" - a que temos de nos habituar!

"No novo normal
Há cidades inteiras
Por onde rasgaram
Invisíveis poeiras
Malignas benignas
Ninguém sabe se sabe
Nem que acaso ou que destino nos cabe
O novo normal
É terreno minado
De acasos
No novo normal
Caem corpos à sorte
Em valas comuns
Num silêncio de morte
Cortado somente
Por soluços distantes
Longe vão os tempos de ser como dantes
No novo normal
Nunca nada vai ser
Nunca igual

Dadas as circunstâncias
Mantenha as distâncias
Respeite os espaços
Controle essas ânsias
De beijos e abraços
Refreie as audácias e as inobservâncias

Escolha bem as audácias
Refreie essas ânsias
De beijos e abraços
Dadas as circunstâncias
Respeite os espaços

No novo normal
Nunca são contas feitas
Acordaste informado
E ignorante te deitas
E amanhã pela manhã
Será que algo mudou
(tudo) não passou de um pesadelo fugaz
Uma história do medo
Largada ao ouvido
Em segredo

No novo normal
Há grandes filas de fome
Nomes tão desgastados
Até deixar de ter nome
Até que o medo não tenha
Racionais fundamentos
E seja só um buraco negro no céu
Um horizonte de eventos
Memorial do que
Se viveu

Dadas as circunstâncias
Mantenha as distâncias
Respeite os espaços
Controle essas ânsias
De beijos e abraços
Refreie as audácias e as inobservâncias

Escolha bem as audácias
Refreie essas ânsias
De beijos e abraços
Dadas as circunstâncias
Respeite os espaços"

terça-feira, 1 de setembro de 2020

Hoje é dia de vários recomeços

 
Recomeça

Sem angústia
E sem pressa.
E os passos que deres,
Nesse caminho duro
Do futuro
Dá-os em liberdade.
Enquanto não alcances
Não descanses.
De nenhum fruto queiras só metade.

E, nunca saciado,
Vai colhendo ilusões sucessivas no pomar.
Sempre a sonhar e vendo
O logro da aventura.
És homem, não te esqueças!
Só é tua a loucura
Onde, com lucidez, te reconheças…

Miguel Torga