Abro a porta. A minha cadela, como quase sempre,
aproxima-se quando ouve os primeiros movimentos da manhã.
Nuvens pesadas. Talvez venha chuva. Talvez anunciem trovoada.
Ninguém diria depois do dia de ontem, em que vi Espinho com um sol apetitoso e
esplanadas cheias e luminosas.
Como é domingo, pequeno-almoço mais pausado.
Televisão ligada. Baixinho. Desfile das capas de jornais. O incontornável,
insondável, impensável BES. Sempre. Notícias sobre o que se sabe ou se julga
saber, porque o incontável resto está no segredo dos (que se julgam) deuses.
Depois, Revista da Imprensa com Pedro Chagas
Freitas, um jovem apresentado como Vencedor de vários prémios literários. Disse
já ter sido barman, nadador salvador e tudo lhe permitiu ser feliz e conhecer o
mundo à sua volta.
Gostei de o ouvir falar de um livro que escreveu – Prometo falhar. Esclareceu que não faz a
apologia do erro, mas que este é inerente à vida humana. E julgo que também o
ouvi dizer que o amor só acontece quando se admite o próprio erro e o do outro.
Atenção, perfecionistas, cuidem-se!
E falou do uso da vírgula – um dos sinais de
pontuação que tem sido motivo de estudo e de reflexão de uma pequena mas
empenhada Oficina de Língua de que faço parte.
Pois, a propósito deste sinal gráfico, que tantas
vezes é tão mal usado, mas que pode alterar todo o sentido do que queremos
dizer, Pedro Chagas Freitas referiu o uso de peças de lego, em cursos de
escrita criativa, para exemplificar “os blocos” que a vírgula ajuda a
construir.
E fico-me por aqui. O texto já vai longo. Apesar de
as frases serem curtas, usei mais de uma dezena de vírgulas.
Se falhei, o que é natural, foi apenas erro meu e não
por ser domingo!