terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

O raminho de violetas


Um post revisitado


Diante de mim, estava um raminho de violetas.  Olhei-as, peguei nelas, senti-lhes o perfume e,  enquanto as punha na água, revi imagens passadas. 

Em ruas do Porto, perto do mercado do Bolhão, havia vendedeiras de violetas. As belas flores miudinhas estavam em pequenas cestas, arrumadas em raminhos, e atraíam os transeuntes, sobretudo os namorados. 
Lembro-me que  também as recebi. Quero crer que foi por amor.




domingo, 22 de fevereiro de 2015

Eles enfrentam as diferentes danças!



quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Árvores e flores - sempre


terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Depus a máscara

Depus a máscara e vi-me ao espelho. —
Era a criança de há quantos anos.
Não tinha mudado nada...
É essa a vantagem de saber tirar a máscara.
É-se sempre a criança,
O passado que foi
A criança.
Depus a máscara, e tornei a pô-la.
Assim é melhor,
Assim sem a máscara.
E volto à personalidade como a um términus de linha. 


Álvaro de Campos (
Heterónimo de Fernando Pessoa) in Poemas,



 Máscaras de Lazarim

domingo, 15 de fevereiro de 2015

Carnaval

Máscaras de Lazarim (Lamego)

Caretos de Podence

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

Com Amor na Expressão

(Im)Perfeições do Amor




Nós temos cinco sentidos

Nós temos cinco sentidos:
são dois pares e meio de asas.

- Como quereis o equilíbrio?
David Mourão Ferreira








Paula Rego
Dórdio Gomes

As sem-razões do amor

Eu te amo porque te amo,
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.

Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no eclipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.

Eu te amo porque não amo
bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.

Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.
Carlos Drummond de Andrade

Canção do amor-perfeito
 
Eu vi o raio de sol
beijar o outono.
Eu vi na mão dos adeuses
o anel de ouro.
Não quero dizer o dia.
Não posso dizer o dono.

Eu vi bandeiras abertas
sobre o mar largo
e ouvi cantar as sereias.
Longe, num barco,
deixei meus olhos alegres,
trouxe meu sorriso amargo.

Bem no regaço da lua,
já não padeço.
Ai, seja como quiseres,
Amor-Perfeito,
gostaria que ficasses,
mas, se fores, não te esqueço.
Cecília Meireles

Pedro Calapez











quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

"Todas as Cartas de Amor são Ridículas"


Klimt
Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.

Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.

As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.

Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.

Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.

A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas.

(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas.)

Álvaro de Campos, in "Poemas"
Heterónimo de Fernando Pessoa


Uma carta de Pessoa a Ophélia...



Bébézinho do Nininho-ninho
Oh! Venho só quevê pâ dizê ó Bébézinho que gostei muito da catinha d’ella. Oh!
E tambem tive munta pena de não tá ó pé do Bébé pâ le dá jinhos.
Oh! O Nininho é pequinininho!
Hoje o Nininho não vae a Belem porque, como não sabia s’havia carros, combinei tá aqui ás seis o’as.
Amanhã, a não sê qu’o Nininho não possa é que sahe d’áqui pelas cinco e meia (isto é a meia das cinco e meia).
Amanhã o Bébé espera pelo Nininho, sim? Em Belem, sim? Sim?
Jinhos, jinhos e mais jinhos
Fernando
31/05/1920