Eu acho que deveria
haver o Dia da Lembrança. Mas não me refiro ao souvenir, nem à “recordação” que gostamos de trazer para a família
e amigos, muito embrulhadinha, de sítios distantes que visitamos. Não, nada
disso. Para mais, os dinheiros vão sendo poucos. Seria o Dia da Lembrança
Completa e Verdadeira.
Juntavam-se as
perguntas que, por direito, se fazem a ministros e às quais, por dever, teriam
de responder. Seria uma espécie de máquina da verdade, mas sem máquinas nem
aparelhos complexos a forjar argumentos para o motor andar em busca de novas
peças.
Não sei se me
faço entender.
Por exemplo,
nesse Dia da Lembrança, perguntava-se a um ministro:
Senhor Doutor
(eles gostam, embora alguns não sejam doutores), o Senhor (convém escrever com
letra maiúscula) declarou os seus vencimentos ao Fisco?
Convém não
acrescentar “como nós, os cidadãos comuns”. Eles não gostam, chamam-nos piegas
e mudam habilmente de assunto.
Ora, nesse
Dia, se o Sr Ministro dissesse que não sabia, que não se lembrava, que não
tinha presente, que de certeza que sim porque sempre assim faz, que tem a
consciência tranquila, que vai entregar o caso a quem de direito, que tem de
ter tempo para pensar porque é remediado, mas não rico em todas as memórias e
outras generalidades, mesmo que fossem ditas em tom pausado e sério, revelador
do “sentido de estado” - tão apreciado pelos políticos (às vezes fecham os
olhos como se estivessem a cantar um fado aos pobres cidadãos) - haveria um
sinal revelador de que o que estava a ser dito era só para encher salsichas (O
Sr 1º Ministro falou delas a propósito da Educação).
Não sei muito
bem como esse sinal poderia ser emitido, mas o projeto seria entregue, por
concurso alargado (não só a familiares e amigos), com regras e fórmulas claras,
o que faria com que o número de licenciados que emigram também fosse menor.
Pois, se tal
acontecesse, os políticos com grandes esquecimentos tinham de apresentar um
atestado médico como padecem de uma doença que lhes afeta a memória. E disso
eles não gostam, porque apregoam que nunca estão cansados, que estão sempre preparados
para o que der e vier, “que não têm dúvidas e raramente se enganam”…
Vá lá, é só um
dia. Ainda restam mais de 360 para continuar a mentir!