domingo, 14 de setembro de 2014

Assim, a Feira do Livro do Porto está bem melhor!


          Falei há dias de “um sobe-e-desce” dos estrados na Feira do Livro, no Porto. Pois bem, a situação alterou-se. Deve ter havido muitas vozes que se levantaram, sendo, felizmente, ouvidas.
Agora, os estrados estão ligados, sem interrupções, ao longo dos stands e existem rampas para facilitar o acesso a todos e não só a quem sobe e desce com facilidade.
O espaço dos Jardins do Palácio é motivador, as atividades culturais são ricas e abundantes. E os livros, que são a razão da Feira, ganham em visibilidade. Ainda bem!

Porque hoje é domingo



Abro a porta. A minha cadela, como quase sempre, aproxima-se quando ouve os primeiros movimentos da manhã.
Nuvens pesadas. Talvez venha chuva. Talvez anunciem trovoada. Ninguém diria depois do dia de ontem, em que vi Espinho com um sol apetitoso e esplanadas cheias e luminosas.
Como é domingo, pequeno-almoço mais pausado. Televisão ligada. Baixinho. Desfile das capas de jornais. O incontornável, insondável, impensável BES. Sempre. Notícias sobre o que se sabe ou se julga saber, porque o incontável resto está no segredo dos (que se julgam) deuses.
Depois, Revista da Imprensa com Pedro Chagas Freitas, um jovem apresentado como Vencedor de vários prémios literários. Disse já ter sido barman, nadador salvador e tudo lhe permitiu ser feliz e conhecer o mundo à sua volta.
Gostei de o ouvir falar de um livro que escreveu – Prometo falhar. Esclareceu que não faz a apologia do erro, mas que este é inerente à vida humana. E julgo que também o ouvi dizer que o amor só acontece quando se admite o próprio erro e o do outro.
Atenção, perfecionistas, cuidem-se!
E falou do uso da vírgula – um dos sinais de pontuação que tem sido motivo de estudo e de reflexão de uma pequena mas empenhada Oficina de Língua de que faço parte.
Pois, a propósito deste sinal gráfico, que tantas vezes é tão mal usado, mas que pode alterar todo o sentido do que queremos dizer, Pedro Chagas Freitas referiu o uso de peças de lego, em cursos de escrita criativa, para exemplificar “os blocos” que a vírgula ajuda a construir.
E fico-me por aqui. O texto já vai longo. Apesar de as frases serem curtas, usei mais de uma dezena de vírgulas.
Se falhei, o que é natural, foi apenas erro meu e não por ser domingo!

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Dúvida


A dona Margarida
Gostava tanto de flores
Que as ouvia como a ninguém
Porque da sua vida
Eram os principais amores

Conhecia-as por dentro e por fora
Desde a raiz à flor
Por isso se aproximava delas
Como dos filhos a mãe
Falando-lhes com amor

As flores de dona Margarida
Cresciam sempre viçosas
Eram todas bem tratadas
Desde as mais pequeninas
Até às perfumadas rosas

E toda a sua vida
Regou, podou e à raiz terra juntou
E se lhe perguntassem
“Por favor, dona Margarida,
Qual a maior beleza que Deus criou?”

Olhando as flores
Sentindo que precisavam de água
Pelos olhos a resposta logo se pressentia
Mas para evitar dissabores
E não causar qualquer mágoa
“As pessoas, claro”, responderia!


quinta-feira, 11 de setembro de 2014

O caixilho



O dia do casamento foi esplendoroso. A chegada da noiva, no seu vestido alva e longamente bordado, fez esquecer a longa espera dos convidados. Os pés deixaram de doer pelo aperto dos sapatos altos e as gravatas já não pediam o alongamento do pescoço em busca de algum alívio.
Belo casal. Belas fotografias tiradas dentro e fora da igreja. O que era difícil era escolher a mais bela pela luz e pela captação dos sorridentes momentos.
A mãe da noiva gostou tanto de uma fotografia que resolveu encaixilhá-la e oferecê-la ao casal. Ficaria num lugar bem visível da casa.
Os dias passaram, os meses também e já se contavam três anos de casamento. Três anos é pouco tempo, mas é muito quando se fecham todos os sorrisos e desaparecem os motivos para uma espera compensadora.
Como as discussões não abrandavam nem as palavras se adoçavam, o casal optou pela separação. O melhor era cada um seguir a sua vida e para isso era preciso que os teres e haveres fossem divididos. Alguns foram devolvidos à procedência.
Assim sendo, um dos primeiros objetos a ser retirado da casa foi a fotografia. Nem mais. Ele iria levá-la já a casa da ex-sogra, que a tinha emoldurado e oferecido. Como a senhora não estava em casa, o ex-genro deixou o objeto. Esteve para escrever e juntar um bilhete, mas não o fez, porque disse, de viva voz, ao ex-sogro que, atendendo à separação, gostaria de devolver a oferta. Que não levassem a mal, mas nenhum dos dois queria guardar a fotografia e não queriam destruí-la.
Três dias passaram. Ao abrir o mail, o ex-genro viu uma mensagem da ex-sogra, onde se lia que aceitava a devolução da fotografia, porém, fazia questão de uma coisa importante: ele tinha de lhe pagar o dinheiro que tinha gasto no caixilho!