quinta-feira, 29 de dezembro de 2022

A melhor hora

 

Subimos até ao castelo de S. Jorge, em Lisboa.

Não é fácil a subida. O piso íngreme é de pedras rugosas. Seis da tarde. Mais uma hora e fecha o portão de acesso.

Chegam duas turistas junto do guarda da entrada. Ofegantes da subida, mas não menos entusiasmadas, perguntam em alta voz:

Qual a hora melhor para a visita?

De manhã, entre as 9 e as 11, responde ele com um sorriso moldado por  incontáveis perguntas e respostas semelhantes.

Elas desistem da visita, deixando-a para amanhã, embora ainda pudessem fazê-la hoje.

Já depois de o bilhete ter cumprido a sua função, vamos até ao miradouro donde se vê muita cidade, neste caso quase sem sol que se veja.

Por cima de nós, Lua e Júpiter em brilho palpitante. Ao longe, bem mais rasante, a linha da luz intermitente de um avião.

Sento-me num banco de pedra e digo-lhes que continuem a subida até à parte mais alta do castelo e que eu prefiro ficar por ali.

Fico a olhar quem chega, quem tira fotos, quem posa, quem se alonga na visita, quem se afasta logo depois de um olhar breve...

O calor luminoso do dia vai-se apagando, a noite chega arrefecida, mas as luzes da cidade lá ao fundo mantêm-na ao alcance do nosso olhar, se bem que distante.

Ainda bem que não esperámos pela 'melhor hora'. Mais difícil de encontrar do que subir ao castelo de S. Jorge quando as pernas pedem descanso.

 


 

6 comentários:

  1. Passando, vendo, lendo, elogiando, e deixando votos de um:
    .
    Feliz Ano Novo para si e família
    .
    Pensamentos e Devaneios Poéticos
    .

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  2. Há anos que prefiro sentar-me, vendo o que me passa pelos olhos enquanto o resto da comitiva sobe a pontos altos e de muito degrau. Talvez eles tenham, lá de cima, uma vista melhor. A minha é, de certeza, mais variada.
    Que o novo ano lhe traga o que precisa e deseja, Maria.

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    1. Também gosto muito de ficar quieta e com tempo a observar e a 'fotografar' tanta coisa que vai passando diante dos olhos, algumas bem curiosas.
      Obrigada, Bea, pelos votos e o mesmo lhe desejo para o novo ano que está quase a chegar. Espero que lhe traga muita saúde e muitas alegrias.
      Um abracinho

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  3. Minha avó morava na encosta do Castelo, Maria Dolores. Na minha infância quando a visitava era passeio garantido.

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  4. E nessa altura devia ser bem diferente de agora, menos turístico e sem pastéis de bacalhau com queijo da serra no meio!!!
    Gosto muito de Lisboa, apesar de lá ir poucas vezes. E lugares, como o Castelo de S. Jorge, regalam sempre os nossos olhos.
    Bom Ana Novo, Joaquim!

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