segunda-feira, 28 de junho de 2021

Fotos

 

Conheço várias pessoas que não gostam de ver fotografias antigas. Ou por saudade de outros tempos, ou por aversão a dias vividos, ou por questões que só cada um conhece...

Quando vejo álbuns antigos, habitualmente acho que as pessoas que conheço eram mais bonitas. E mais magras. E mais ágeis. E mais risonhas. E mais felizes. E mais saudáveis.

Porém, quando vejo as fotos daqueles que amo com ar triste, não consigo demorar nelas o olhar e é grande a vontade de rasgar aquele papel grosso e, quase sempre brilhante, que gravou o momento, sem dó nem piedade, retirando-lhe o brilho da alegria.

Como se fosse possível rasgar pedaços menos felizes do passado e esquecê-los, pondo-os no contentor.

Pensando que é possível fazer a reciclagem do tempo e de muito que ele traz.  Ou já trouxe.

 

12 comentários:

  1. A vida é composta de grandes coisas e, também, de pequenos nadas. Cada momento da vida tem os seus quês que, em foto, podem ficar gravados nos mais ínfimos pormenores. A vida é mesmo assim. Temos de a saber entender e compreender.
    .
    Votos de uma semana feliz
    Cumprimentos poéticos
    .
    Pensamentos e Devaneios Poéticos
    .

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. E às vezes são esses bons pequenos nadas que ficam e nos trazem gratas recordações.
      Bom início de semana, Ricardo

      Eliminar
  2. Bom dia
    Em tardes domingueiras de chuva , passo horas a ver álbuns de fotografias de familiares e locais onde passei e claro recordações dos bons momentos que passamos .
    Não sei se algum dia alguém as guarde ou simplesmente as ignore e as ponha ao lixo .

    JR

    ResponderEliminar
  3. E faz muito bem, Joaquim. É lugar comum, mas recordar também é viver. Pelo menos reviver.
    Os seus álbuns vão ser guardados, com certeza. Às vezes pensa-se que os mais jovens 'não dão valor', mas dão. Ou, pelo menos, chega um tempo que passam a dar.
    Que o dia de hoje lhe traga boas recordações.

    ResponderEliminar
  4. Gosto de rever fotos antigas, tenho mesmo três que olho diariamente. E não me dá vontade rasgar as que mostram a tristeza de gente que gosto. Em alguns casos compartilhei dessa tristeza e é assim que os rostos me acodem ao espírito. Há gente com pouca oportunidade para sorrisos alegres. Que se há-de fazer senão guardá-los como os lembramos, ser-lhes fiel.
    Mas é bem verdade que a juventude ou mesmo a adultícia ainda jovem tem esse descomprometimento e leveza. Não é tanto uma questão de sermos mais magros e menos enrugados. É mais certo peso mental que o corpo acusa e se reflecte sobretudo no olhar e em certo rito fechado e até desiludido que o rosto trai. Acontece. Somos e não somos os mesmos, como as águas do tal rio.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. As fotos e também o modo como as olhamos dizem muito de nós, face aos que amamos. Os comportamentos diferem muito, tal como os graus de coragem, de entendimento e aceitação, por exemplo, perante lembranças de obstáculos da vida.
      Para alguns, preferir expressões felizes será optar por um sinal mais de que precisa. Daí pôr certas fotos numa caixa grande e à parte. Reconheço, no entanto, que a opção não é a mais madura.
      Mas, como 'somos e não somos os mesmos' com o passar dos dias, talvez a tal caixa grande e à parte tenda a ficar mais leve.
      Bom fim de tarde, Bea.


      Eliminar
    2. A caixa é o menos. Mas se ficar mais leve a caixa a alivia a si, não há por que hesitar, Maria.

      Eliminar
  5. Pois eu adoro ver fotografias antigas. Sejam minhas, dos meus filhos, netos quando bem pequenininhos ou de quaisquer outros familiares. Adoro!
    Isso de deitar ao contentor fotos do passado, só pode ter sido força de expressão, amiga Mª Dolores. Quem, em sua sã consciência, faria tal atrocidade a um tempo já vivido?

    Beijinhos enfeitados à moda de bilhetes postais ilustrados, antigos. :-))

    ResponderEliminar
  6. Não creio que os mais novos percam tempo com fotografias das antigas, em papel e em álbuns. Gostam mais do digital, do descartável, talvez possa até dizer do efémero. O tempo e os avanços tecnológicos ditam as regras e o povo acaba, sem se dar conta, por aceitar tudo o que nos colocam à frente. Agostinhos da Silva são uma espécie há muito extinta. Isto até seria um tema interessante para uma conversa, mas não quero maçar mais a Maria Dolores nesta bela tarde.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. A vida, Joaquim, vai evoluindo. Tenho vários álbuns, uns com o crescimento das minhas filhas, outros de viagens, outros em família, etc. Fazia até acompanhar muitas fotos de legendas que escrevia à mão. Julgo que as minhas filhas gostam de saber que tenho esses álbuns e já me têm pedido fotografias quando precisam.
      No entanto, as fotos dos meus netos já são quase todas digitais. Mando imprimir só algumas.
      Os Agostinhos da Silva também têm direito à vida, embora haja adaptações, o que também agrada aos que nos estão próximos. E a nós próprios, é claro.
      Não maça nada, Joaquim, e desejo-lhe um belo fim de tarde.

      Eliminar
  7. Também olho muitas vezes para as fotografias antigas, sobretudo as que tenho expostas. Procuro mesmo que 'dialoguem' umas com as outras, orientando a direção dos olhares. E quando passo por algumas das fotos, sorrio-lhes sempre.
    Se calhar, por dificuldade minha, prefiro expor as que parecem mais felizes. As outras ficam nos álbuns, sem lugares vazios, é claro.
    Um beijinho, Janita.

    ResponderEliminar
  8. Os nossos passados possuem marcas, que muitas vezes da vontade real de apagar, mas... muitas vezes são nosso alicerce que nos tornaram o que somos hoje.

    Forte abraço 💚🌿
    Calebe Borges

    ResponderEliminar