sexta-feira, 9 de setembro de 2022

Morreu a rainha e a coroa já espera o rei

 

Nunca fui muito de monarquias nem de grandes poderes herdados sem ser por mérito ou eleição. No entanto, dou valor à rainha Isabel II, sobretudo pela persistência, coerência e amor pela vida. Ela teve o privilégio de ter uma existência longa e de ser muito apreciada no seu país e pelo mundo fora.

Quando eu soube da morte da rainha, estava com a minha mãe e não tive coragem de lhe dizer. Nascida no mesmo ano que a monarca - 1926 - via nela uma das figuras da terra mais admiradas, sobretudo pelas notícias, muitas delas vindas do passado longínquo. Isabel II foi sempre um ídolo para a minha mãe.

Neste momento, já deve saber do falecimento de que toda a gente fala e em breve vou saber as suas impressões. Vai-me dizer de certeza que, atendendo à idade, o mesmo fim está para lhe acontecer. Eu, por mim vez, vou repetir que nunca se sabe e que na nossa família alguns partiram bem cedo. Como gosto sempre de amenizar, lá virá aquela de que chegará pelo menos aos cem.

Voltando ao assunto que ocupa por estes dias todos os meios de comunicação social, às vezes interrogo-me sobre o interesse da monarquia para um país e o que encontro é sobretudo a importância dos negócios e do emprego para muita gente. Para além deste lado mais prosaico, a vida real, considerada de sonho e recheada dos mais belos e dispendiosos adereços, assume uma dimensão mágica na vida de muitas pessoas. Se essa dimensão não existir, desta forma ou doutra, a vida fica mais triste. Se tal acontecer, que a festa continue, mas que as despesas pagas por tantos cidadãos sejam reduzidas ou cessem, assim como os privilégios nas contas da realeza.

Tenho lido que muitos elementos da família real britânica contribuem, com trabalho, para que quem precisa possa viver melhor, na área social, desportiva, artística, etc. Ainda bem que tal acontece porque têm posses, tempo e influência, embora o invólucro luxuoso dessas personagens mediáticas seja o que costuma chamar mais a atenção, pela ilusão que alimenta.

Ontem a rainha morreu num palácio na Escócia, aonde rumou a família mais chegada da monarca, para despedida e homenagem bem merecidas. Por nascimento - e também por mérito, neste caso, acho eu - , ela teve acesso a bens, como a natureza, dos quais pôde usufruir plenamente. Contudo, viveu muitos desgostos, por erros graves de familiares. Parece que foi estoica ao ter de os enfrentar como corrupção, violência sexual, etc.

Que a rainha descanse em paz.

Quanto ao rei, finalmente terá a sua coroa. Com ou sem espinhos, como noutros regimes políticos.

 

7 comentários:

  1. Durante muitos anos pensei como a Maria Dolores, depois fui mudando ligeiramente o meu significado sobre monarquias e hoje em dia, para além de as ver como um símbolo de permanência num mundo em que tudo é perene, sinto-as como, vou dar um exemplo que me ocorre de momento, com um amor ao país como se fossem donos dele, autênticos proprietários que zelam pela sua casa, em vez dos inquilinos que se encontram de passagem, partem e estragam se tiver de ser e limitam-se a pagar a renda e a devolver a casa (o país) a quem vier atrás.

    A sua atitude com a sua mãe foi muito sábia, ponderada e reflectida, como sempre nos habituou. Boa tarde e parabéns pela longevidade dela.

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    1. Bom dia, Joaquim, que bom voltar a 'vê-lo'.
      Compreendo o seu ponto de vista e governantes que zelem pelo bem-estar de todos e preservação do nosso diferente património é muito importante, mas custa-me ver 'donos de um país', independentemente do regime a que pertencem.
      Para além disso, noticias mostram que figuras da monarquia em diferentes países não são exemplares como deveriam ser, continuando a usufruir de bens a que pouquíssimos têm acesso e podendo continuar nos cargos durante muitos anos, sem serem escrutinados.
      Como muita gente, não fiquei indiferente à vida e morte da rainha e, também como muita gente, não sou indiferente aos encantos festivos de realeza tão mediática.
      No entanto,sobre a dedicação amorosa ao seu país, já ponho as minhas dúvidas. Seja como for, paz à alma da monarca.
      Um bom fim de tarde, Joaquim.

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  2. Chegou a vez dela. Paz à sua alma.
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    Cumprimentos poéticos
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    Poema: A Lua de Mel de um Gafanhoto
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    Pensamentos e Devaneios Poéticos
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    1. E teve uma vida bem longa e bem boa. Sim, que descanse em paz.
      Boa semana, Ricardo.

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  3. Que Isabel II descanse em paz. Como boa supersticiosa, desgosto do rei e mais de sua partnaire. Mas posso mudar em qualquer altura. Não me interessam assim tanto.

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  4. Confesso que passei algum tempo a ouvir e a ver notícias, após a sua morte. Nesta altura, também desejo que descanse em paz.
    Um abracinho, Bea, e boa semana.

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  5. Não acho "piada" à monarquia em pleno século XXI

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