sexta-feira, 31 de outubro de 2025

Andamos nervosos ou é de mim?

 

Conheço um casal de brasileiros que vive em Portugal há uns anos. Ela diz que só soube o que era andar na rua sem medo aqui em Portugal. Com um brilhozinho nos olhos, fala da segurança que agora sente e, apesar de ter saudades do Brasil, diz que não quer voltar. Só se for para visitar a família e os amigos. Estão legalizados, trabalham, pagam impostos e têm um filho.

Quando ela me fala da maravilha que é andar fora de casa e a qualquer hora sem medo, eu lembro-lhe que aqui também há assaltos, roubos, etc. Ela sorri e diz: Nada a ver!

Para além desta grande dose de paz e segurança, que muitos querem contrariar,   sinto que muitos portugueses andam tristes. Para além da tristeza, existe  solidão e descrença em políticos e em instituições. Não se sabe se o que dizem é verdade, meia verdade, mentira ou jogo político só para caçar votos e continuar no poder. Por isso, desconfia-se cada vez mais de tudo e de todos.

Assistir, por exemplo, a uma sessão na Assembleia da República revolta, dececiona e cria um grande vazio. Todo aquele barulho, o ver quem arrasa mais o outro, o riso de escárnio, o insulto, as palavras indecentes, o desrespeito, as falácias, fazem com que o comum dos mortais se sinta confuso e cada vez mais só.

Andamos nervosos. E desconfiados. E desiludidos. E acabrunhados. Se for só de mim, é melhor.

Para muitos imigrantes somos, de facto, um oásis. Não pelas mentiras que os extremistas inventam, como a história dos subsídios a torto e a direito,  mas pelo que encontram que é bem melhor do que a realidade dos seus países.

Também muitos portugueses emigram em busca de uma vida melhor e de mais reconhecimento. Nos países que os acolhem, trabalham, pagam impostos, constituem família  e não querem voltar.

Mas disto não se fala porque não dá jeito.

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