domingo, 19 de fevereiro de 2023

Ontem foi para mim um dia bom

 


As Correntes D'Escritas já contam com mais de vinte edições. Ontem, sábado, fui lá, pela primeira vez, ao Cine-Teatro Garrett, na Póvoa de Varzim.

A grande figura homenageada este ano foi Ana Luísa Amaral, para além de Nélida Piñon e Luís Sepúlveda. As comunicações na sala principal eram subordinadas a um verso da Poeta que nos deixou no ano passado e que também nos deixou uma grande obra. 

Para além dos seus poemas que os oradores liam ou referiam, também ouvimos falar das suas compotas, das quais gostosamente partilhava receitas, dos sabores inesquecíveis da carne assada com batatas que cozinhava com esmero para os amigos, do amor pela vida e pelos prazeres que ela  proporciona, etc.

 

 Esta foi a primeira sessão da manhã de ontem: um painel com Afonso Reis Cabral (que falou da inspiração, mas que me pareceu um tanto abstrato, se calhar, por dificuldade minha), Bernardo Pinto de Almeida (que abordou a criação artística, mas cujo saber tamanho era, para mim, difícil de acompanhar), Gonçalo M. Tavares (que ilustrou a sua comunicação com imagens e não esqueço a de uma pessoa que se servia de um prato cheio de moedas), Marcial Gala (que falou da liberdade em Cuba e da falta dela também) e Patrícia Portela (que leu uma crónica bem humorada sobre o real que se vai intrometendo em muitos momentos felizes que parecem ficção). A moderação do debate foi de João Gobern.
O mote foi 'Se o real me parece uma coisa desigual', verso de 'Alexandrínicos Dilemas' in O olhar Diagonal das Coisas de Ana Luísa Amaral.

O painel da tarde começou, tal como o da manhã, à hora prevista, outro bom exemplo. O mote foi dado pelo verso 'Escrevo para a posteridade do que é nada', do poema 'Posteridades', in O olhar diagonal das coisas. Presentes estiveram Pedro Eiras (que parecia ler a sua comunicação pela perfeição do encadeamento das ideias e, afinal, só nomes tinha registado), Sandro William Junqueira (que contou histórias hilariantes do avô, para chegar às histórias que conta querendo torná-las verdades belas) e Onésimo Teotónio Almeida, cuja comunicação teve muita graça e também emoção quando falou da boa amizade que o ligava a Ana Luísa Amaral e quando leu vários dos seus versos. A moderação do painel foi de Maria Flor Pedroso.

E que bom foi estar um dia perto de livros; de palavras ditas, lidas e escritas; de escritores, de afetos...

Ah, outra coisa boa e bonita foi as Correntes irem às escolas, motivando professores que, por sua vez, motiva(ra)m os seus alunos para a leitura e para a escrita.

Ontem, foi mesmo um dia bom para mim.

 

8 comentários:

  1. Acredito que seja um espetáculo digno de ser visto
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    Um Carnaval alegre e feliz. Saudações poéticas
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    Poema: “” É Carnaval: Brinque-se … ””…
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  2. Já quis muito assistir às Correntes d'Escritas, mas já me passou. Talvez por existirem várias entrevistas a escritores e a quem deles fala, na net, escusando a deslocação. Contudo costumo ouvi-las - o que é transmitido - no programa "A força das Coisas" de que agora, por acaso, tenho andado um tanto afastada. E, se fosse caso de opção, escolhia sem delongas o painel da tarde.
    Obrigada, Maria Dolores. Pelo menos sabemos como acontece o dia-a-dia das Correntes.

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    1. Gostei muito de ter ido, mesmo sendo só por um dia. Aprendi, vi, observei e achei bom o ambiente, embora - o que deve ser natural nestas coisas - muitos pareçam falar sobretudo para e dos seus pares.
      O Luís Caetano também lá estava e, durante esses dias, deve ter feito muitos e bons registos para passar nos seus programas da antena 2.
      Um abracinho, Bea, e que estas coisas, cheguem elas como chegarem, continuem a ter muita força.

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  3. Maravilhoso sem dúvida. O importante é "divertir-se" :)
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    Confesso, que não gosto, não. Feliz Carnaval...
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    Beijo, e uma excelente semana.

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