segunda-feira, 30 de agosto de 2021

O pub, as máscaras, um ministério que eu não conhecia...

 

Gosto muito dos (poucos) pubs onde já estive em Londres. Gosto das comidas ligeiras e do ambiente simpático e informal. 

Como é verão e a covid espreita sem ser vista, escolhemos um pub numa zona arborizada e ficámos na esplanada, como convém. Perto das mesas de madeira e sem toalha, pequenos recantos coloriam-se de flores. 

À entrada do restaurante, um funcionário ia organizando as chegadas. Era brasileiro e estava sem máscara, tal como todos os colegas que lá trabalhavam. Naturalmente, abeiravam-se dos clientes, registavam os pedidos, traziam a comida, etc sempre sem máscara e à distância do antes covid. Confesso que me fez confusão.

Na viagem de ida para o pub, como a distância era bastante longa e o percurso seria quase sempre a subir, preferi ir de uber. O motorista chegou sem máscara. Perguntámos se podia pôr a máscara. Não, respondeu, porque estava isento. Eu desconhecia a possibilidade de estar isento de máscara, pelo menos neste tipo de trabalho. Pedimos desculpa e chamámos outro carro, mas a uber cobrou o serviço não realizado. Tem, portanto, o direito à opção de usar ou não máscara, mas os utilizadores só têm a opção de aceitar o que vier.

Voltemos ao pub. Durante o almoço, chegámos à conclusão que a grande maioria das pessoas que lá estava já tinha feito anos mais de sessenta vezes. No entanto, o ambiente era leve e airoso. E bonito. Quase toda a gente tinha ar de quem estava ali desfrutando do mais que legítimo direito de viver a vida e não porque já não tem vida para viver.

O mesmo sentimento tive nos parques e nos cafés entre árvores e flores ao ar livre. A imagem com que se ficava por aquela amostra era que toda a gente vivia feliz, vivia bem e vivia acompanhada, independentemente da idade.

Mas, pelos vistos, não é bem assim. O que se via era apenas um bocadinho da realidade, belo e risonho por sinal. Há quase dez milhões de pessoas no Reino Unido que vivem sós, daí ter havido a necessidade de criar o Ministério da Solidão. E a solidão não atinge só os mais velhos, mas  os diferentes grupos etários.

De facto, um par de dias ensolarados revela apenas uma nesga do céu e muitas nuvens escondem o resto. Sem deixar de ser belo, é claro, o pouco que está à vista.

 

10 comentários:

  1. Também desconhecia que um motorista podia estar isento de usar cinto de segurança e conheci um que estava.
    Eu chamei-lhe a atenção para o facto e ele disse:
    "Não há problema tenho aqui sempre os documentos médico e da policia que me isentam do cinto, por causa do problema no ombro."
    Não sei qual era o problema dele que tive vergonha de perguntar.
    Abraço, saúde e boa semana

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  2. Bom dia, Elvira
    Pois, o tal motorista também mostrou o documento como estava isento de máscara. Tal como a Elvira, também desconhecia estas isenções que, julgo eu, mas não sei, podem prejudicar os outros.
    Um beijinho, muita saúde e um início de semana muito risonho.

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  3. Bom dia
    Não sei quando chegará o dia em que não vamos ter dúvidas se a mascara é ou não necessária .

    JR

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  4. Bom dia, Joaquim
    Deus queira que em breve tudo fique mais claro e sobretudo que possamos andar sem o receio de contaminar e de nos contaminarmos.
    Boa 2ª f.

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  5. Crónica deveras interessante Maria Dolores e donde retiro duas conclusões:
    a) há doenças ou incapacidades (temporárias ou permanentes) que nos impedem de observar certas normas instituídas, sendo neste caso protegido pelas autoridades um bem maior que é o direito ao trabalho. Concordo. É sempre discutível, especialmente quando pode pôr em causa a saúde de terceiros, mas não me choca.
    b) o que está visível, para turista e demais transeuntes, em Londres, Lisboa, Nova Iorque ou Rio, é sempre a ponta do iceberg, mas a maior camada de gelo está submersa e não só de manhã como aponta Vergílio Ferreira, mas igualmente de tarde, à noite, seja verão ou inverno.
    Obrigado por nos fazer refletir.

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  6. Eu é que lhe agradeço, Joaquim.
    a) Quanto à isenção do uso das máscaras, tive muitas dúvidas porque desconhecia essa realidade. Para mais, os carros uber não têm qualquer vedação entre o condutor e o cliente. Mas o direito ao trabalho é inquestionável.
    b) De facto, o que o turista vê agrada, anima e seduz, mas há essas 'camadas submersas', sobretudo nas grandes cidades.
    Faz bem ao corpo e à calma desfrutarmos das belezas, sem contudo esquecer o outro lado, como são as diferentes solidões.
    Uma tarde feliz, Joaquim.

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  7. Pena que estes bonitos e bem descritos momentos, vividos em terras de Sua Magestade, não nos sejam servidos com algumas fotos dos espaços floridos, já que as pessoas ficariam por lá quietinhas.

    Um beijo e noite tranquila, Mª Dolores.

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  8. Também acho, Janita, e sobretudo quem não tem cuidados com os outros.
    Beijinhos, Janita, e que o último dia de agosto só traga gostos.

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