Conheço um jovem que vive numa aldeia. As pessoas que lá moram são cada vez mais velhas, vivem cada vez mais sós, mas não há nenhum Centro onde possam passar algum tempo, conviver e tornar os seus dias mais felizes. Pois bem, o jovem, com um grupo de amigos, há muito que sentem essa necessidade da terra e gostavam de fazer alguma coisa nesse sentido. Procuraram e encontraram uma casa vazia, que pertencia à Junta de freguesia, que reunia as condições, e trataram de pedir autorização e apoios. A junta de freguesia, assim, poderia ver rentabilizado o imóvel, agora sem qualquer serviço lá instalado. No entanto, os nãos das 'forças vivas' da aldeia sucederam-se e os jovens foram-se apercebendo que a razão principal era muito simples e, ao mesmo tempo, muito complexa: as instituições às quais batiam à porta não aceitavam que louros assentassem noutras cabeças que não as deles. Entretanto, o imóvel foi ocupado por outros serviços que a Junta disse serem necessários.
Sem o espaço e com tantas negas, a vontade do grupo de jovens vai-se dispersando e os velhos vão ficando cada vez mais velhos e mais sós. Vão-se sentando nos poucos bancos ou pedras que existem à beira dos caminhos e vão falando com quem passa para irem vencendo a solidão. Só que há dias e noites em que não passa ninguém.