quinta-feira, 6 de abril de 2023

BOA PÁSCOA!

 

Uma Páscoa e primavera felizes para todos e para todas.

Obrigada pelas vossas visitas e mensagens. Não imaginam a alegria que me dão.

Aproveitemos, se possível, estes dias floridos e de sol. 

Num mundo complexo, as coisas simples e boas não deixam, felizmente, de existir para desfrutarmos delas.

E sermos mais felizes, sentindo o corpo e a alma mais descansados.

UM GRANDE ABRAÇO!


quarta-feira, 5 de abril de 2023

Uma coisa sem importância. Ou terá?

 

Nunca fui muito gastadora, mas acho que já fui mais gastadora do que sou hoje. Ia mais a lojas e não resistia a algumas compras não muito necessárias mas que me atraíam no momento.

Agora, dou comigo a olhar para o que tenho no guarda-fatos e a pensar que, afinal, tenho que chegue e que sobre para usar e variar. 

Os lojistas é que não devem gostar muito desta conclusão a que muita gente vai chegando, pensando na sua bolsa e na proteção do ambiente.

Porém, como noutros setores, o tempo é de procurar, criativamente, novas alternativas. E, por enquanto, acho que pelo menos as grandes lojas continuam a faturar e a faturar. As mais pequenas é que talvez não, e tantas vezes com coisas bonitas, diferentes  e de boa qualidade. 

Que me desculpem, mas, mesmo nessas não tenho entrado. Numas, fico confusa com a fartura de coisas tantas vezes remexidas e desarrumadas; noutras, porque já prevejo a reação: não sei se temos o tamanho!!! 

 

segunda-feira, 3 de abril de 2023

As duas mães

 

Há muito tempo que não se viam. A mulher mais velha gostou muito de rever a rapariga, mas já com filhos adolescentes. Recordava-se tão bem dela quando era pequena, de mimado sorriso tímido.

E a mulher mais velha logo se lembrou da mãe dela.  Quando os filhos eram pequenos, encontravam-se na escola com frequência. E falavam muito das suas crianças. Dos sucessos, dos sonhos, das fragilidades, etc.

Com o tempo, cada um dos filhos foi seguindo os seus cursos e as suas vidas. As duas mães deixaram de se ver, sem deixarem de se lembrar com carinho uma da outra. Com vidas e profissões muito diferentes, ambas acabaram por ficar sós, também em circunstâncias diversas.

Agora, ali estava uma delas a falar com uma das crianças que há muito não via e que se tinha tornado mulher adulta.

- E a tua mãe como está?

Não estava bem, não. Vivia muito só e, o pior, não tinha amigas com quem falar nem tinha qualquer atividade que lhe desse alegrias.

E a pergunta surgiu por parte da jovem:

- E no seu caso, tem amigas, com certeza?

Sim, algumas boas amigas e uns poucos bons amigos. Felizmente. E ela ia fazendo perguntas. Andava mesmo muito preocupada com a mãe. Os irmãos iam-se desligando porque tinham a sua vida muito ocupada e não desperdiçavam o direito de a viver.

Ela, que era a mais nova, estava sempre presente e tentava ajudar a mãe. Falava com ela, dava-lhe sugestões, motivava-a a sair, a participar de atividades onde conhecesse outras pessoas e se sentisse bem. Sim, iria fazê-lo, prometia-lhe a mãe, mas, chegada a hora, desistia e tudo ficava na mesma - a mesma solidão, as mesmas obsessões. Como estariam os filhos? E os meninos? Porque não atendiam o telefone? Porque não respondiam às mensagens? Porque não vinham visitá-la mais vezes?

Deste lado, a outra mãe ia pensando que talvez fosse bem mais feliz e que assim também os filhos o seriam. Pese embora ter muitos momentos com preocupações idênticas. Tinha bons amigos e algumas atividades que lhe davam prazer, o que lhe amaciava a vida e ajudava a olhar mais alegre e carinhosamente para o mundo e a relativizar muitas situações presentes e passadas.

Sabia que a vida vai dando e retirando muita coisa, mas acreditava que também a vida vai oferecendo outras.

Acabou por mandar um beijinho para para a outra mãe. Pudesse, pelo menos, dar-lhe algum alento. Por pouco que fosse.



domingo, 2 de abril de 2023

Felizmente há manhãs bonitas!


Vi hoje que, no seu blogue,  http://carruagem23.blogspot.com/, Vítor Oliveira tem o post "Uma dramatização de Uma história de João Ratão", acompanhado de vídeo.

Obrigada, Vítor, que os dias continuem a florir no Agrupamento de Escolas Dr Manuel Laranjeira, em Espinho.

Um abraço


Valeu a pena porque a alma não foi pequena

 

Em dezembro, a convite da Direção do Agrupamento de Escolas Dr Manuel Laranjeira, foi a apresentação do livro que escrevemos em coautoria, eu e Maria Clara Miguel, Uma história do João Ratão, Edit. Lugar da Palavra, e ilustrado por Ana Bessa. 

Nesse dia, ficou uma promessa na escola básica de Guetim: alunos e professoras iriam representar a peça e as autoras do texto dramático seriam convidadas.

Claro que o convite logo foi aceite. Com todo o gosto.
E o prometido aconteceu: na manhã do dia 28 de março, estava tudo a postos para a representação. Logo que chegámos à escola, vimos a figura que dá nome ao Agrupamento com uma bela legenda:

 

E um belo painel de apelo à urgentíssima preservação da natureza e ao papel de cada um no mundo em que vivemos.

 

 


O trabalho que nos tinha trazido até à bonita escola de Guetim iria, por certo, motivar mais um bocadinho para a leitura que é também uma forma de salvar o presente e o futuro.
Numa sala, não faltavam adereços nem um nervoso miudinho que se pressentia por parte dos atores ainda nos bastidores.
No espaço maior da escola, meninos de diferentes idades estavam, calmamente, sentadinhos no chão, na companhia de professores, educadoras e funcionárias, à espera da peça, tal como nós.
À frente de todos os espetadores, os belos e coloridos cenários da peça, elaborados pelas crianças com a ajuda da professora de educação visual.

 



E, em breve, docentes, não docentes e alunos estavam em palco para narrarem momentos da história e representarem as personagens do livro que passavam a ter vozes mais vivas porque humanas: os grilos falantes, o João Ratão, o Quinzinho, o burrico Tonico, a Carochinha, a Joaninha, o padre Julião, os pretendentes da Carochinha, etc.

 



E a peça, que decorreu com a alegre vivacidade de todos os atores e intervenientes, acabaria naturalmente em festa. E estávamos felizes ao vermos a dedicação das professoras na preparação do trabalho e o entusiasmo e expressividade das crianças, a partir do livro que escrevemos com a adaptação da história, dita original, do João Ratão.

 


No final, com sorrisos de empatia e de bem receber, esperava-nos um bom cafezinho e um bolo delicioso feito pela funcionária D. Laura.
Quando nos despedimos, nós, as autoras, contentes e motivadas, manifestámos vontade de escrever nova história em conjunto. Haja tempo para que o possamos fazer. Se as crianças gostaram, é porque valeu a pena todo este trabalho partilhado. E aconteceu sobretudo porque a alma da escola não é pequena.


domingo, 26 de março de 2023

Há Céu e Céu!

 

O piano

 

Ontem, a menina, nos seus bonitos sete anos, deu o seu primeiro recital de piano. Os pais, orgulhosos, filmaram e partilharam, felizes, o vídeo da pequena pianista, no seu vestido de saia rodada florida e de grinalda rosada bem visível no cabelo. No início da atuação, a professora de piano, sempre atenta aos pormenores, veio dar um retoque na postura e logo se afastou, discreta, para não perturbar o momento para o qual também tinha carinhosamente trabalhado.

Concentrada e ágil, a menina cumpriu bem a bela missão e, no final, foi  aplaudida.

Em casa, toca piano diariamente, com a ajuda insistente do pai, mas também diariamente diz que não gosta de tocar piano.

Ficou, porém, feliz com o seu primeiro recital. E disse, com a sua voz meiga e olhar azul: - Gostei muito de atuar.

 

 

A conversão

 

Há muito que não ouvia a palavra conversão. Hoje, na TSF, passaram excertos de uma entrevista a Alice Vieira, dizendo-se que a escritora se tinha convertido à religião católica, graças à sua grande amizade com José Tolentino Mendonça.

Esta será uma boa notícia para os católicos nestes dias em que a igreja passa por tantos problemas devido a comportamentos tão censuráveis: dos abusadores de crianças e de quem encobriu os crimes durante tanto tempo, abusando também dos seus poderes e não cumprindo o que é tantas vezes pregado de mãos erguidas e olhos postos no céu.

Felizmente há padres e bispos que vivem a sua vida sacerdotal de forma exemplar não esquecendo que todos os seres humanos, e não só, merecem respeito. Esses vão trabalhando muitas vezes em silêncio para a alegria comum e nunca para o sofrimento de inocentes.

 

A Maria do Céu

Nunca foi minha aluna, mas os professores da turma falavam dela. Era estudante do secundário, muito aplicada, muito comunicativa, gostava de participar em diferentes atividades da escola e queria ser advogada. Trabalharia muito para o conseguir, porque os pais tinham de fazer grandes sacrifícios para poderem pagar os estudos. Apoiavam-na em tudo para que conseguisse ser o que sonhava. E louvavam os professores que também a ajudavam. A vida sorria como o céu na terra.

      Maria era também muito bonita e saudável. Só que surgiu um pequeno problema cardíaco, de pouca monta, mas que exigia uma intervenção cirúrgica. Uma coisa rápida e simples, dizia o médico. Em breve, poderia retomar as aulas e a sua vida de jovem promissora. 

      Porém, no hospital, durante a operação, que seria pequena e corriqueira, as coisas correram mal. Muito mal. Como ninguém imaginou. Uns aparelhos não foram devidamente ligados e utilizados. Com esta anomalia, a Maria ficou paralisada e dependente a cem por cento. Para sempre. O hospital não reconheceu o erro, o assunto vai-se arrastando em tribunal, as ajudas são só algumas, a mãe, a principal e permanente cuidadora, faz tudo o que lhe é possível, com os fracos recursos de que dispõe, mas Céu só o vê no nome da sua menina e na maior alegria que seria ouvir uma palavra dita por ela, o que não acontece desde que saiu do hospital há mais de cinco anos.

Quando  entrou para a sala de operações, a Maria levava todos os sonhos de uma jovem que queria viver feliz e ser advogada; quando de lá saiu, o céu dos sonhos tinha-lhe desabado, não deixando sequer antever uma nuvem de esperança.