domingo, 15 de janeiro de 2023

Quando o café se acaba

 

Hoje podia levantar-me mais tarde. Fazer as coisas que queria fazer, seguindo a ordem que quisesse. Até começar e não acabar. Ou fazer um bocado aqui e outro bocado acolá. Tudo ao meu ritmo. A manhã estava por minha conta. 

E dei conta que havia sol. Podia abrir as janelas. Não a porta da cozinha para que a Castanha não entrasse logo para me farejar a mesa. O velho e saudoso Dunas tinha o privilégio de livre circulação. Tal como as pessoas, os cães também têm diferentes privilégios.

E, como o tempo estava bom, podia ir à minha cidade com o mar ao fundo, aquela que agora é referida em todos os telejornais com imagens da Câmara Municipal e de quem se deixou corromper e de quem corrompeu, aproveitando-se de serviços públicos. Alegadamente, como sempre se acrescenta. Tal como sempre se ouve esses seres a dizerem que estão de consciência tranquila. 

O que será consciência e quando é que está tranquila nessa versão, pergunto. Como o uso vai mudando a língua, daqui a algum tempo vão aparecer outros significados para consciência tranquila, tipo mentir segura e descaradamente, não ter consciência nenhuma, estar-se nas tinhas para os outros, achar-se acima do comum dos mortais, etc.

Mas nada como começar o domingo com cheirinho a café a espalhar-se pela cozinha. Antes de o pôr a fazer, cortei umas fatias de pão e pus a compota em cima da mesa. Mas, oh, a lata do café estava vazia. Que desconsolo. Felizmente tinha alternativa, embora de consolo menor. 

Mesmo acabado o café, outro dia estava a começar. 

Bom domingo! 

 

12 comentários:

  1. Bom dia
    Não sabia que é de Espinho.
    Eu não sou propriamente de lá mas moro a 4 Kms numa vila que faz fronteira com essa linda cidade que também muito gosto.
    Nogueira da Regedoura .
    Quanto á corrupção , infelizmente é o pão nosso de cada dia .

    JR

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    1. Não, Joaquim, não sou de Espinho, mas, ao longo, da nossa vida, vamos adotando lugares por diversas circunstâncias. E foi o caso. Sou de Gondomar. Não conheço a sua vila, mas será bonita, com certeza, tal como é Espinho.
      Um bom domingo.

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  2. Pasmo para a sem vergonhice dos portugueses que nos governam e mais dos que ajudam a governar. Antigamente os culpados assumiam a culpa, baixavam a cabeça. Agora erguem-na arvorando inocências sonhadas e irreais, mentem descaradamente. Ou seja, continuam a mentir. E sairão disto quase incólumes, não há paga de danos à república.
    É forte pena não ter café, a mim, em dias dele - há vezes em que até noutros -, dava-me uma coisinha má. Por bebê-lo tão pouco e com tamanho gosto, é matéria que não deixo acabar em casa. Para mais, nesta terra bendita nem existe o café que bebo.
    Mas é como diz, esta tarde vai haver sol. E, no meu caso, amanhã vou fazer um café. Dos que invadem a pituitária e a cozinha enquanto borbulham na cafeteira:). Para início de semana, não há melhor.
    Um abracinho, Maria. E aproveite o sol que haja.

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  3. Também pasmo com a segurança sorridente de alguns, como se a mentira e o descaramento fossem bandeiras que, ufanos, tiram dos bolsos cheios à custa dos portugueses.
    A minha casa sem café em pó também é menos casa. E logo hoje que o queria saborear devagarinho.
    Outro abracinho, Bea, e um domingo com bons sabores.

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  4. Passando sem querer passando, imaginei poderia, pelo menos, sentir o cheiro do café. Não havia o café, mas um dia a começar lá como aqui. Aliás, por lá mais cedo. E por lá em corrupção, o ex-presidente daqui gastou, pasme, R$111,00 reais do cartão corporativo em livraria durante os quatro anos de governo. Não é de estarrecer?
    Pairam dúvidas se os gastou em livros ou em doces, pois ele é um viciado em doces.
    Desculpe-me a liberdade de entrar e soltar a língua assim.
    Um bom domingo,

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    1. Eu é que lhe agradeço a visita. E é caso para dizer que de café, nem cheiro. Amanhã conto que a minha cozinha já tenho o cheirinho matinal de que tanto gosto.
      Do que não se gosta nada é da corrupção que vemos a acontecer pelo mundo e, muitas vezes, vinda de um pequeno grupo de pessoas que contaminam multidões.
      Um bom domingo também.

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  5. Muito bem. Antes acabar o café do que o pão. Há sempre uma alternativa. Também adoro o cheiro a café espalhado pela casa!:)
    .
    Fragilidades...
    .
    Beijos. Bom Domingo!

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    1. Uma coisa e outra fazem falta, a não ser que se refira ao sentido mais geral do pão. Se assim for, oxalá não falte a ninguém.
      Boa semana, Cidália. Beijinho

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  6. Reli o texto. A sua escrita é leve e prazerosa, mas voltei a sentir falta do cheiro de café.
    Um abraço,

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    1. É mesmo verdade que nada é perfeito.
      Outro abraço e boa semana.

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