Domingo, estava eu na ‘minha’ cidade com mar ao fundo, fui a um café com larga esplanada iluminada de sol. Alguns vasos altos, com abundantes suculentas, delimitavam zonas de passagem. Entretanto, duas famílias encontram-se. E logo se ouve a mãe de um menino:
- Zezinho, anda dar um beijinho.
E o pai repete alto e bom som:
- Zezinho, anda dar um beijinho.
E as chamadas do pai e da mãe do Zezinho foram-se ouvindo. Perante a insistência, o menino foi-se escondendo atrás de um vaso. Vendo os pais distraídos a conversar com os amigos, foi-se adelgaçando entre o vaso e o vidro separador e, daí a nada, estava a correr no jardim junto à esplanada.
Assistindo à cena, veio-me à memória o poema ‘Liberdade’ de Fernando Pessoa, a quem roubei o primeiro verso (assinalando-o, como é devido, porque o seu a seu dono). O resto foi para desenhar mais um pouco a engraçada situação:
‘Ai que prazer não cumprir um dever’
De dar beijinhos
Quando se é mandado
Porque a dar beijinhos
Ninguém deve ser obrigado.
Tudo começa com o desejo.
ResponderEliminar