terça-feira, 2 de junho de 2020

A escolha dos nomes


 
Que bom não nos chamarmos Procópia! 

Havia um pai que era amante de poesia com rimas. Antes do nascimento da terceira filha foi pensando no nome que rimasse com o das irmãs. Como tinha de rimar, pensou em Rosa, mas era muito curto e, confrontado com o das manas, podia parecer demasiado breve e gerador de conflitos ou ciúmes.
Na Maternidade, logo que a menina nasceu, o pai foi com as duas filhas – Generosa e Formosa – visitá-la e à mãe que já não sabia o que fazer porque a bebé chorava, chorava com a boquinha muito aberta e as maçãzinhas do rosto muito vermelhas. As meninas estavam muito caladas, sem saberem o que fazer ou dizer. Foi então que Generosa se aproximou da irmã, esfregando o dedinho indicador no polegar, como sempre fazia antes de tocar na pele macia e delicada de um bebé. Disse-lhe a mãe: “Podes fazer festas à maninha, querida. Pode ser que deixe até de chorar tanto”. E a pequena Generosa assim fez. Não sei se por cansaço ou pelo carinho acrescido, a recém-nascida sossegou. E foi então que Formosa, que gostava de imitar as palavras da mãe, exclamou: “Que mimosa!”. E logo o pai disse: “Encontrei o nome!” E Mimosa  ficou porque rimava com o das irmãs.
Mas a menina mais velha chamar-se Generosa também tem a sua história.
A madrinha chamava-se Procópia e queria à viva força que a afilhada tivesse o seu nome.
Os pais pediram muita desculpa, mas não podiam aceitar. Gostavam muito de D. Procópia, mas tinha de compreender que não era nome de bebé.
 “Pronto, tudo bem, a menina não se chama Procópia como eu, mas, então, tem de se chamar Generosa, porque é o que sou ao aceitar que não fique com o meu nome". E assim a menina ficou Generosa, nome pronunciado bem alto pela robusta madrinha junto da pia do batismo.
A segunda menina, até nascer, não tinha nome. Na tarde em que a menina viu a luz do dia, a médica obstetra pegou nela, voltou-a para a claridade da janela e exclamou: “Que formosa que ela é”. Pronto, estava encontrado o nome: Formosa. E rimava com o da irmã.
E que mais posso dizer eu? Apenas que as meninas cresceram generosas, formosas e mimosas. 
Todos os professores diziam que eram atentas, simpáticas e gostavam de aprender. Porém, as três manifestavam uma reação estranha: recusavam-se a decorar rimas e esquemas rimáticos!!!

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