sábado, 24 de outubro de 2020

'Fresco' em dia fresco!

 

Talvez por estarmos no outono,

hoje lembrei-me da palavra 'fresco/fresca', que tem diferentes sentidos, consoante o contexto.

Há uns anos, fiz um trabalho sobre esse vocábulo. 

Costumo guardar essas coisas (embora atualmente me esteja a despojar de muitas delas).

Agora dava-me jeito, mas deve estar gravado noutro computador mais antigo. 

Também não faz mal, porque as situações são recorrentes no nosso dia a dia.

 

 

Vejamos, então, algumas ocorrências da palavra 'fresco'. 

Haverá muito mais exemplos, e até melhores, de certeza:

 

 

- Adoro pão fresco. Se estiver a sair do forno, ainda melhor (quente).


- Este vinho branco é melhor quando está fresco (frio).

 

- Vou vestir o casaco; hoje está fresco (tempo frio).

 

- A sopa de nabos está fresca e cheira bem (acabada de fazer).

 

- Gosto de me levantar pela fresca para organizar as minhas coisas (de manhã cedo).

 

- Tu és fresco, és! (habilidoso, malandro).

 

- É bonito vê-los assim a sorrir um para o outro: parecem casados de fresco (recém-casados). 

 

- Cada fresco do teto da Capela Sistina, em Roma, tem um significado diferente (obra pictórica).


- Prefere ficar em casa em sossego; diz que ainda está tudo muito fresco (recente).

 

- É bom ir ao quintal e trazer hortaliça fresca (acabada de colher).


- O peixe fresco português é do melhor que há (não congelado).


 

E pronto, hoje está fresco e ficamos por aqui.

 

Vou aquecer a sopa de nabos. Espero que esteja boa, como ontem, quando estava fresca!



 

sexta-feira, 23 de outubro de 2020

Os pássaros de Trump

 

Hoje, durante a madrugada, vi parte do debate entre os dois candidatos às eleições de 3 de novembro à presidência dos Estados Unidos da América.

Acho a postura de Trump irritante e provocadora, apesar de se ter moderado bastante e seguido regras que lhe foram impostas. Desta vez, deve ter sido mais bem aconselhado a domar os seus instintos de lançar constantemente farpas e teorias rápidas dos seus tweets, sempre à espera de muitos likes.

Um dos temas agendados foi o Ambiente, como não podia deixar de ser num país poluidor e que tem rasgado acordos como o de Paris.  Trump, na sua intervenção, disse gostar muito do ambiente e da água limpinha!!!!!

Ora, melhor e mais informada síntese qualquer leigo em leis ambientais, comigo incluída, não faria, apesar da necessária e comum preocupação ambiental!!!!

Sobre a Energia Eólica disse não concordar com ela porque os aerogeradores matam os pássaros. Não sei se tal acontece, mas as vantagens desta fonte de energia renovável parecem inquestionáveis nos países onde existe.

Não o sabia a olhar para o céu para ver as aves!!!!

E oxalá voe do poder porque ele é a prova de que uma única pessoa pode intoxicar milhões de outras. Umas já no poder, outras a namorá-lo; umas mais frágeis, outras poderosas...

Se Trump perder as eleições, até terá mais tempo para olhar os pássaros. Ou para se mirar, narcisicamente, na água limpinha!

 

quinta-feira, 22 de outubro de 2020

Conversa na Florista

 

 - Olá. Venho confirmar a encomenda do arranjo para o cemitério.

- Ainda bem. Hoje já tive várias desistências.

- Os cemitérios vão fechar?

- Sim, nos dias dos Fiéis e de Todos os Santos.

- Não, apesar disso, não desisto. Com mais ou menos gente, o objetivo é a homenagem a quem partiu e  não outro.

- Há pessoas que dizem que não vale a pena gastar dinheiro, porque ninguém vai ver.

- Pois, imagino.

- Eu quero é vender flores, é claro, mas irrita-me ver como se liga tanto às aparências.

- E ao seu balcão devem chegar muitos casos.

- Pode crer.

- Os dinheiros também são ainda menos com a pandemia. Assim, pode poupar-se mais um bocadito.

- Eu sei que sim e eu que o diga..., mas é triste...

 

quarta-feira, 21 de outubro de 2020

Abrindo-se à manhã de hoje

 


 
Será um livro ou uma rosa?
São páginas ou pétalas?
Há páginas como pétalas
Pingos de orvalho ou de chuva?
Lágrimas, não
 
Em páginas de livros
Encontram-se pétalas secas
Quase sempre com cores do passado
Eu também as pus
Para marcar páginas
Ou momentos
Ou passagens
Já não sei
E nem é preciso saber
Porque muitas páginas se abriram
E também flores
 
Tudo isto por causa de uma rosa
Que vi logo pela manhã
Não a colhi
Talvez o vento
Sacuda as pétalas e as gotas de água

Podem é cair no chão
E esvoaçar como páginas
Livro solto pela areia fora
 
Era bom que entrassem
Nas páginas de um livro
 
Mas porquê prender
folhas de liberdade?
Mesmo pétalas.
 
 

domingo, 18 de outubro de 2020

Estranha e bela natureza

 




sábado, 17 de outubro de 2020

O 'bem' num cesto de cerejas!!!

 

- Meu bem!

Quem não gosta(ria) de ouvir esta forma de tratamento de alguém, olhos nos olhos amorosos e sorridentes?

 

- Estou bem! Aqui pode falar-se de saúde.

Dá resposta a perguntas: - Como estás? 

 

Para não falar  da expressão, que veio do Brasil, tão usada no nosso dia a dia:

- Tudo bem?

 

Mesmo pequenina e sozinha, a palavra mostra desagrado pelo que se ouve ou vê fazer:

- Bem!

 

Mas também revela afetos:

'Quem bem se quer muito se encontra'!

 

Traz alguma dúvida:

- Não será bem assim!

 

Partilha o gosto por  uma voz:

- Como cantas bem!

 

Substitui palavras como 'muito':

- Bem gostaria de voltar a Londres.

 

Sintetiza ações e procedimentos:

- É uma pessoa que gosta de fazer o bem.

 

Mas também reforça suspeitas:

- Bem me parecia que aquele presidente estava a mentir.

 

Cabe em muitos provérbios:

'Não há bem que sempre dure nem mal que nunca se acabe'.

(esperemos bem que sim, no caso da atual pandemia)

 

Pode mostrar bom estatuto social:

- Esse meu primo está bem


Ou que se tem bom vencimento:

- O casal ganha bem.


Revela consolo ou alívio:

- Ainda bem que o teste deu negativo.

 

E, como começa por , não podia faltar na pronúncia do Norte, em vez do :

Ele hoje bem mais cedo.

 

Bem, por hoje já chega. Bem me queria parecer que estavam a pensar assim!

Ainda bem que chegaram até aqui. 

É porque nos queremos bem e também às palavras!

 

Ainda Bem - Vanessa da Mata

sexta-feira, 16 de outubro de 2020

Flores de hoje







quarta-feira, 14 de outubro de 2020

Olhando o Porto e Gaia

 





terça-feira, 13 de outubro de 2020

Deve ser mesmo bom!

 

O texto que partilho sobre um livro de Javier Marías vem no Expresso Curto de hoje.

Do autor, li  Berta Isla e adorei (pus um post sobre esta obra

 no passado dia 8 de maio).


 

 "Os enamoramentos", de Javier Marías

"Luísa e Miguel pareciam formar o casal perfeito. Maria observava-os todas as manhãs a tomar o pequeno-almoço no mesmo café que também frequentava. Não os conhecia, mas via-os falar e rir, a uma hora em que ninguém tem tempo ou cabeça para nada, e menos ainda para romance ou gargalhadas.

Conversavam como se tivessem acabado de se conhecer e não como se se deitassem e acordassem na mesma cama há anos, se tivessem arranjado à pressa na mesma casa de banho e corressem para deixar os filhos na escola antes de sair para o trabalho. Vê-los diariamente pela manhã, mesmo que nunca com eles tivesse trocado uma palavra, tornava melhores os dias de Maria. Ofereciam-lhe uma visão de harmonia e de entrega que lhe fazia encarar a vida com mais otimismo. Até à manhã em que deixou de os ver. O desencontro repetiu-se durante dias até descobrir que Miguel fora brutalmente assassinado no meio da rua, num crime desprovido de sentido perpetrado por um sem-abrigo que aparentemente perdera a razão.

Não cheguei ainda à parte em que é revelada a verdade sobre a tragédia, mas a história vai muito além do mistério. Eleito o melhor livro do ano em Espanha em 2011, no mesmo ano em que Javier Marías ganhou o Prémio Literário Europeu, "Os enamoramentos" é, sobretudo, um livro sobre o amor e a perda.

Depois de Coração Tão Branco e Berta Isla, é a terceira obra que leio de Marías, considerado o melhor escritor espanhol da atualidade e eterno candidato ao Nobel. Como os outros, está tão bem escrito que só nos faz desejar que o dia tivesse mais horas para nos podermos perder na leitura".

 Joana Pereira Bastos in Expresso Curto de hoje

sexta-feira, 9 de outubro de 2020

"O Poder de Circe" - Louise Gluck - Nobel 2020

Louise Glück | Lannan Foundation

 

"Nunca transformei ninguém em porco.
Algumas pessoas são porcos; faço-os
parecerem-se a porcos.

Estou farta do vosso mundo
que permite que o exterior disfarce o interior.

Os teus homens não eram maus;
uma vida indisciplinada
fez-lhes isso. Como porcos,

sob o meu cuidado
e das minhas ajudantes,
tornaram-se mais dóceis.

Depois reverti o encanto,
mostrando-te a minha boa vontade
e o meu poder. Eu vi

que poderíamos ser aqui felizes,
como o são os homens e as mulheres
de exigências simples. Ao mesmo tempo,

previ a tua partida,
os teus homens, com a minha ajuda, sujeitando
o mar ruidoso e sobressaltado. Pensas

que algumas lágrimas me perturbam? Meu amigo,
toda a feiticeira tem
um coração pragmático; ninguém

vê o essencial que não possa
enfrentar os limites. Se apenas te quisesse ter
podia ter-te aprisionado".

 

Louise Gluck - Prémio Nobel da Literatura 2020

(Tradução de José Alberto Oliveira)

 

Nasceu em Nova Yorque, EUA, em 1943

Frequentou a Escola de Artes da Universidade de Columbia


Louise Gluck em Rosa do Mundo - 2001 Poemas para o Futuro

 


A coletânea Rosa do Mundo - 2001 Poemas para o Futuro 

foi publicada, pela Assírio & Alvim, durante Porto 2001 / Capital Europeia da Cultura


quinta-feira, 8 de outubro de 2020

Abertura ao outono

 



terça-feira, 6 de outubro de 2020

Amália Rodrigues - Partiu há 21 anos

Não me digam que não!

 

Há dias em que apenas um não pode arrastar muitos outros já ouvidos e muitas situações negativas já passadas. Muitos de nós podíamos falar desses momentos. Contudo, também não se poderá dizer 'Felizes os que nunca ouviram um não'. Fazem tanta falta como ouvir o sim.

Se os nãos prevalecem ao longo da vida, cresce o receio de o ouvir, mais uma vez. Se o não foi alternando com o sim, de forma justa e empática, então o não torna-se leve e a vida também.

Quem está habituado a ouvir sempre sim ou a ouvir sempre não são pessoas infelizes, a meu ver.

Conheço pessoas que se habituaram a ouvir não e que foram perdendo a vontade de serem felizes, achando, o que é horrível, que só aos outros pertence a felicidade.

Quem sempre se habituou a ouvir sempre sim também nunca se esforçou por ser feliz, porque tudo estava, aparentemente, acessível e conquistado.

Seja como for, ficamos contentes quando ouvimos um sim. Talvez por isso, muitas vezes se repete nas mais variadas ocasiões: não digas que não.

Ouvir um não às vezes pode ser necessário; ouvi-lo demasiadas vezes torna a vida mais pesada.

Não me digam que não!



domingo, 4 de outubro de 2020

Como não posso ir a Londres...

 

 ... passeio por algumas fotografias! 

Às vezes, nem nos apercebemos bem como são bons determinados momentos.

Só quando se perdem ou interrompem por longo tempo!













sábado, 3 de outubro de 2020

A pintura e a fotografia

 

Ainda nem sequer se falava na atual pandemia, os pais foram com a menina à National Gallery, em Londres, onde aos domingos de manhã se conta(va) uma história, gratuitamente, numa  das belíssimas salas do museu, a partir de um quadro lá exposto.

Junto da obra de arte, escolhida para a sessão, havia uma carpete, que a contadora disse ser mágica, e que foi desenrolada pelas crianças para se sentaram, voltadas para ela e para o quadro.

Como quase todas as histórias, começou assim: Once upon a time... (Era uma vez...).

E as crianças iam imaginando o que a contadora de histórias ajudava a adivinhar com palavras, bem claras e bem pronunciadas, e objetos que tirava de um cesto, iguais aos da pintura: longos e coloridos mantos acetinados, uma grinalda, um escudo de defesa...

A menina de três anos estava na fila da frente. E, tal como os outros meninos e meninas, tocava os objetos. E experimentava-os. E sentia-os. E fixava a contadora de histórias. E seguia com atenção o enredo mágico também contado na tela colorida.

Ouvindo também a história, a mãe olhava a filha. Apetecia fotografar tanta atenção, mas não o fazia,  para seguir a recomendação de não fotografar as crianças presentes.

Já na rua, a menina continuava a contar a história para si própria, repetindo gestos que tinha presenciado.  

 E a  mãe fotografou este quadro, para si o mais belo.

 

sexta-feira, 2 de outubro de 2020

Uma crónica e uma pintora

 

Sempre que posso, gosto de ouvir a crónica diária de Francisco Sena Santos. 

Passa na Antena 1, às 8.40 da manhã. Aprendo sempre alguma coisa com o seu

 'Olhar sobre o mundo'.

Hoje falou de Artemisia Gentileschi, pintora barroca, nascida em Roma, no ano de 1593, e

 falecida em Nápoles, em 1656.

Era conhecida por 'la pintora' pelo sucesso da sua obra 

de grande originalidade.

Apesar disso, teve de ter alma e nervos de ferro para singrar e ser compreendida numa

 época e num  meio dominados por homens.

Procurei alguns dos seus quadros e partilho-os agora.

 

O cronista referiu também que os quadros desta pintora vão estar expostos na National Gallery de Londres, aberta também a visita virtual.

 



 

quinta-feira, 1 de outubro de 2020

Quando não se tem cão...

 

 ... caça-se com gato. E é bem verdade. Ontem à noite, houve a apresentação do livro Mimos de setembro, da Editora Mimos e Livros, por google meet.

A apresentação dos volumes anteriores foi presencial, com os abraços e beijinhos a que todos estávamos habituados (julgo que esse hábito vai mudar bastante, mas o mais importante é que os afetos não diminuam).

Na sessão, houve o ligar e o desligar do microfone, o abanar de mãos como aplauso, a alegria de falar de um prazer de todos, que é a escrita, etc.

Todos falámos um pouco sobre o poema ou prosa poética que cada um tinha elaborado a partir do tema que era o mês de setembro.

Como acontece nas mais diversas áreas, todos os textos exprimem visões e vivências diversificadas, o que é muito interessante.

Muitos  dos presentes no encontro referiram a falta do encontro presencial.

Outros tantos, nos quais me incluí, falaram do bem que é haver esta alternativa, com vantagens até para quem mora longe e não poderia, naquele dia, deslocar-se ao Porto, onde habitualmente são/eram as apresentações.

De facto, a pandemia tem obrigado a muitas adaptações na nossa vida. Às vezes até nos admiramos de nós próprios!