sexta-feira, 18 de julho de 2025

O que vou fazer para logo à noite?


Segundo o Expresso, na edição anunciada para esta semana, são os portugueses que mais gastam em comida.

Há muitos anos, uma pessoa alemã, ligada à nossa família, passou connosco uns dias e perguntou à minha mãe se não se cansava de passar tanto tempo na cozinha para fazer almoço e jantar. Já para não falar do lanche, porque com muita frequência, sobre a mesa havia ou aletria, ou leite creme, ou rabanadas para aproveitar pão seco, etc.

Nessa época,  passei um tempo na Alemanha e o jantar era sempre umas fatias de um pão escuro e maravilhoso a que juntávamos queijo ou salame. Tenho saudades desse pão que não voltei a encontrar em lugar algum.

Mas, voltando à notícia do jornal, fiquei surpreendida por sermos os mais gastadores na alimentação. Será pela quantidade ou pela qualidade dos alimentos? Estou com curiosidade de ler o texto na íntegra.

E, a propósito, nem sei o que vou fazer para o jantar!

quarta-feira, 16 de julho de 2025

MEO Deus, ou uma questão de vírgula!


Ontem, liguei para a MEO, a minha operadora de telemóvel, porque me apareceu uma mensagem com uma conta que não reconheci: 123 euros mais iva.

Interroguei-me: será 123  ou 1,23 euros? O que é certo é que aparecia 123 sem qualquer ponto ou vírgula.

O melhor seria telefonar para a MEO. Felizmente não me apareceu a senhora virtual a pedir o assunto do contacto exigindo apenas as palavras programadas e mais nenhuma.

Não, foi voz humana que me atendeu. Voz de homem mal disposto. Expus o assunto. Quis que eu lesse a mensagem recebida. Cumpri o pedido. Perguntou-me se eu tinha a certeza que a mensagem era da MEO e se o número 123 não era 1,23. Repetiu a pergunta com secura. 

A má disposição começou a contagiar-me. Repeti a questão: o custo mencionado na mensagem era de 1,23 ou 123 euros? O que estava escrito era 123 e a mensagem era da MEO, por isso, a operadora é que teria as respostas, e não eu. Se eu soubesse a resposta, não tinha contactado. O funcionário mal disposto continuava mal disposto. Pacatamente, pedi-lhe que tivesse mais paciência, porque a minha dúvida era legítima.

Depois de alguma desconversa, pediu-me para aguardar para ver então o que se passava. Finalmente, depois de algum tempo, comunicou-me que era 1,23 e não 123 euros. Que não tinha a vírgula, mas que eu deveria saber que era 1,23 euros.

Irritada, eu disse apenas obrigada e desliguei, lembrando-me do anúncio: Humaniza-te!


terça-feira, 15 de julho de 2025

No sofá com RGC e NM


Hoje de manhã, apressei-me nas tarefas domésticas para, de tarde, poder ler o livro que comecei há muito tempo e também jornais em atraso. Em papel, chega-me o Expresso, trazido pela minha filha que o compra todas as semanas e que, depois, mo passa para mim.

E o que não perco são as crónicas habituais do suplemento Ideias do semanário. A de Isabela Figueiredo é sempre uma maravilha pela maneira sedutora como escreve e pela bravura que revela também na seleção e desenvolvimento de temas atuais e importantes.

Ora, na mesma página, há outra crónica que não dispenso: a do jornalista e escritor Rodrigo Guedes de Carvalho. Vejo na sua escrita sensibilidade, ternura e vontade de transformar o mundo. Para melhor, é claro. Na crónica de 27 de junho, elege a coragem como ‘uma das mais belas palavras’ e dá o exemplo do cantor brasileiro Ney Matogrosso, que tem ‘a coragem de sermos quem somos, venha quem vier’. 

Em tarde quente e sossegada, há textos e músicas que nos refrescam e descansam. E se neles cabem ‘belas palavras’, ainda melhor.


Voltou o calor

 

Perto do Porto, onde vivo, nem sempre o calor aperta como noutras zonas do país. Talvez por sempre cá ter vivido, prefiro temperaturas mais amenas. Acho até que me daria bem em países mais a norte da Europa, ainda que o sol nem sempre brilhasse como acontece com tanta frequência no nosso país.

Quando está muito calor, penso nas pessoas que vivem em espaços pequenos e muito quentes, o que dificulta a vida e aumenta a solidão, sobretudo dos mais velhos.

E o que é certo é que, pelos dados que existem, não  vamos para melhor, pelo contrário. O aquecimento global vai-nos esturricando o corpo e a alma. E erros fatais continuam a destruir a natureza, apesar de todos os apelos.

 Porém, as crianças e jovens, nas escolas, fazem trabalhos, aparentemente simples, mas fundamentais para que o clima não se canse nem se zangue, como é o caso de plantação de árvores, separação de lixos, reciclagem, criação de pequenas hortas, etc.

Possam frutificar estas sementes que tantas pessoas vão lançando para que o calor excessivo não traga tantos males como incêndios e seca e tantos outros.

A propósito, vou beber um copo de água. 


segunda-feira, 14 de julho de 2025

Les Bonbons, de Jacques Brel (hoje no Expresso Curto)!



‘Les portugaises’ e o 14 de Julho



Em França, quando se fala de ostras, também são referidas ‘Les portugaises’, cujo nome tem a ver com a antiga importação desses bivalves por portugueses. Isto fiquei a saber num estágio para professores de francês em que participei há muitos anos, num mês de julho, em Bordéus. Com outras colegas, visitei vários viveiros de ostras da região, com vista a um trabalho que realizámos. Também pudemos saborear algumas, é claro. Ao todo, éramos um grupo de uma dezena de professoras portuguesas e os colegas dos outros países também diriam ‘Les portugaises’ referindo-se a nós e atendendo ao nosso país de origem, porque as palavras são ricas em diferentes sentidos.

Ora, durante esse estágio, pudemos também assistir à festa nacional francesa do 14 de Julho, em que se celebra a tomada da Bastilha, em 1789, fortaleza e prisão, símbolo do absolutismo monárquico, espaço que deu lugar à atual Praça da Bastilha.


Nessa data, fundamental para a França e importante para nós vivê-la como experiência, lá fomos todas alegremente para a rua participar da Festa Nacional Francesa e comemorar a Liberdade, Igualdade e Fraternidade, símbolos da Revolução Francesa. Impossível esquecer essa Festa.
Oxalá que o 14 de Julho seja sempre celebrado em feliz Liberdade.


Nota: Imagens da net

domingo, 13 de julho de 2025

Bom domingo de verão!













sábado, 12 de julho de 2025

O filme que já era e uma crónica que chegou

 

Para o meu leitor (ou leitora, não sei) que, com alguma razão, me apontou preguiça por não publicar há alguns dias!


Há muito que não ia ao cinema. Um grupo de amigas convidou-me e logo disse que sim. E acrescentei: desta vez não vou dar nega.

O filme escolhido foi uma comédia divertida francesa. Como pede o verão e o tempo (com coisas tão sinistras) que vivemos. E também havia, felizmente, coisas boas para festejar, para além da amizade.

O filme era às 13,30. Chegámos um pouco apressadas à bilheteira do Alameda. Pois, mas o filme já não estava em exibição! Não teve saída - disse o jovem funcionário do outro lado do balcão. Ai o preconceito dos filmes franceses - dissemos nós.

Olhámos o painel dos filmes - ou não nos interessavam ou o horário não nos convinha. E se fôssemos à Arcádia tomar alguma coisa e pôr a conversa em dia?! Foi o que fizemos e que bem que soube! 

E da conversa, que é como as cerejas, resultou também o envio, no dia seguinte, desta crónica de Elena Ferrante (obrigada, Idalina!) de que gostei muito e que agora também partilho. Oxalá gostem também.


«Medos                                                                                     27 de Janeiro de 2018

 

Não sou corajosa. Tenho medo sobretudo de qualquer coisa que rasteje, e acima de tudo de cobras. Tenho medo das aranhas, dos carunchos, das melgas e até das moscas. Tenho medo das alturas e, portanto, dos elevadores, dos teleféricos, dos aviões. Tenho medo da própria terra onde assentamos os pés quando imagino que poderia escancarar-se ou, devido a uma avaria imprevista no mecanismo universal, como na lengalenga que recitávamos em pequenas enquanto fazíamos uma roda (a roda a girar, o mundo a tombar, tomba tomba o chão, todos para o chão – como me aterrorizavam estas palavras). Tenho medo de todos os seres humanos quando se tornam violentos: tenho-lhes medo se berram, se insultam, se ostentam desprezo, cacetes, correntes, armas brancas ou de fogo, bombas atómicas. E contudo em rapariga, em todas as ocasiões em eu era preciso ser-se destemida, eu obrigava-me a ser destemida. Depressa me habituei a temer menos os perigos reais ou imaginários e mais, muito mais, o momento em que os outros ou as outras reagiam como eu, paralisada, não conseguia reagir. Assim, as minhas amigas gritavam por causa de uma aranha? Pois bem, eu vencia a minha repulsa e matava-a. O homem que eu amava propunha-me férias na montanha com os seus inevitáveis voos de teleférico? Eu ficava a escorrer suor, mas lá ia. Uma vez, com uma pá e uma vassoura, aos gritos, pus fora uma cobra que o gato me trouxera para debaixo da cama. E, se alguém ameaça as minhas filhas, a mim, qualquer ser humano, qualquer animal não agressivo, venço a vontade de fugir. A opinião corrente é que quem age como eu tenazmente me treinei a reagir tem verdadeira coragem, a coragem que consiste precisamente em vencer o medo. Mas não estou de acordo. Nós, as pessoas timoratas-combativas, pomos acima de todos os nossos medos o medo de perdermos a estima por nós próprias. Atribuímo-nos imodestamente um valor muito grande e, para não termos de nos confrontar com uma imagem degradada de nós próprias, somos capazes seja do que for. Em suma, repelimos os medos não por altruísmo, mas por egoísmo. E, por isso, devo reconhecê-lo, tenho medo de mim. Sei desde já há algum tempo que posso exceder-me e portanto estou a tentar atenuar as reacções agressivas a que me forcei desde pequena. Estou a aprender a aceitar o medo, e até mesmo a mostrá-lo com autoironia. Comecei a fazê-lo quando compreendi que as minhas filhas se assustavam se me viam defendê-las com exagerado ardor de perigos pequenos, grandes, imaginários. Talvez devamos ter acima de tudo medo da fúria das pessoas aterradas.»

                                               Ferrante, Elena, A Invenção Ocasional, 2019, Relógio D´Água, pp. 13-14.


sexta-feira, 4 de julho de 2025

E viviam aqui tão perto!


Apesar de morar a curta distância dos dois irmãos que faleceram no terrível acidente de carro, não os conhecia pessoalmente. Pelo que se sabe, não procuravam a fama por dá cá aquela palha, mas, antes, a construíram com o seu trabalho diário e constante.
Os louvores têm sido imensos sobretudo a Diogo Jota, que começou no futebol de Gondomar, tal como o irmão, e, em menos de uma dezena de anos, chegou ao Liverpool. Também os meios de comunicação britânicos o elogiam pelo ser humano que sempre foi e pelo excelente desempenho no futebol.
É bom perceber que ainda se sabe reconhecer o talento, o trabalho e a honestidade de quem merece. Porém, os elogios chovem sobretudo depois da morte. Oxalá que estes dois jovens  tenham ouvido em vida uma grande parte desses elogios que hoje são partilhados.
Os dois jovens vão  fazer muita falta à família e ao mundo - porque bons exemplos, seja a que nível for, são cada vez mais necessários. 
A sua terrível morte mostra mais um caso de desconcerto do mundo.
 Amanhã,  sábado, a Gondomar vão chegar muitas figuras conhecidas pelo seu papel na política, no desporto, etc. Possam algumas dessas pessoas aprender com a vida exemplar destes dois rapazes que, sem vaidade nem estratagemas, se tornaram uma boa referência para todas as idades, nomeadamente para os jovens.