Mariana
quinta-feira, 17 de outubro de 2024
quarta-feira, 16 de outubro de 2024
Vou mudar, sim, quero mudar!
Sempre que posso, acompanho as noticias do dia, isto é, dos dias, porque se repetem e prolongam até à exaustão. E muito se tem falado ultimamente de corrupção no BES que tanta gente lesou; de corrupção no Futebol em proveito de alguns dos dirigentes; de mentiras na política...
E só me refiro a dentro de portas.
Às vezes, oiço políticos e comentadores sobre esses assuntos e satisfaz-me haver, quase sempre, mas nem sempre, contraditório, o que é um bom sinal de democracia. No entanto, há líderes políticos que se refugiam no silêncio, recusando responder a perguntas, ou que preferem o retrógrado pensamento único ou que tiram sempre mentiras da cartola.
Seguindo as notícias que se repetem e pouco se alteram ao longo do dia, as horas escoam-se facilmente, as irritações vêm à flor da pele, e a tristeza aumenta por faltarem exemplos bons e estimulantes a seguir. Pode até vir a pergunta: o que aproveitei com este diálogo tantas vezes de surdos ou de palavras sobrepostas que perturbam o entendimento do discurso?
Quando hoje abri as janelas e vi o sol a espreitar por entre nuvens, pensei que tenho de mudar o modo como passo bastante tempo. Tenho livros importantes que quero ler, podcasts de que gosto muito de ouvir e com os quais posso aprender, plantas que esperam que as mime e ajude a crescer...
Interrogo-me como persistem comportamentos de figuras públicas que entristecem tanta gente. Nem chego a perceber se o fazem sabendo bem o que fazem sem se importarem nada com isso, ou se a ambição de poder é tanta que julgam navegar acima de tudo e de todos. Para não dizer que consideram talvez que os cidadãos anónimos são parvos.
Hoje comecei a impor-me mais disciplina neste âmbito: apaguei a televisão, li as primeiras páginas de um livro que uma amiga me emprestou, vou agora ao meu quintal apanhar ar e colher dióspiros... O resto virá, como veio esta vontade de prestar mais atenção ao que existe e não exige comando. E já não é sem tempo.
E que bom seria se valesse a pena! E que houvesse motivos para acreditarmos mais e para confirmarmos mais. Mas, por este andar, a procissão ainda está muito longe.
segunda-feira, 14 de outubro de 2024
‘Lugares e Palavras de Natal: convite’
Partilho aqui o regulamento para a escrita de um conto de Natal - enviado pela Editora Lugar da Palavra.
Boas escritas!
‘LUGARES E PALAVRAS DE NATAL – VOLUME XIII
domingo, 13 de outubro de 2024
Como será este domingo?
Bom dia, desde já, e bom domingo.
Mas como será o dia, podemos perguntar, embora as respostas se embrulhem sempre no mistério que se vai desvendando, enquanto as horas passam. Às vezes, com doçura, outras com agrura. Mas a vida é mesmo assim e, mesmo assim, pode ser - e ótimo seria que fosse para todos - incomparavelmente bela.
Mas há tantas questões que surgem como, por exemplo:
Haverá mais acusações de mentiras a soprar-nos aos ouvidos e a entristecer os nossos olhos?
Continuarão a impor-se as imagens das guerras em que as pessoas que sobrevivem desesperam indefesas? Em que os lugares de legitimo e necessário abrigo são amontoados de destroços?
Veremos mais tempestades a impor-se na fúria de tanto desmazelo ambiental?
E não ficariam por aqui as questões. Mesmo por ser domingo.
Sejamos felizes no que pudermos. Pode ser que outros também o sejam e, embora em círculo pequeno, é sempre bom quando o dia fica melhor.
Mais uma vez, bom domingo!
sábado, 12 de outubro de 2024
sexta-feira, 11 de outubro de 2024
É quase inverno, mas ainda falo de verão
Escrevi estes versos, no verão do ano passado, após um breve internamento de urgência num hospital de Londres.
Tinha lá ido visitar a família e festejar os meus anos.
Parabéns!
- Feliz aniversário,
Maria!
- Ah! Então, como
souberam?
- Vimos a data na ficha
E colegas nos disseram.
- Eu nunca nunca pensei
Vir hoje ao hospital;
Foi preciosa a vossa
ajuda
Neste meu súbito mal.
- Sob estas nuvens de Londres,
Nós queremos trabalhar,
Pra todos serem felizes,
Com saúde e bem-estar.
- Vim do meu país de sol,
Pequeno mas com beleza,
Pra visitar minha neta
Que, juntamente com meu
neto,
São minha grande riqueza.
- Noutros países nascemos,
Terras de eterno verão,
De cores várias e dimensão,
Mas grande pobreza lá
temos.
- Também portugueses
emigram
Para a vida melhorar;
Tantas vezes o esquecemos
Em vez de sempre o
lembrar.
- Muito difícil é viver
Com a pele de cor diferente;
Ter coragem de partir
Enobrece a forte gente.
- Obrigada pelo bolo
Com velinha e doçura;
Para vós, mil parabéns
Pelo saber e ternura!
O texto juntou-se a outros mais da coletânia Mimos de..., publicada pela Editora Lugar da Palavra. |
sábado, 5 de outubro de 2024
A Portinha
Há nomes na nossa vida que passam a ter um sentido próprio para quem os usa. Adotamo-los sem os questionar. É o caso da Portinha.
A Portinha era um terreno que as minhas tias tinham fora, mas perto da casa de lavoura onde sempre moraram enquanto viveram.
Logo que se entrava na Portinha, havia uma ramada e um enorme castanheiro. Por esta altura do ano, havia a vindima. A nós, os mais pequenos, cabia apanhar do chão os pequenos cachos (dizíamos gaipas) de uvas que iam ficando para trás e estavam ao nosso alcance ou caíam ao chão para serem aproveitados.
Queríamos era apanhar os cachos a sério, subindo ao escadote e usando tesoura de poda, mas era o tempo em que o querer de criança era como a parra da uva: pouco interessava para o efeito.
Ora, a limitar este espaço havia um muro que terminava com uma entrada para a horta, onde havia diferente hortaliças - nesta altura também havia nabos com rama alta e muito verde -, flores para o cemitério, onde estavam os antepassados -, e um grande espaço de erva onde a roupa era posta a corar. Se havia sol e estava calor, era regada devagar com um regador, para que ficasse mais limpa e branquinha. E havia muitas vezes umas toalhinhas pequenas de felpo que eram regadas para que as manchas saíssem. Só mais tarde lhes conheci a função e desvendou-se o mistério.
Lembro-me muitas vezes da Portinha que deixei de ver desde que as minhas tias faleceram e deixei de ir à velha casa.
Feliz ou infelizmente, não sou muito saudosa, mas estou grata (palavra muito usada atualmente e oxalá não se gaste) por ter tido essas experiências até à minha adolescência.
Nem sei se a Portinha ainda existe, porque foi construído um viaduto nas imediações, espaços desportivos e uma estrada onde se pode caminhar.
São boas as portinhas que a vida nos vai abrindo, nem que sejam como pequenos cachos de uvas que vamos agarrando para que não desapareçam no chão.