No dia anterior a vir para Londres, houve uma forte trovoada. Assustada, acabei de fazer a mala e a minha insegurança duplicou. Como estaria o tempo no dia seguinte, quando o avião subisse com velocidade e se prolongasse nos céus?
Imaginava forte turbulência nos ares do dia seguinte quando ouvi o rebentar do trovão mais forte. Uma espécie de remate ou de anúncio de possível regresso.
A noite passou intranquila.
Porém, à hora mais ou menos prevista, aterrei em Gatwick, depois de uma viagem bastante serena, sem cenários mais inseguros como tinha imaginado.
Já na estação, apanhei o comboio com destino a Bedford. Já lá dentro, oiço falar português. Por um telefonema, apercebo-me que um elemento do casal tem um filho também a trabalhar em Londres. Ouve-se a conversa. Do lado de cá, alguém que chegou e não conhece a cidade. Do outro lado, ouve-se uma voz impaciente a dizer que não tem tempo para ir ao hotel.
Deste lado, o interlocutor tenta amenizar, dizendo que compreende e que em breve podem falar melhor. Do outro lado, ouve-se a voz ainda mais impaciente dizendo que tem a vida dele como eles têm a sua.
Deste lado, a despedida com ar de enfadada desesperança.
Eu volto a cabeça para a paisagem, fingindo desatenção para não aumentar o embaraço do casal. E fico a pensar que, muitas vezes, as boas-vindas nem sequer chegam a pressentir-se nos encontros que se julgavam redentores, embora a ilusão persista quando se está em tão poderosa e bela cidade.
Em breve, na pequena estação já minha conhecida de outras chegadas e partidas, saio e quase logo abraço a minha filha. Sempre o mesmo sorriso bonito e doce. Sempre o cabelo forte um pouco despenteado, agora com uns fiozinhos brancos e reluzentes.
Não têm carro porque acham desnecessário numa cidade com tão bons transportes públicos. Vamos a pé até casa. Está calor, bem mais do que o costume, tanto como em Portugal. Vamos caminhando e conversando e entremeando o diálogo com recordações e coisas novas que vou descobrindo.
Chegámos.
Filha, que bom.
Mãe, daqui a pouco são horas de ir buscar a Clarinha à escola. Eu vou, mãe, estás muito afogueada.
Bebi água.
Vou contigo, filha. Quando conhecer melhor o caminho, vais mais depressa e vêm depois ao meu encontro.
Estava feliz por ter vindo ao encontro de uma parte tão boa de mim. E de uma cidade onde não me importava de viver e onde conto ficar três semanas.
Boa tarde
ResponderEliminarDuas situações bem diferentes. É a vida !
JR
O que não quer dizer que sempre assim seja. Como diz, Joaquim, é a vida!
EliminarÉ sempre recompensador quando estamos juntos dos nossos amores!
ResponderEliminar-
Seria a vigilância da desventura alheia
Beijos, e uma excelente semana.
É mesmo. E a Cidália, pelo que conta, tem boas e felizes experiências familiares. Que bom!
EliminarUm beijinho
Votos de uma boa estada em Londres.
ResponderEliminar.
Saudações poéticas
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Pensamentos e Devaneios Poéticos
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Obrigada, Ricardo.
EliminarJá voltei à terra, mas, se não vierem novas covids, pode ser que em breve lá vá outra vez.
Boas férias/semanas em Londres. um beijinho
ResponderEliminarOlá, Gábi
EliminarNão foram bem férias, apesar de serem três semanas bem saborosas.
Pensando melhor, assim sendo, posso mesmo considerar férias!
Um beijinho, Gábi