quarta-feira, 20 de julho de 2022

Dias de Londres - Novo dia

 

Não fui buscar a Clarinha à escola por causa do calor, já que as idas e vindas são feitas a pé e o percurso é um pouco longo. Fiquei em casa e como gostei de ficar, vendo a loiça lavada e arrumada e árvores pela janela.

Peguei no telemóvel e, depois de ter escrito esta página, logo comecei  a ler Clarabóia de José Saramago, ciente de que era um privilégio esperar pela minha neta em casa, onde estava mais fresco e, sobretudo, ter tempo para mim.

Num dos andares de cima, há um bebé que chora indefinidamente.

Imagino o que seja estar com um bebé sempre a chorar. Pelo que sei, desde que nasceu é assim por alguns problemas da saúde.

Como acontece com muita frequência aqui em Londres, muitos casais vieram doutros países, não têm família cá nem podem pagar a uma Nani que trate das crianças durante o dia. Há empregos que concedem um tempo mais estendido, tornando até possível conciliar as licenças materna e paterna, mas julgo que não serão frequentes. Muito cedo os meninos têm de ir para o infantário. Se houver problemas de saúde, então os pais passam a ter a vida muito complicada pela falta de apoio familiar.

No caso da mãe do bebé que chora muito, a família mora em Hong Kong, logo não serão fáceis as deslocações.

Apesar de Portugal ser bem mais perto, venho poucas vezes e às vezes digo:  Filha, és uma heroína.

Ela sorri com o jeito brando de menina que já não é, mas que sempre vejo nela.

Entretanto, neste momento deixei de ouvir o bebé chorar. Talvez tenha adormecido. Quem o acompanha poderá descansar um pouco. Os heróis e heroínas também precisam.

 

13 comentários:

  1. É uma pena que os governos não pensem nisso. Os pais deveriam ter a possibilidade de ficar com os filhos (um deles, ou alternadamente, claro) até aos 3 anos de idade. São anos fundamentais na criação da criança. E só se ganharia, a longo prazo. Mas claro, o dinheiro é preciso para os campos de futebol, os banqueiros, ministros e empresários corruptos e coisas assim...não chega para aquilo que devia ser prioritário: educação e saúde.

    Beijinhos e continuação de boas férias:))

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    1. Olá, Isabel
      É verdade. Cada vez mais acho que a educação tem de ser valorizada e tida em conta nos orçamentos de estado. E a saúde também, é claro.
      E quem trabalha e sempre trabalhou nestas áreas compreende ainda melhor estas necessidades.
      Muitos senhores políticos não pensam nisso como deviam pensar porque há mordomias que lhes crescem mais se se voltarem para outras áreas.
      Um beijinho, Isabel. Gosto muito das suas visitas.

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  2. Concordo plenamente com a Dª Isabel!!
    Tenho uma neta (especial) que depende de nós para tudo e tirando a escola, tem de estar em casa. Não há condições de vagas nas instituições para férias. Sacrifico-me eu, para os pais poderem trabalhar. Ela já tem quase

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  3. Não completei a mensagem. Quase 18 anos.
    E agressiva por vezes. Enfim. Por vezes criticamos as crianças que choram muito ou que os pais não cuidam. Não se sabe o problema de cada um... Gostei da sua publicação!
    -
    Coisas de uma vida || Um blogue que aconselho.||

    Beijos, boa tarde.

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    1. Querida Cidália, também gostei muito da mensagem da Isabel.
      Tenho umas amigas que têm filhos especiais, como diz, e sei as dificuldades por que passam para os meninos - embora já adultos - para terem colocação ou subsídio de transporte, por exemplo, e pelas incertezas com que se confrontam tantas e tantas vezes.
      Já lhe dava valor, Cidália, mas agora ainda vou dar mais porque o que está a fazer pela sua neta não tem preço.
      Um grande abraço, escreva sempre que também ajuda a ser assim uma mulher de armas.

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  4. Mais uma bela narrativa da sua presença em Londres que gostei de ler.
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    Saudações poéticas
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    Pensamentos e Devaneios Poéticos
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    1. Obrigada, Ricardo. É simples, mas deu origem a comentários muito importantes, da Isabel e da Cidália.
      Um abraço

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  5. Retalhos da vida real e suas dificuldades.
    Abraço e saúde

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    1. Sim, 'a vida é bela', mas nem sempre. A Elvira também o sabe.
      E, às vezes, andamos distraídos.
      Um abraço

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    1. Olá, Gracinha.
      E uma realidade que é mais comum do que muitas vezes se pensa.
      Um beijinho e bons olhares para o fim de semana.

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  7. Dormir é bem só de alguns. Mas não dormir por haver um bebé em casa, cujo já dá trabalhos e preocupações em dobro, alarma os nervos de qualquer um. Por não ser um dia, nem dois, nem três.
    Vou seguindo o diário. Boa noite.

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  8. Olá, Bea. Conheço casos de bastante desespero pela continuidade de más noites e dias difíceis. E dizer-se que é comum, que pode ser passageiro, que a vida muda, mas é compensador, etc, às vezes consola mais a quem diz do que a quem ouve.
    Um abracinho

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