Há mais de vinte anos, passei uma semana em Moçambique - no Maputo. Estava em África pela primeira vez. Para além de muitos momentos vividos nessa cidade e que não esqueço, recordo-me da conversa com um jovem professor - muito alto e muito magro - que não tinha dinheiro para comprar qualquer livro, mesmo que precisasse muito dele. Quando os livros de que necessitava estavam disponíveis na biblioteca, requisitava-os e então podia usá-los durante o período permitido. Para ele e muitos mais, o livro era assim um objeto útil, precioso, mas quase inacessível. E dizia-o com um ar triste numa larga avenida com muito artesanato, algum vento e o sol quase esmorecendo. Na altura, passavam mulheres de capulana e bacias de laranjas à cabeça. Os olhos eram convocados por tantas pessoas e por tantas coisas, mas, passado todo este tempo, prevalece a imagem do jovem professor que não ganhava para comprar um livro que fosse.
Muito bem. Gostei do texto!:)
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Deixo um sussurro nas arestas do vento
Beijos e uma excelente noite
Feliz Dia da Mãe, Cidália.
EliminarUm beijinho
Que professor mal pago. Ou teria muito carrego sobre os ombros. Não admira que lhe tenha ficado na memória, Maria.
ResponderEliminarJá não me recordo qual era o vencimento do tal jovem professor, mas chocou-nos a miséria de ordenado.
EliminarDe facto, há tanta, tanta gente a viver com tão pouco dinheiro!
E não só no continente africano. O ar triste que lhe vi deve ser comum em múltiplos lugares.
Sereno fim de tarde de Dia da Mãe, Bea.
Imagino a tristeza dessa vivência!
ResponderEliminarBoa semana 😘