Mário Eloy
- Boa tarde. Posso fazer-lhe umas perguntas sobre o consumo de água?
- Tenho pouco tempo.
- Só o ocupo uns dois minutos. Primeiro e último nome...
- José Martins.
- Contacto...
- Só para os amigos.
- E e-mail tem?
- Sim, tenho.
- Pode fornecê-lo?
- Sim
- Idade
- 55
- Não parece. Estado civil...
- É pessoal.
- Desculpe, não percebi.
- É pessoal.
- Estado civil. Se é solteiro, casado, viúvo...
- Eu sei o que é o estado civil, mas é pessoal.
- Eu aqui, então, não posso pôr nada.
- Como quiser.
- Número de pessoas com quem vive.
- Depende.
- Depende?
- Sim, depende.
- Mais ou menos.
- É difícil dizer.
- Assim também é difícil continuar a entrevista para lhe oferecermos uma garrafa de água.
- Não faz mal. Bom trabalho.
No regresso a casa, pensou o que aconteceria àquela jovem se fosse mal sucedida em todas as entrevistas. Seria mais um número para o desemprego.
Quando abriu o portão, logo ouviu os cães. Quando lhes deu água, pensou que tinham sorte.
Bem visto! Ainda há poucos dias se passou o mesmo comigo. Gostei do registo / crónica. Beijinhos
ResponderEliminarFernanda Afonseca
Olá, Fernanda, que bom ter-te por cá!
ResponderEliminarPor acaso, também me ocorreu uma situação parecida, daí tê-la adotado para o "solitário da rua".
Habitualmente falo do que vou vivendo/observando. Imaginação fértil vive é na tua irmã.
Já a pus também no Diário de Mariana - é a prima Za.
Beijinhos
M.
Penso que só uma vez é que parei para responder a um questionário assim. A certa altura queriam que eu fosse a uma loja perto para receber ou comprar alguma coisa e como não tinha tempo, "fugi".
ResponderEliminarOlá, Gábi
ResponderEliminarEu também tento sempre "fugir". E então pelo telefone é que não ganham mesmo cliente.
É lamentável que haja estas estratégias, que parecem "transparentes como água", para a venda de produtos não anunciados. Mas como há quem caia...
Beijinhos
M.