sábado, 31 de dezembro de 2022

Uma pinóquia simpática e as minhas rabanadas

 

Hoje à noite vamos ser menos à mesa. Mesmo assim, há sempre coisas que faltam. Neste caso, vi que não tinha alhos. Fui ao cemitério pôr umas orquídeas-sapatinho na minha mãe porque ela cuidou sempre carinhosamente delas enquanto pôde. Como a nossa vida é feita de contrastes, fui depois comprar os alhos que me faltavam para o jantar.

Logo no primeiro corredor do supermercado, vi uma rapariga, agora mulher, que havia sido minha aluna há muitos anos. Reconheci-a de imediato e ainda me recordava do seu nome: Elsa. Ela também me reconheceu assim que me viu e disse aquilo que muitas vezes se diz quando se quer ser simpático: - Está na mesma! Claro que fiquei contente pelo reconhecimento, mas 'na mesma' ninguém está quando umas dezenas de anos passam por nós sem nunca se esquecerem de deixar as suas marcas, do cabelo aos pés.

Esta tarde, fiz rabanadas e, olhando para o prato com elas já com açúcar e canela, tive a ilusão de pensar que o melhor era só comer uma já que estou 'na mesma', passados mais de vinte anos e o melhor será manter-me assim. Mas logo ouvi a voz fininha da razão que só eu ouvia: - Olha que sempre andaste despenteada e hoje estava muito vento. A Elsa foi uma pinóquia simpática, não te esqueças nem te iludas. E o melhor é mesmo não comeres muitas rabanadas!



 FELIZ ANO NOVO!


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