segunda-feira, 21 de março de 2022

Notas breves de hoje - um dia que dizem ser de Poesia!

 

 - Recebo uma mensagem de Londres: uma aluna de 19 anos, do primeiro ano da  faculdade, foi  morta pelo namorado. Fico sem palavras e só me ocorre dizer: Meu Deus!

- Abro uma carta com um convite para um lançamento de um livro para crianças. O convite vem manuscrito  (ainda há quem o faça!) acompanhado de um origami. Há muito tempo que não recebo nem escrevo cartas à mão. Vou responder de igual forma: em papel manuscrito e com selo do correio.

- No whatsapp, recebo um poema de José Tolentino de Mendonça, com necessidades cada vez mais atuais: coisas que não se compram mas que vão sendo difíceis de encontrar. Obrigada, C.

"A estrela

 Precisamos de uma estrela que desarme a noite

Precisamos de uma palavra transparente

que  nos ofereça a possibilidade de um começo

Precisamos de uma esperança que se propague

Precisamos de lugares límpidos

fora e dentro de nós

Precisamos de reencontrar uma vida onde a prece

e o louvor voltem a ser possíveis

Precisamos de um gesto para dizer uma alegria

maior do que a alegria

Precisamos de  acolher o dom

e o seu equilíbrio difícil e leve

Precisamos de alguém que em pleno inverno

nos ensine a trazer no coração

a primavera a arder “

 

 - Uma amiga faz anos e, tal como costumo fazer para os mais próximos, escrevo-lhe uma quadra na hora e não deixo de juntar uns emojis. Como ela gosta de flores e de poesia, ponho essas palavras a rimar. Não é difícil porque há uma grande amizade e é o início da primavera.

- O meu neto dorme e desvio a luz do écran para que não acorde. Amo-o de todo o coração mas estes bocadinhos de sossego em que só oiço o seu respirar são como se eu também fechasse os olhos e a vida tivesse só candura.

- Leio que estamos no 26º dia da guerra na Ucrânia. Há quem lhe chame guerra na Europa, outros vaticinam uma nova guerra mundial. O que estarão as crianças ucranianas a ver e a ouvir neste momento?

- Faço novo teste anti-covid. Felizmente hoje já foi negativo. Bastaram-me os dias que passei fora de casa para não apanhar o bicho que aqui tinha entrado e, afinal, já levei o bicho comigo. Durante esses dias, não tinha computador, mas li um livro quase todo: Os teus passos nas escadas, de Antonio Munoz Molina, Relógio de Água.

- Leio num jornal online (Expresso Curto) que J.S. Bach nasceu num dia 21 de março (1685-1750). O jornalista sugere "Missa em Si Menor". Sigo-lhe a sugestão.

- O meu neto começa a acordar. Precisávamos que as estrelas da vida despertassem assim!

 

16 comentários:

  1. Um Dia que dizem ser de Poesia, adoravelmente
    assinalado aqui. Precisamos parar e saborear as
    coisas simples da vida, que muitas vezes nos passam
    ao lado. "Precisamos de lugares límpidos
    fora e dentro de nós".
    E gostei de estar aqui.
    Beijo
    Olinda

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    1. Obrigada, Ricardo. Também gostei muito. Foi uma amiga que mo enviou.
      Uma boa noite de Poesia.

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    2. Está de parabéns a sua amiga e a Maria Dolores Garrido também

      Uma feliz semana para si, e todos os seus, também..

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    3. Ela é uma amiga muito querida e é curioso que, apesar de morarmos perto, não nos encontramos muitas vezes, mas, quando nos encontramos, temos sempre muita coisa a dizer. Talvez sejam assim as boas amizades.
      Uma feliz semana também para si.

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  3. Obrigada, Olinda. Também gostei muito de a ver por cá e das suas palavras.
    Um beijinho

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  4. Mas o neto é mesmo a estrela do seu caminho, Maria. E depois há as breves luzes da poesia a assombrar-nos de beleza, como esse poema de Tolentino. E há guerra e outras insídias estúpidas, como a de uma garota morrer às mãos do namorado. E há o suspense de não sabermos o que acontece a seguir e o temermos. Não sei mesmo se o que Tolentino e todos nós desejamos vai chegar; se, chegando, é suficiente para desanuviar as misérias do mundo que os homens plantam, fazem crescer e que sempre lhes rebentam nas mãos - próprias e dos inocentes. A vida não é justa, mas estamos nela e é melhor que a vivamos enquanto podemos. Não de afogadilho. Tenho para mim que o melhor é conservar o quotidiano, ver nele a beleza e utilidade de sempre, honrá-lo enquanto nos existe. Sei lá.
    O covid é assim, surpreende. Quando menos esperamos, zás. Mas já passou, não é mesmo? E todos a esperávamos por aqui.
    Bom dia, e boa semana.

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    1. Sempre consoladoras as suas palavras, Bea. Obrigada. E o pior é que eu tinha covid sem o saber porque não tinha sintomas, mas como o bicho tinha entrado em casa, e mesmo estando fora há uns dias, fiz teste e lá estava ele a marcar presença. Por acaso, os contactos tinham sido reduzidos, mas, tal como eu, deve haver muitos casos assim. Mas, pronto, já passou e espero que, à terceira, o bicho ande sempre!
      De facto, a vida não é justa. Não por este caso, que não tem importância nenhuma, mas pelo que está a acontecer no mundo. No entanto, também partilho da mesma ideia sobre o quotidiano e pelas luzinhas que pode e vai trazendo. Felizmente.
      Um abracinho, Bea, e boa semana. Espero que a chuva já lhe tenha chegado.

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    2. finalmente parece que a chuva está a ensopar a terra. Daqui a uns tempos está o Alentejo loucamente a verdejar:).

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  5. Bom dia
    Este texto fez-me lembrar alguém que dizia assim:
    A vida é feita de pequenos nadas.

    JR

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    1. Ao ler as suas palavras, logo me soou a cantiga de Sérgio Godinho.
      Um bom dia de primavera para si.

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  6. Obrigada, Cidália. Um excelente dia também.
    Um beijinho

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  7. Olhe Maria Dolores, este seu post está um MUST que não passou despercebido à nossa exigente Bea, lá no seu blog, e, portanto, não preciso acrescentar mais nada, porque está tudo dito.

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  8. Obrigada. Sim, a Bea é uma excelente interlocutora, mas deixe-me dizer-lhe que o Joaquim explica muito bem os seus pontos de vista, o que também aprecio e lhe agradeço muito.
    Porém, os meus posts são a maior parte das vezes de produção rápida, embora me deem muito prazer, assim como ter feed back.
    Um bom fim de tarde e, já agora, que Portugal ganhe!

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