terça-feira, 11 de maio de 2021

'Não deites fora as cartas de amor'


'Elas não te abandonarão. 
Passará o tempo, apagar-se-á o desejo
 - essa flecha de sombra - 
e os rostos sensuais, inteligentes, belíssimos 
ocultar-se-ão em ti, no fundo do espelho. 
Cairão os anos. Cansar-te-ão os livros. 
Decairás ainda mais 
e perderás até a poesia. 
O ruído frio da cidade nos vidros
 acabará por ser a tua única música, 
e as cartas de amor que tiveres guardado
 serão a tua última literatura'. 



  Joan Margarit (1938/2021) - Espanha
 
 


No sábado passado, no programa 'Fala com ela', pelas 13 h, 

na antena 1, com Inês Maria Menezes,

ouvi este poema de que gostei muito e que quero partilhar. 

O programa é muito bom e é muito bom ouvir pessoas com tantas coisas boas para dizer.

É como se escrevessem uma carta de amor. À vida.



8 comentários:

  1. Escrevi (muitas) e recebi (algumas mas menos) cartas de amor. Confesso que não tenho nenhuma guardada. Tenho pena mas com o tempo, mudança de casa, extraviaram-se.
    Hoje já não existem (ou são muito raras) as cartas de amor. É mais videos-chamadas, SMS, e congéneres. Gostei muito do poema. Intenso e profundo.
    .
    Cumprimentos poéticos
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    Pensamentos e Devaneios Poéticos
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    Respostas
    1. Pois, é o que costuma a acontecer. Também comigo.
      Às vezes, penso nelas e talvez gostasse de as ver. Não de as reler, acho eu, porque pertenceram a um tempo e por lá ficaram, dando, naturalmente, lugar a outras coisas.
      Abraço e bom fim de tarde.

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  2. Um poema simplesmente belo! Obrigada pela partilha! :) 🌹
    -
    Perdida num sonho entre a multidão...
    -
    Beijos e uma excelente tarde.

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  3. Também gostei muito. Quando o ouvi, fui logo procurá-lo na net.
    Feliz fim de tarde, Cidália. Beijinho.

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  4. Gosto da voz de Inês Meneses e das palavras que escreve para depois dizer. Julgo ser escrita de refinado paladar. Em geral, os programas são bons, deixa falar e convida gente com pontos de vista.
    Quanto às tão poucas cartas de amor, devia tê-las guardado. Mas não as tenho. Mas guardei as dos amigos e alguns escreveram bastante. Lê-las muita vez, lembravam que, houve um tempo em que alguém pensou em mim com amor. É bonito isto. Mas há alguma coisa que me deixaram, não me abandona o terem existido.
    Boa noite

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  5. Essas, Bea, se calhar são as mais perenes.
    Tenho uma pessoa na família que guarda as cartas que o marido, então namorado, lhe escrevia, já lá vão uns cinquenta anos. Estão atadas com uma fita de veludo desse tempo!
    Também guardo postais e mensagens de alguns alunos, colegas e amigos. Estão numa caixa simples, mas valiosa para mim.
    Uma tarde com bons e felizes momentos, Bea.

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  6. Sou um bocadinho como essa pessoa de família, guardei as cartas de namoro. Até já as reli, mas não são apelativas. Estão junto às minhas. O que me surpreendeu na leitura das minhas foi ter pensado sempre o mesmo em relação a certos estados de alma e situações. A diferença está na data. Não me pareceu bom indício. Um dia ainda as coloco numa caixa.
    Mesmo hoje guardo as poucas cartas que as amigas me escrevem e sou uma chata a pedir-lhes dedicatórias nos livros que me oferecem. Gosto de abrir o livro e lhes olhar a escrita.
    Boa tarde, Maria.

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  7. Isso é bom sinal, é porque há coerência.
    Também gosto de ter as dedicatórias, às vezes bem mais do que as dos escritores que perguntam o nome e repetem o que já escreveram antes e vão escrever a seguir.
    Que a tarde, Bea, esteja a escrever-se bem.

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