Acabei de ler o Manual para Mulheres de Limpeza de Lucia Berlin. Li toda a coletânea de contos sempre com a mesma vontade. São mais de quinhentas páginas que nos fazem segurar o livro durante todo o tempo possível porque tudo é contado com muita vivacidade e de uma maneira verosímil - a autora diz que não é preciso que a história seja verdadeira, tem é de ser verosímil, venha ela donde vier.
O final das histórias é sempre inesperado e sugestivo, o que dá logo vontade de ler o conto seguinte.
Problemas como a droga, a doença, o alcoolismo, o fracasso familiar, a miséria são apresentados de uma forma realista mas não deprimente. Estão lá e as pessoas que os corporizam riem, choram, falam, pedem ajuda, calam-se, gritam...
Mas o amor, os encontros felizes, a reconciliação, os afetos estão presentes e pressentem-se os abraços e as conversas e os silêncios...
A infância e a juventude são igualmente recorrentes, como são as relações sobretudo mães-filhos.
O fascínio pela natureza também lá está, tanto pela observação do momento (as montanhas, as flores, as árvores, as aves, o céu estrelado) como imagens da memória.
Também gostei do facto de haver várias histórias em que a leitura e a escrita são referidas, como o conto que aborda um curso de escrita criativa numa prisão.
Ao longo das narrativas, tantas vezes tecidas com bom humor, existem personagens de quem é dito que "gostam das pessoas".
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