O dia estava mesmo frio. Uma boa altura para ir ao Camden Arts Center, perto do centro de Londres. Um pequeno museu. Sossegado. Pessoas
simpáticas na receção. Átrio com exposição de livros e postais bonitos.
Não turísticos. Um café luminoso com vista para o jardim. Sandwiches e
saladas. E sopa do dia. A galeria é no andar de cima.
Visitantes
da galeria apenas um: a visitante. Não fazia mal. Não precisava de se pôr
em bicos de pés para ver as obras. Estava tudo ao alcance do seu olhar.
Havia
duas exposições: uma ocupava uma sala e era de Christian Nyampeta (Words after World), um jovem artista nascido em 1981; e
outra de Nathalie Du Pasquier (Other rooms), menos jovem, nascida em 1957, que ocupa duas salas e
dá capa ao catálogo.
A visitante percorreu as três salas com
vagar e alguma atenção. Fixou-se mais na exposição maior: pelas cores
exuberantes, pelo desenho, pelo geometria. Pelos volumes.
Leu referências sobre os
autores dos trabalhos. Desceu até ao átrio. Havia escadas. Usava menos o
elevador. Num écran, os autores falavam dos seus trabalhos e do local
onde estavam expostos.
A visitante parou a ver e a ouvir.
Nathalie Du Pasquier, com um sorriso de alegre encantamento,
falava do seu trabalho.
Havia legendas. Muito bem. Assim a visitante compreendia
melhor. A designer e pintora foi dizendo que era feliz todos os dias
ao realizar o seu trabalho. E estas palavras tão simples e ditas com verdade da expressão cativaram a visitante. Tanto como a obra exposta.
A visitante comprou alguns postais não turísticos e saiu.
A visitante tinha ganhado o dia.
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