Querido diário,
Caí na asneira de dizer à minha mãe que me sentia um bocadinho Salvador. Ela deu uma gargalhada e começou a cantar toda irónica: "Todos nós temos Amália na voz...".
Às vezes, arrependo-me de não ficar calada. Ao menos tu, querido diário, não me gozas nem me achas inocente.
Tu, querido diário, és tipo os peixes para quem o Santo António falou e, enquanto ouviam, se mantiveram caladinhos que nem ratos, apesar de terem a cabecita levantada. Quando estudámos o Sermão nas aulas, eu não achei muita piada, porque devia estar em dias de me apetecer falar e de querer ouvir respostas e reações, mas hoje concordo perfeitamente que quem nos ouve não esteja sempre a dar palpites.
Como a minha mãe teve aquela reação, eu nem disse nada ao Gi, porque haveria chatice pela certa e ainda lhe chamava palhaço e nem me apeteceu falar muito com ele.
Sei que sou idealista e talvez egoísta, mas por que é que nunca se encontra alguém que pense como nós? Se calhar, era grande seca, mas que sabia bem, lá isso sabia.
Que pontaria, o Gi acaba de me mandar uma mensagem. Não acredito no que estou a ler: Meu bem, ouve as minhas preces...
Ajuda-me, querido diário, porque, mesmo em silêncio, és o meu salvador.
Um abracinho
Mariana
Que pontaria, o Gi acaba de me mandar uma mensagem. Não acredito no que estou a ler: Meu bem, ouve as minhas preces...
Ajuda-me, querido diário, porque, mesmo em silêncio, és o meu salvador.
Um abracinho
Mariana
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