domingo, 6 de setembro de 2015

E, finalmente, chegou o dia

Eu tinha partido para Londres havia duas semanas. O parto era esperado nos primeiros dias de agosto, mas as dores só chegaram quinze dias depois.
Dentro do ventre da mãe, o bebé era, como em todos os casos, um mistério. Como seria? Viria perfeito fisicamente? Nasceria com o cabelo escuro como a mãe nasceu? Seria parecido com quem?
Talvez tivesse adivinhado que o ano escolar tinha sido trabalhoso e deixou-me descansar algum tempo, antes de vir ao mundo. A mãe já não tinha posição para dormir, mas pré-avisos de nascimento não havia.
Os dias foram-se passando, mas o momento teria de chegar e assim foi. Já o mês se inclinava para o fim, quando as dores vieram. Começaram logo de manhã e foram evoluindo, isto é, aumentando de intensidade. Em breve, veríamos o nosso desejado bebé; a minha primeira neta.
O nascimento foi num hospital público (UCL) e fiquei a saber  que lá (e julgo que não só), a maioria dos partos se faz apenas com a presença de uma parteira; o médico só é chamado em caso de necessidade.
Ainda tenho nos ouvidos os apelos  da parteira, de voz doce, aquando das contrações da minha filha: Keep going... keep going...  again... again... well done...
Mas demorou bastantes horas até vermos o bebé a atravessar a luz do dia. 
Quando ouvimos o chorinho, vibrámos com o sinal pelo qual ansiávamos. Depois de tanta tensão, de tanta espera, o bebé chegava na sua pura e natural plenitude.  E as nossas lágrimas soltaram-se. Mas já eram de alegria.
Tantos bebés nascem, mas o "nosso" é olhado como se fosse único.
E vieram depois os sorrisinhos rápidos durante o sono, o sereno respirar fundo, o suave estremecimento também enquanto dormia...
E algum choro durante o dia e sobretudo durante a noite. Já nem me lembrava muito bem. Passei a compreender melhor a emoção de ser avó, de olhar para aquele ser tão frágil e pequenino, mas para quem se quer o melhor do mundo e que passa também a ser o melhor do mundo.
Sorriso
Olhar
Felicidade
Inspiração 
Amor

Carinho
Liberdade 
Alegria
Razão
Abnegação

2 comentários:

  1. Muitos parabéns!
    Fiquei a pensar com quem é que será parecida, se será parecida com a mãe e/ou com a avó.
    beijinhos
    Gábi
    Gábi

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  2. Obrigada, Gábi. Não, não é parecida com a avó, porque tem olhos claros e cabelo lourinho.

    beijinhos
    M.

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