No
aeroporto, em dia de muita chuva e de muito inverno, muitas famílias
despediam-se de jovens que partiam para países da Europa ou de outros
continentes, onde tinham encontrado trabalho. Muitos seguravam apenas uma
pequena mala, porque o low-cost assim o exige e a contagem dos dinheiros
também ajuda a contar uma história mais feliz.
E outras
regras tiveram de aprender a cumprir, porque muitos haviam partido sós e, mesmo
em grupo, cada um teve de se adaptar a novos hábitos e a outras solidões.
Muitos
transportavam o computador, onde armazenavam teses e artigos, no desejo sonhado
de publicação.
Havia
lágrimas em muitos rostos e pedidos de “quando chegares, dá notícias” e
conselhos: “não te esqueças de pôr as alheiras no frigorífico”, “protege-te do
frio”… Uma das mães ainda disse: “tem cuidado a atravessar a rua!”. Como se a
sua menina não tivesse trinta anos!
Do lado de
cá do vidro, todos esperavam pelo aceno repetido e atento dos que partiam,
depois do check-in, e antes da descida das escadas rolantes a caminho do
avião.
Quando os
familiares regressavam aos carros, tinham menos palavras para dizer e reparavam
mais no frio e na chuva. Mas também se lhes adivinhavam sorrisos nos rostos por
saberem que os filhos tinham sido acolhidos por outros países e valorizados por
outras gentes.
E assim se
vão redescobrindo novas terras e novos mares.
Até quando
tão desejados e sem Portugal à vista?
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