Van Gogh
à Dolores, que se atreveu à renda, mas não ao poema
Há
uma rendinha branquinha
Que
fica linda, catita
Na
saia rosa de chita
Da
minha boneca de trapos.
Foi
feita pela minha avó,
Neste
moinho velhinho,
Onde
agora eu me divido
No
passado feito pó.
Nestas
manhãs de silêncio,
Curadas
em maresia,
Recordo
as tardes alegres,
Em
que ela rendas fazia.
Não
eram só bonecas e netas
Que
se alindavam em lavor,
Mas
todas as roupas domingueiras
Para
as visitas ao Senhor!
Também
as roupas de cama,
As
peças especiais
Para
aqueles dias únicos,
Marcados
por rituais,
Tinham
seu toque de fada.
E
agora, que guardo na arca,
Encostada
à velha mó,
A
bela boneca de trapos,
Rendilho
a azul no papel
A
infância rendilhada
Pelas
mãos da minha avó!
IA, Porto, 22 de julho 2012
Nota - Obrigada, Isaura. Continua a rendilhar as palavras.
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