sexta-feira, 12 de julho de 2024

Não, vou ao baile, como tinha decidido!

  

Não fazia ideia de como seria um baile de domingo à tarde e, quando chegou, ficou estupefacta porque havia mais gente do que pensava. Assim, até era melhor. Passava despercebida, ouvia música romântica ou divertida e via gente alegre à sua volta.

De repente, aproximou-se um homem de jeans apertados nas pernas magras e arqueadas e camisa às flores, também  muito justa. O cabelo parecia molhado e penteado para trás. Num braço, uma tatuagem com um coração atravessado por uma seta e onde se podia ler Amor de mãe.

Corou e recusou gentilmente  o convite para dançar.

- Para já não, só se for daqui a bocadinho.

Ele afastou-se com o descontentamento triste da rejeição, alisando mais o cabelo com as duas mãos. 

 Muito próximo dela estava um casal que meteu conversa por ela ter recusado o convite e por estar a sorrir sem eles saberem porquê.

Ela não contou, mas a situação fez-lhe lembrar a história da carochinha que tantas vezes tinha contado aos filhos. Só não sabia que animal podia ter sido afastado. Talvez o galo, ou talvez não. Porém, se cantasse, enchendo o peito de ar, ainda saltavam os botões da camisa. Ou seria um gato vaidoso? Dos que sobem ladinos para o telhado e ficam a espreitar? O João Ratão não seria, porque desistiu logo após a recusa do convite e nem um sorriso deu.

Estava com estes pensamentos e com cara de carochinha à janela não à espera de casar mas de dançar, quando viu passar um grupo de folgazões em fila e a cantar ‘Lá vai o comboio…’ . Levantou-se depressa e, sem pensar muito, encaixou-se na fila cantante e dançante. E foi quando viu Zeferino, o primeiro grande amor da sua vida.


2 comentários:

  1. Tenho saudades de um baile 😊
    ... 👏😘... e bom fim-de-semana

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  2. E porque não, Gracinha? Conheço pessoas que vão e sentem-se bem em dançar.
    Um beijinho

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