Não gosto desta expressão. Então, estarão a perguntar: por que razão ficou no título?
E têm razão. De facto, acho esta expressão fria, justiceira e cega por parte de quem a usa e põe em prática.
Tantas vezes tantos de nós se calam porque sabem que, mais tarde, palavras ditas sobre o assunto serão atiradas de mansinho ou em desdenhosa acusação. E, muitas vezes, quem as vai buscar e as atira como pedras esquece que se abriga em telhados de vidro muito fino.
Outra coisa que me custa ouvir é: 'sou frontal, digo o que penso'. E o pior é que quem o diz muitas vezes se ofende com as palavras dos outros, sejam elas cor de rosa ou cinzentas ou de outra cor qualquer.
Sem falsidade, ingenuidade ou hipocrisia, podíamos e devíamos ser mais justos e compreensivos uns com os outros. E aqui também me incluo, é claro. Há tanta coisa (que tenho) a aprender.
Se fôssemos olhando uns para os outros como gostamos de ser olhados, dava um certo jeito e, pelo menos, o nosso mund(inh)o passava a ser melhor e mais feliz. E o mundo maior podia melhorar também.
E, se assim fosse, ao ver caras também se viam corações.
Concordo na íntegra com o teor do texto. O ser frontal é só para o que se diz aos outros e não para o que nos dizem a nós. Enfim ...Feliz fim de semana
ResponderEliminarSim, e se calhar cada um de nós já viveu situações semelhantes. Nada agradáveis, por vezes.
EliminarEnfim, felizmente, há outros momentos mais felizes.
Bom fim de semana, Ricardo
Se ao ver caras se vissem corações talvez perdêssemos interesse e mistério. Mas entendo o que diz, embora ache que o tipo de frontalidade a que se refere seja quase sempre injusta para com o outro, "ser frontal" é uma espécie de desculpa, um motivo que se sublinha para atribuir qualidade ao defeito que têm. Admiro a frontalidade respeitosa - funciona como advertência ou ajuda. há frontalidades admiráveis e que são próprias da integridade de um sujeito, que lhe aportam respeito e reconhecimento por parte de quem os reconhece. Mas esses prescindem da justificação.
ResponderEliminar"Deitar à cara" parece-me atitude de garoto de mau génio, aquilo que, na minha terra se comenta como "dizer tudo, como os malucos". Falta-lhes bom senso, a tal coisa que, sarcasticamente, Descartes dizia ser a mais bem distribuída entre os homens, dado ninguém se queixar de ter pouco ou em excesso.
Bom fim de semana, Maria Dolores.
Tem razão, Bea, os provérbios são engraçados, retratam bem algumas realidades, mas não as mostram completamente. E embora o mistério humano muitas vezes traga constrangimentos, a falta dele ainda trazia mais chatices.
ResponderEliminarTambém aprecio muito essa frontalidade que se dá muito bem com a experiência, sabedoria e coragem.
Eu fui para a frontalidade mais rasteira, a tal que 'diz tudo, como os malucos'. A esta talvez custe ainda mais responder porque é mais injusta e desarrumada.
Desconhecia a frase de Descartes, que, mais uma vez, tinha razão.
Um bom fim de semana também, Bea, com muitos momentos felizes e calmos.
Mais um excelente tema querida Maria Dolores que só agora li. Somos parecidos no sentir e isso é aconchegante ao espírito, pois sentimos que algures no mundo alguém pensa como nós.
ResponderEliminarBem... deixemo-nos de lamechices.
Meu pai costumava dizer também que numa resposta quem usava o "obviamente" estava a chamar estúpido ao outro.
E eu, não gosto de ouvir alguém dizer "ponto final", como se não admitisse mais conversa, revelando intolerância ou fastio.
Mas sabe, isto tem muito a ver com a educação, pois a minha mãe ainda um dia destes me ralhou numa atrapalhação minha: Mas que é isso? Apanhaste foi o autocarro, qual camioneta!
Um resto de tarde tranquila Maria Dolores.
Bom dia, Joaquim.
ResponderEliminarSim, nós, humanos, como canta Rui Veloso, temos 'mais coisas que nos unem do que aquilo que nos separa'. Salvo os casos horríveis daqueles - e são muitos - que querem e podem dividir o mundo para reinar.
E não digo 'obviamente', porque também não gosto muito da palavra. Às vezes é um modo de pôr o tal 'ponto final' (que também não aprecio) na conversa, deixando coisas entaladas na garganta.
A comunicação (as minhas filhas dizem que eu uso muito esta palavra) tem muito que se lhe diga e as palavras assumem sentidos para todos os gostos e pretensões. Vejam-se os políticos. Até o António Guterres - que deve pensar tanto no que diz e no que escreve - meteu-se numa grande guerra por causa de uma frase dita.
Um bom dia, Joaquim, e com boas palavras.
Teve graça o reparo da sua mãe, querendo ouvir a palavra certa.