Raramente abria os álbuns, em papel de fotografia, que, durante anos, foi organizando. Com datas, legendas e tudo.
Não o fazia porque lhe faz impressão a velocidade da passagem do tempo. E as diferenças a que ninguém escapa.
Olha, tão jovem. E magra. E bonita até. E o cabelo tão forte e lindo. E todos vivos. E alegres.
Com o digital, as fotos foram ficando no telemóvel. Ia apagando algumas, de outras gostava muito e guardava-as. No momento, olhava-as e voltava a olhá-las. Dos netos sobretudo.
Passados uns meses, já havia diferenças. Hoje eram bebés, no dia seguinte brincavam ou corriam.
Hoje as carinhas eram redondinhas, umas maçãzinhas. Pouco tempo depois, maçãzinhas adelgaçadas porque mais crescidas.
E as fotos guardadas iam-lhe aparecendo com frequência, mesmo sem as procurar.
O tempo, avassalador, não dava tréguas. Era bom ver os netos a crescer, lindos e saudáveis - uma bênção - mas assustava de tão veloz.
Não queria que o tempo parasse, mas, por magia ou fosse lá pelo que fosse, gostava que abrandasse de vez em quando, que sossegasse.
Sabia que exagerava na sua pretensão de querer parar o tempo por um tempo, o que não reduzia, porém, essa vontade.
Sobretudo quando lhe apareciam fotos com tantas diferenças, apesar de o tempo entre elas ser escasso.
Sabia que quase nada dominava e, em absoluto, o tempo, tal como toda a gente.
Mas, mesmo assim, era uma avó que gostava, de vez em quando, de parar o tempo. O seu, esse, podia continuar assim.
Quando meus pais morreram rasguei todas as fotos em papel e fotografei as mais bonitas! Meu pai adorava fotografar! Herdei esse gosto! 😘
ResponderEliminarOlá, Gracinha.
EliminarSabe que às vezes tenho a tentação de rasgar algumas. Depois, 'conto até dez' e ficam no álbum.
No telemóvel, é mais fácil apagar.
Então, herdou esse talento do seu pai! No seu blogue - Os olhares da Gracinha - respira-se esse gosto. Esse bom gosto.
Um beijinho
É a marcha inexorável do tempo Maria Dolores.
ResponderEliminarAntigamente ainda víamos umas fotos, ora em album, ora avulsas, das tais com legenda e data. Hoje ficam no telemóvel e são as fotos que ninguém vê.
Não sei se a avó seria a sua mãe, caso, trata-se de mais uma homenagem.
Um abraço.
Pois é, Joaquim, uma marcha que todos nós seguimos - mesmo a dormir.
ResponderEliminarNão, a tal avó não é a minha mãe, sou eu.
Nunca falei com a minha mãe sobre o desejo um pouco louco de parar o tempo. Mas fez-me pensar se ela também não gostaria, tal era a vontade dela de falar, por exemplo, da sua juventude, sobretudo nos últimos tempos de vida.
Mas, como era muito inteligente, sabia porém que o tempo nunca olha para trás.
Que a tarde esteja a ser boa e amiga. Já se notam por aí muitos jovens vindos para a JMJ?
Há assuntos em que sou pragmática. É o caso. A vida é uma viagem na duração do tempo (esse que existe e nenhum relógio conta). Parar o tempo é como pedir a um comboio que corre sem paragens que não mude a paisagem nas janelas. É impossível.
ResponderEliminarGosto bastante de ver fotos antigas. Há tanto que ver numa foto. E tenho imensa pena que tenhamos prescindido delas fisicamente. Por vezes não resisto e mando fazer algumas.
Concordo com a Bea: nada se compara com ter uma foto na mão e olhar tudo com calma. Acho um crime rasgar fotos, ainda mais se forem antigas...mas claro, cada um tem a sua opinião. Alguns dos melhores serões/encontros de família incluem visitas aos álbuns de fotografias e são sempre momentos divertidos, reconfortantes, alegres, nostálgicos, felizes...
ResponderEliminarAdoro os meus álbuns, que alguns sobrinhos querem "herdar". Tenho andado desleixada a revelar fotos, mas de vez em quando vou ao fotógrafo. De momento, tenho uma selecção enorme para ir revelar. As fotografias são lindas memórias.
Beijinhos
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