A vencedora do recente festival da canção, Mimicat (raio de nome!), lembrou, em entrevistas
que deu, as pessoas que cantam e que têm muita dificuldade em divulgar os
seus trabalhos.
Achei bem ter referido isso e logo levei para o lado de quem gosta de escrever.
De muitas pessoas que, tal como eu, vão escrevendo algumas coisas com amor, com respeito pela língua portuguesa, mas que muito poucos conhecem. Aqueles, porém, continuam a fazê-lo porque sentem necessidade de escrever, com o sentimento de reduzir diferentes formas de caos, acreditando que assim podem embelezar a vida, a sua e a de outros, apesar da imensidão de páginas já escritas por tantos e tantos autores.
O lucro
que tive com os poucos livros que escrevi e publiquei, também como muitos certamente, não passou da alegria de ver e partilhar um objeto bonito
e honesto, escrito com persistência e paciência, valorizado por quem o
ilustrou, pensando carinhosamente nos eventuais leitores.
O trabalho da escrita poderá ser, contudo, uma pequena pegada deixada na terra. Ou será uma forma mais recolhida de procurar vencer?
Ao que oiço, dito por escritores e sobre o mundo da escrita, parece ser demasiado competitivo para se dizer "uma forma mais recolhida de procurar vencer". Contudo, admito que seja como diz para aqueles que não chegam a ganhar a celebrada fama, mas escrevem na mesma e editam, tanta vez a expensas próprias. Penso que um livro é, mal comparado, uma espécie de filho, algo que, durante a escrita se alimenta de nós, é sangue do nosso sangue. E que, como os filhos, uma vez cá fora, podem envergonhar-nos ou fazer-nos orgulhosos deles. E entendo o que sente a Maria Dolores acerca do respeito por quem lê e quem ilustra e mais alguém que, hipoteticamente, colabore.
ResponderEliminarJulgo que a escrita faz parte de algumas pessoas, está-lhes no ADN, não há nada a fazer senão escrever. Até por lhes aplanar a vida. Enquanto se escreve, só se escreve, tudo o mais se apaga. Será jogo a que alguns gostam de jogar e que é alheio à publicação. Mas que sei eu disso. Aqui, a Maria Dolores é a voz da experiência.
Boa tarde:)
Querida Bea, em primeiro lugar, peço desculpa pelo atraso nas respostas.
ResponderEliminarPara mim, o recolhimento está ligado à escrita, por pequeno que seja o texto que se produz. Quando estou a falar com alguém, não consigo escrever.
A ideia de um livro poder ser motivo de orgulho ou de vergonha também me faz pensar, porque deve ser horrível o arrependimento por coisas que ficaram escritas, a não ser que o objetivo fosse só ganhar dinheiro, o que também deve acontecer. E, se calhar, se tal acontece, nem param para pensar.
No meu caso, os poucos livros que já escrevi não me trouxeram lucro, pelo contrário, como poderá imaginar, porque são pequenas editoras e, se se é um ilustre desconhecido, então as vendas ainda são menores, para além de família e amigo e amigos dos amigos.
Sem ler e sem escrever, acho que a minha vida seria bem mais incompleta. Dou até graças por poder fazê-lo e 'aplana-me' muito a vida. Sem dúvida nenhuma. Imagino que o mesmo se passe consigo. E escrever como a Bea escreve é talento com certeza mas também muita prática.
Não, Bea, não sou a voz de nada.
Desejo-lhe uma tarde boa de domingo.