Pela fresca, em manhã bastante fresca
Saí de casa cedo. Parte do meu domingo seria passado na 'minha' cidade com mar ao fundo. Antes das nove, a TSF passa o compacto de 'Postal do dia' de Luís Osório. Ouvi tudo com agrado. Estava sol e eu conduzia devagar. Não tão devagar, acho eu, que irritasse outros condutores. Àquela hora, também os havia poucos.
Lá chegada, vi que no espaço da feira semanal, havia uma feira de velharias. Devia ter peças engraçadas. Noutro tempo, não resistiria e compraria alguma coisa. Hoje, andei sempre, embora não deixasse de olhar.
A bela adormecida
Ainda tenho nos olhos a foto com o palco mágico de A Bela Adormecida, espetáculo aonde a Clarinha foi com os pais.
Com o belo bailado diante dos seus olhos e a música a envolvê-la, a menina ouvia, escutava, via, olhava...
O primeiro ato foi visto com olhos e ouvidos atentos do princípio ao fim; a meio do segundo, já encostava a cabecinha à mãe; no terceiro, aconchegou-se ao colo do pai. Daí a nada, adormeceu. Era uma verdadeira bela adormecida.
Vamos indo e vamos lendo
Apesar das suas mais de quinhentas páginas, já li o thriller quase todo Cem Anos de Perdão de João Tordo.
Como não tive tempo de ler tudo antes da sessão, aproveitei
uma longa sesta do meu neto e li bastantes páginas finais do livro. Nada de que
Daniel Pennac não tenha previsto nos seus Direitos do Leitor. Estava ainda mais disponível para a sessão que seria daí a horas.
Embora não goste de sair à noite, era bom pensar que iria ao encontro dos 'Encontros com Escritores'. Telefonei a uma amiga e lá fomos, contentes e felizes, à hora marcada. Porém, à hora marcada, a Biblioteca estava ... fechada.
Ontem, liguei para a Biblioteca porque nada via no site. Sim, haverá a sessão, mas noutra altura. Será anunciada atempadamente. Sim, foi dito na sessão anterior, mas nada foi escrito posteriormente, como pode confirmar. Que pena terem vindo ao engano. As nossas desculpas.
Tal como havia registado a data, também registei: mais vale não acreditar logo na palavra dita e esperar pela palavra escrita. Enquanto isso, vamos indo e vamos lendo.
'O sol é histérico', disse ele
Se esta sessão (ainda) não se realizou, o encontro com Valter Hugo Mãe, no final de janeiro, teve lugar e foi muito bom. A sala estava cheia e havia gente jovem, o que nem sempre acontece nestas coisas.
A sessão começou, como habitualmente, com uma abordagem breve de algumas obras e temas trabalhados pelo autor, seguindo-se um diálogo mais específico sobre o livro escolhido, neste caso, Contra Mim, um livro quase todo escrito durante a pandemia e que resultou de crónicas/episódios dessa altura e que o autor viria a unir e a articular. Valeu-lhe até o prémio da novela e romance da APE. A uma pergunta se o livro era uma romance, respondeu com graça e espontaneidade em modo irónico: se ganhou o prémio do romance é porque era.
Uma coisa foi pelo autor confirmada: é autobiográfico e foi repetindo situações pessoais e familiares vividas e contadas no livro. Se morresse, disse ele, na pandemia, durante a qual 'parecia não haver futuro', o passado tinha valido a pena, tal como o arrumara no livro.
Quanto ao trabalho de escrita, disse realizá-lo virado para a parede e de janelas fechadas para não entrar luz exterior. E, apesar de viver perto do mar, em Caxinas, Vila do Conde, prefere as nuvens ao sol. E mais uma frase surpreendente se lhe ouviu: 'o sol é histérico'.
Sobre a utilidade da escrita, disse que escrever é um modo de dizer que gosta de ser útil e de continuar a ponderar o mundo melhor.
E esta ideia não é nada histérica. Como esperei deste domingo
bom e de sol com um belo mar ao fundo.
Gostava de ler o thriller de João tordo. Gostei de ler o compacto.
ResponderEliminarCumprimentos poéticos
Apesar de ser longo o livro, lê-se bem e a linguagem enquadra-se bem em ambiente policial mas humano.
EliminarUma terça-feira poética.
Gostei desta crónica do seu domingo. Ainda não consegui ler nenhuma obra do João Tordo. Ultimamente leio cada vez menos por causa dos olhos. Do Valter Hugo Mãe, li "A Máquina de Fazer Espanhóis".
ResponderEliminarAbraço, saúde e uma boa semana
Tenho pena, Elvira, que os seus olhos não a ajudem como desejava e como bem merecia.
EliminarDe vez em quando, pode recorrer ao audiolivro, embora deva haver pouca variedade no mercado. E, claro, a nós que gostamos de livros, faz-nos falta o seu volume.
Este é o terceiro livro que leio do João Tordo, mas, como estou a gostar, queria ler outros. Tive muita pena que não viesse à Biblioteca de Gondomar, como estava previsto.
Do Valter Hugo Mãe já li mais e aprecio muito a sua linguagem poética.
Uma semana feliz, com muita saúde.
Gostei muito de ler o Contra mim que, na minha opinião é um livro autobiográfico e ponto. que poderia ser escrito em pandemia ou fora dela. Escrito com a mestria de valter hugo mãe. Li vários livros de João Tordo, mas não esse. Mas já o vi em casa do filho. Por qualquer razão ando agora alheia a João Tordo. E não julgo o sol histérico, mas admito que possa sê-lo para outra gente e até para vhm. Parece-me incrível a falta de respeito com a plateia. Mas verifiquei ontem que me marcaram uma consulta - há mais de 6 meses - para dia de carnaval. Até hoje ninguém me avisou que ela não vai existir. A vida é também isto.
ResponderEliminarTambém gostei muito, assim como gostei de o ouvir falar da sua infância, da família, do que gostava de passar o tempo livre, etc.
ResponderEliminarA propósito do gosto que tinha pelas palavras e por colecioná-las, perguntaram-lhe se não era mais normal colecionar cromos. A resposta surgiu de imediato, fazendo rir a plateia: eu era um cromo!
Também não gosto quando as coisas se marcam e depois se ache que tudo caiu em saco roto.
Temos de melhorar em tanta coisa.
Uma tarde boa, Bea, e com coisas boas e bonitas.