Cada vez gosto mais de ouvir podcasts. Podem-se ouvir quando e onde quisermos e pudermos. Ajudam, na minha opinião, pelo menos os que gosto de ouvir, a conhecer diferentes visões do mundo, com tempo para dizer e explicar.
Numa manhã de um dia destes, deliciei-me a ouvir dois episódios de ‘A beleza das pequenas coisas’, podcast de Bernardo Mendonça. Sentada no sofá, a fazer crochet, ouvi as duas longas entrevistas com duas mulheres tão diferentes mas com vidas de uma imensidão de coisas para partilhar.
Gostei particularmente da entrevista a Lídia Jorge pela serenidade profunda que põe nas suas palavras, a propósito dos livros que escreve, do que se passa à sua volta, etc, expondo-se, embora com contenção.
Fiquei com vontade de ler o livro que escreveu a pedido da mãe, já próxima da morte: Misericórdia. A escritora disse ter tido essencialmente a preocupação de lhe dar voz, um modo também de escutar quem é idoso e está num lar.
O episódio seguinte foi com Maria Filomena Mônica, que falou da sua vida e da sua obra num grau de maior de exposição. O pano de fundo foram quase sempre os livros e a vida pessoal e familiar que está por trás de vários: Bilhete de identidade, Duas mulheres, etc
A investigadora padece de cancro há vários anos e faz sessões de quimioterapia, que às vezes são longas. E foi bonito o elogio que fez ao marido, António Barreto, que sempre fez questão de a acompanhar.
Ora, a propósito destas sessões, disse que muitas mulheres, no hospital, só falam de doenças e referiu o privilégio que é gostar de ler e de escrever. Partilho deste sentimento. A vida teria bem menos beleza sem a leitura e sem a escrita. Mesmo destas pequenas coisas.
Texto que muito gostei de ler. Elogio os seus gostos.
ResponderEliminarCumprimentos poéticos
Obrigada, Ricardo, julgo que são comuns como pessoa comum que sou.
EliminarObrigada por me bater à porta tantas vezes, ainda que eu, mal agradecida, agora fazer poucas visitas aos bloggers amigos.
Cumprimentos amigos e, quando possível, um bocadinho poéticos.
Subscrevo: a vida tem menos beleza sem a leitura e sem a escrita. Mas, quem fala só de doenças, raro tem hábitos de leitura. A vida não proporciona o mesmo a todos e entendo cada vez melhor que exista quem não lê, o que não significa que não se deva tentar mudar a tendência. E a escrita ainda é mais selectiva, nem todos se ajeitam ou tiram dela prazer (a maioria dos viventes, digo eu). A Leitura pode ainda ganhar muita gente, o saco nõ chega a meio, é bem que se desconhece; contudo, a ferramenta existe, quase todos sabem ler. Mas a escrita pode apenas conquistar alguns, os que sempre gostaram de escrever e a vida levou por outros caminhos. Que muitos são os caminhos e é necessário que assim seja. Lê-se em qualquer lugar, mas não acontece com a escrita. São dois mundos próximos, a escrita vive da leitura. Que eu saiba, não há escribas que não sejam leitores, mas há um mundo de leitores que só escreve o necessário.
ResponderEliminarTambém oiço alguns podcasts sempre que posso. Fazem de companhia. E aprendo algumas coisas que esqueço de seguida. O que significa que distraio e dou duplo trabalho à mente: tomo atenção e esqueço:). Gosto das duas escritoras que refere, como profissionais e como mulheres; li um pouco de ambas. Sem paixão por nenhuma.
Boa tarde, Maria.
Reli o seu comentário, como faço muitas vezes, porque são sempre sábias as suas palavras. Sem a preocupação de o ser, o que ainda é melhor.
EliminarPeço-lhe muita desculpa de não ter respondido ultimamente. Não vale a pena dizer que é por falta disto ou por falta daquilo. A Bea compreende com certeza, mas, mesmo assim, peço-lhe desculpa, porque a forma como sempre o faz não merece o silêncio, embora este seja apenas aparente.
Conheço casas sem nenhum livro e casas com muitos livros. Ter muitos livros em casa nem sempre significa que se leia muito e, se tal acontece, sim, ainda menos se escreve.
Também subscrevo que, emmuitos casos, ' a leitura é bem que se desconhece' e ainda mais na era do telemóvel na mão em todo o tempo e lugar.
Salvo raras exceções, quem gosta de ler já contactou de perto com gente que lê. Talvez se passe o mesmo com a escrita e com o caminho redentor que ela possa trazer, embora por trás haja sempre leituras.
Será que as coisas irão mudar? Às vezes há surpresas. Só que, às vezes, são boas, ou assim-assim, ou más.
Quanto aos podcasts, às vezes ficam-me algumas coisas de que me lembro nalguns momentos, o que me agrada e ajuda.
Um abracinho, Bea
Influenciado pela Maria Dolores e como tinha um "tempinho", palavra açucarada tão ao gosto do povo irmão, ouvi um dos podcasts, tendo a escolha recaído no da insurreta Maria Filomena Mónica.
ResponderEliminarGostei do que ouvi e ainda gostei mais do entrevistador, tendo ficado com a sensação de que com um entrevistador assim é meio caminho para o sucesso da entrevista. E pronto, isto foi o aspeto formal, porque sobre o conteúdo já falou (e bem) a Bea.
Um bom domingo Maria Dolores.
PS: constato, com pena, que deixou de responder aos comentários. O tempo não dá para tudo, não é?
Tem razão, Joaquim, e eu já tinha pensado nisso. Pode até parecer ingratidão e peço desculpa.
EliminarGostei do que disse e achei piada ter chamado 'insurreta' a M.F.M. Ela realmente fala com um desassombro que até me espanta. Deve ser o caso de 'poder dizer tudo, porque já não tem nada a perder'. Louvo-lhe a coragem.
Também tenho gostado muito do entrevistador do podcast 'A beleza das pequenas coisas' (Bernardo Mendonça) porque é atento, delicado, culto, conduzindo a conversa dando tempo ao entrevistado e valorizando-o.
Como vê, foi bom o reparo que me fez, porque gostei de 'falar' um bocadinho consigo.
A tarde ainda vai no início, o meu neto dorme a sestinha, pressuponho que o céu está cinzento e vou continuar. É que os comentários/desafios também iluminam as horas.
Uma tarde luminosa para si e obrigada.
Fiquei curiosa sobre os podcasts e já tinha também pensado que queria ler o livro Misericórdia
ResponderEliminarum beijinho e uma boa semana
Olá, Gábi, és sempre muito bem-vinda.
EliminarAcho que os podcasts são bons para quem gosta de ouvir sobretudo diálogos com pessoas que têm coisas interessantes para dizer.
Ainda não sei como ouvi-los no carro, mas quero aprender.
Participaste este ano nos Lugares e Palavras do Natal? Espero que sim, porque gosto sempre de ler o teu conto.
Um beijinho
Gostei de ler. Sou tão ignorante que nem sei o que é um podcasts.
ResponderEliminarAbraço, saúde e uma boa semana
Se fosse ignorante, Elvira, não conseguia produzir como produz. Só que é impossível saber tudo. Eu gostava de saber bem mais, mas colhe-se o que se pode, nesta imensidão de saberes.
ResponderEliminarPara mim, um podcast é um programa ou uma rubrica que, periodicamente, vai produzindo um episódio que podemos ouvir no telemóvel, no computador, etc. Basta instalar (ou pedir a alguém para instalar) a aplicação. Há podcasts muito bons e podemos ouvi-los à hora ou ao ritmo que quisermos. Sem as publicidades que nos gritam aos ouvidos em tantos programas de rádio e televisão.
Aceita uma sugestão? Oiça o Martim Sousa Tavares no 'Encontro com a beleza'.
O moço é calmo, simpático, sensível, culto, etc e fala de coisas boas e bonitas, a partir, muitas vezes da música.
Um beijinho e muita saúde